Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Chávena de Ar

Chávena de Ar


Meio de semana
É uma porcelana
À mesa, e a enfeitar
E a se assimilar.

Manda, soberana,
Ainda assim humana,
Todo um caminhar
A se completar.

Há uma ideia que emana
De calma mediana,
De algo a compensar;
É chávena de ar.




terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O Cavalo e o Burro / Miniconto


O Cavalo e o Burro / Miniconto

     Houve um tempo em que a mercearia era uma caleça. A caleça era uma espécie de carroça tendo à frente um assento de encosto móvel, geralmente de dois lugares e atrás uma capota conversível.
     Essa espécie de carroça era guiada por um condutor e a seu lado estava o vendedor, parava de porta em porta, num tempo onde as casas eram afastadas umas das outras e a cidade era um vilarejo.
     Ao ouvir as palmas no portão, a dona da casa se dirigia ao portão e o vendedor pulava da carroça para abrir essa espécie de capota conversível.
     Por dentro via-se o fundo de madeira arrumado com toalhas brancas, o que indicava o capricho da mercearia. Os produtos próprios de eram dispostos em prateleiras e os hortifrutigranjeiros em caixas especiais e, além disso estavam cobertos os pães sempre frescos e crocantes.
     Enquanto a dona de casa verificava os produtos a serem comprados, os cavalos tinham o descanso, a água e algum alimento para continuarem a jornada.
     As crianças corriam para ver os cavalos e uma e outra criança gostava de servir algum capim aos cavalos como se fosse um lazer.
     Dessa maneira seguia a vida da mercearia ambulante.
     Um dia a carroça chega sem cavalos, mas com burros.
     Como de costume, a cena se repetia e uma criança admirou-se a ver burros e correu com um ramo de capim para alimentar os burros.
     O guia da carroça desceu apressadamente e disse: Não!
     A dona da casa, incomodada, disse à criança que não incomodasse mais os animais na frente do responsável, para mostrar que sabia educar a criançada.
     O vendedor se assustou, como se o guia estivesse atrapalhando as vendas, olhando para ele com surpresa.
     Vendedor, dona de casa e criança pararam na frente da carroça, próximos aos burros, esperando por uma explicação, sendo que cada um deles tinha indagado uma questão diferente.
     O guia dos animais amarrou os burros e pediu para que todos se afastassem dos animais.
     _Um cavalo ficou doente e eu estou guiando com muita dificuldade a carroça, pois os burros não estão acostumados à jornada na cidade. Eu mesmo não me arrisco muito com eles.
     Os três ficaram sérios com a resposta, e a dona de casa terminou as compras, a criança entrou em casa e o vendedor seguiu sem dizer nada.
     Passada a semana, a carroça-mercearia chega novamente, a dona de casa vai até à carroça novamente, e a criança sai de casa sob a condição de não alimentar os animais.
     O primeiro homem a descer da carroça, dessa vez foi o guia, e saiu logo contando o que tinha acontecido:
     _Eu não falei que era perigoso? Tive que pagar um atendimento de emergência no bairro aí da frente,e  nem quero dizer mais nada. Agora, diferentemente, hoje, que os cavalos estão bem e puxando a carroça, a criança pode trazer o maço de capim que não tem problema nenhum.
     A dona da casa hesitou, mas o guia colocou um maço de capim nas mãos da criança e disse para ela que poderia alimentar os bichos sem medo.
     A dona da casa observou a criança alimentar os cavalos e, depois fez as compras.
             

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Humana Semelhança

Humana Semelhança


Mantém-se o bem estar
Pela perseverança
Que é toda essa confiança
Que só Deus pode dar,

Não há quem não possa errar;
Graça se dá à esperança
Da humana semelhança
De aprender e ensinar

E ter onde se apoiar.
Pela fé de uma criança
Vê-se  um Cristo que a alcança;
Nela está a se espelhar.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Teoria e Prática

Teoria e Prática


Essa pequena alegria
Retorna agora ao dia a dia,
Com outro significado,
Porque não é mais tangenciado

Pela paciência sadia,
A espera da vã utopia
Que a perfeição é o adequado,
E que o tempo é ilimitado

Para alcançar a teoria.
   Hoje, o instante que fugia,
Trouxe o dia mais que esperado
E disse muito obrigado.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Refinamento

Refinamento


Oportunidade rara
É perceber o momento
De dizer, sem jogar nada
Fora e sem sofrimento,

Porque a verdade repara
O que antes era lamento,
Esclarece o que antepara,
E todo o quebrantamento

A um tempo se desmascara,
Deixando à alma um preenchimento
De aconchego repousada
De mui puro refinamento.



sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Convite


Convite

A verdade convida,
Ao ser da luz, a amiga,
A todo um aquiescer,
E, às vezes, comover.

Parece decidida
A jamais ser ambígua,
E brilha por querer
Estando a se mover,

 Porque ela se valida
Em todo o ser que a abriga,
Quando o dia é enaltecer
  A boa ação a se viver.


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Autoestima

Autoestima


Por vontade, dengo ou vaidade,
O cansaço é deixado ao lado,
  Cochilado em hora metade,
Porém, nunca negligenciado.


Ele é amigo da amenidade
E precisa ser ausentado;
Atitude da afinidade,
Que é presente ao seu presenteado.


A hora contínua é vaidade,
Esse dengo é infantilizado,
Todo sono vence a vontade;
É melhor que seja abençoado.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Clave


Clave

Se não sei,
Quem o sabe;
Não parei.

Se vou, andei,
E me vale
E estarei

Numa clave;

A que farei.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Brisa de Verão

Brisa de Verão

Ainda é verão,
Bom, venturoso,
Nessa feição;
Ainda amistoso,

Numa acepção,
Ainda vaidoso
Nessa emulsão,
E cuidadoso

Numa expressão
De vento, cioso
Que é da emoção;
Morno e precioso.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Hora Musical

Hora Musical


Essa sensação das horas
Que correm e não ultrapassam
Ao relógio das nove horas,
E as melodias se entrelaçam

Em composições mimosas
Que ressoam sem que se façam
De rogadas, atenciosas
Em detalhes que as engraçam,

São essas cantigas de rodas
Lúdicas fitas que laçam,
Porque estão além dessas modas
Das horas que hoje me abraçam.   

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Não é Que / Minicrônica

Não é Que / Minicrônica

     Entre um café e um pão de queijo, os policiais orientam:
     _Em caso de violência, eu oriento a ir até a delegacia, prestar queixa, para depois ser encaminhada a vítima para o exame de corpo de delito e daí em diante é por nossa conta.
     Uma breve palestra ótima.
     No dia seguinte, perguntam se estou sabendo do que estava acontecendo. Não, não estava.
     No entanto, a julgar pela palestra no café, algo não estava indo bem.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

O Que Quase Ninguém Acredita / Reflexão


O Que Quase Ninguém Acredita / Reflexão

     Quase ninguém acredita que é possível viver bem nessa fase de transição que nos leva a ser sexagenárias.
     Para passar essa fase da maturidade é preciso acreditar que é possível viver bem, mesmo sem comer carne vermelha e ter que cuidar do colesterol. O primeiro passo é manter a consciência leve e evitar os embutidos, etc.
     Também é possível aceitar as rugas, e isso é uma questão pessoal. Quem quiser, que faça a sua plástica, o seu botox e outras facilidades, que são alcançáveis a preços módicos. Uma conhecida fez plástica, pagou com cartão de crédito e está muito satisfeita.. Outra ficou realmente muito bonita e não suportava se olhar no espelho.
     O problema está em como a pessoa se sente em relação a si mesma, pois se a pessoa se sente bem do jeito que está e já tem maturidade para saber de si, para que mudar? Mas, se a pessoa sente que pode se sentir melhor com algumas modificações, por que não fazer.
     A harmonia entre o pensamento e a atitude é fundamental para fazer com que qualquer pessoa se sinta melhor consigo mesma.
     Daquilo que não se escolhe, adapta-se. Digo porque eu não sou contra um bife mal-passado com fritas, muito ao contrário. Fui especialista na arte dos rosbifes e, até posso fazer, mas comer, não.
     Não adianta ter medo de envelhecer. Quando eu vejo tantos sexagenários muito bem dispostos não importando algumas restrições, eu os faço de exemplo.
     A juventude cronológica já passou, a capacidade de manter a alma viva, cheia de fé, depende de cada pessoa. Uns precisam que lhes seja dado um estímulo, outros são tão enérgicos, que nem é bom aumentar-lhes a disposição.
     Cultivar a cultura é algo que pode fazer bem e dizer isso parece enfadonho. Acontece que cada um de per si tem que procurar o que lhe agrada. Tem gente que gosta de cultivar horta. São pessoas cultas e sabem muito sobre plantações orgânicas e são felizes com essa atividade.
     O meu lazer é a cultura. Como dizem por aí, eu não tenho talento para a botânica, nem para as flores e nem para os legumes.
     Ocupar a mente e o corpo com atividades úteis, isso também faz bem. Servir um pedaço de bolo pode ser melhor que comer. 
     Mal exemplificando, permita-se comer uma fatia de queijo com café. Se escrevo, falo de mim mesma. De vez em quando é tudo o que eu quero: uma fatia de queijo e uma xícara de café. Continuando a falar de mim mesma, eu mesma me dou a condescendência de me permitir uma fatia de queijo, tendo em vista a falta de carne obrigatória.
     Aliás, essa é uma atitude que faz bem a qualquer pessoa. Compartilhar com alguém que está na sua casa, uma fatia de queijo com café e falar de si e ouvir o outro contar de si.
     As experiências diferem de pessoa para pessoa e se aprende a ser feliz ouvindo e trocando ideias.
     Trocar ideias é uma atitude essencial. Ideias sinceras, sabores compartilhados sem expectativas.
     Porque muitas vezes daquilo que a gente não gosta, tem quem goste. Sobrou mais uma fatia de queijo, ah! que bom.
     
        

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Singeleza da Alma

Singeleza da Alma


A música me leva
Ao pensamento puro,
Onde a alma se embeleza,


Porque Deus se revela
Presente, e sem mesuro,
E a esperança é arandela


Da beleza singela

Do que, em pauta, murmuro.  


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Poema Restrito

Poema Restrito


Quem não é da área,
É varanda;
Ouve essa ária
Educanda.

Sabe-a vária,
Que ainda é branda,
Necessária
À ciranda.

Se precária,
É guirlanda
Culinária,
 E desanda.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

O Vendedor de Assinaturas / Crônica do Cotidiano


O Vendedor de Assinaturas / Crônica do Cotidiano

     O vendedor liga para cá no meio da tarde e pergunta:
     _A senhora quer cancelar a sua assinatura?
     Eu respondi que não.
    __Passar bem.
     Ouviu-se o desligar da ligação do outro lado da linha.
     Ora, as pessoas ligam para vender assinatura. Para cancelar, é truque.
     Algo fácil de resolver.Eu nem precisei resolver. Eu sei que é truque.
     Acabou o feriado e eu não gosto de truques.
     É tão melhor não se usar truques, mas nem isso querem ouvir.
     Se a revista é boa, não é necessário que liguem todo mês. Se eu assino a revista, é porque leio, não é mesmo?
     Se eu não assino a revista é porque deixei de ler e é o tempo ocupado em outras atividades.
     Se eu me ocupo em outras atividades, porque é que eles têm que se ocupar com essas ligações desnecessárias?
     Acontece que eu sei a resposta:telemarketing.
     O telemarketing muitas vezes influencia negativamente a compra de um produto.
     É difícil escrever esse texto sem ofender ninguém, mas é aborrecido esse tal de telemarketing.
     Ao contrário da propaganda na internet, que eu gosto. Gosto porque quando procuro um produto qualquer e não compro, a propaganda me lembra de fazer uma pesquisa de mercado e de preços pela internet e, preferivelmente, pago por meio de boleto bancário.
     Ah, mas o boleto bancário exige que você o imprima. Nem sempre.
     Com alguma criatividade, você, ou nesse caso, eu, anoto no celular o código do boleto bancário e pago com esse número de boleto, não há erros ou desperdícios. Bom, gosto é gosto.
     O fato é que até mesmo as revistas podem fazer propaganda pela internet, porque o telemarketing nem sempre vem em boa hora, mas a publicidade da internet, vem.
     Gosto de receber publicidade via email de algumas lojas. Descansa o pensamento da rotina do dia e sugere algo para o dia seguinte.
     É nesse tempo que eu venho ao blog, é que me apraz olhar as propagandas. Hoje em dia é obrigatório dar um preço ao produto anunciado e nesse tempo é que eu posso pensar se eu realmente preciso do produto, quando e onde comprar.
     A mídia impressa é boa de se ter, mas a publicidade via telefone faz com que a gente tenha vontade de não mais assinar uma revista.
     Se não é crônica, é um palpite para o leitor aproveitar a internet e visualizar os seus sonhos de consumo e verificarem se realmente precisam comprar isso ou aquilo, ou se precisam apenas, dar uma tempo para si mesmos na internet nos momentos de descanso.
     Acabou o feriado, vamos às praticidades.  

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Alentos

Alentos

Sem pé nem cabeça,
Leio os argumentos
De que não envelheça;

Antes que entristeça
Alguns sentimentos,
Que se engrandeça

E, em si permaneça,

Todos os alentos.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Carnaval e Festas Populares / Reflexão


Carnaval e Festas Populares / Reflexão


     Paro para ouvir o estilo musical que algum grupo de jovens está apreciando. É algum tipo de rock, palavra que é do meu tempo.
     Aproveito a trilha sonora sazonal para dizer que é uma manifestação cultural válida e boa para eles.
     Os jovens continuam representando o futuro e eles precisam dizer como se sentem em relação aos dias de hoje, precisam se conhecer, sair um pouco do mundo virtual e se manifestarem musicalmente, a humanidade inteira precisa os conhecer.
     Se existem pessoas que, por motivos alheios à vontade deles, não tiveram infância ou juventude, há os que aproveitam o tempo de hoje, sadiamente, esperemos, e que terão algo a dizer no futuro. Não faço a menor ideia do que seja, mas certamente terão algo para contar aos que forem jovens quando eles ficarem maduros, digamos assim, um pouco de eufemismo está contido por aqui.
     Os meus ouvidos funcionam diferente do ouvido dos demais e, se ontem me pareceu barulho, hoje já percebo certo ritmo e consigo simpatizar com a melodia e com a batida. Nenhuma música tem letra ofensiva e, consigo observar o aspecto positivo desse carnaval roqueiro, pelo menos por onde moro.
     Sei que em outros lugares, as músicas variam de acordo com a cidade em que a festa é feita.
     É motivo de alegria que os jovens interajam entre si, ao vivo, à cores, e jeito próprio. Esses jovens terão identidade e estilo próprio, desde que não caiam nas armadilhas. Sim, porque nem todo mundo tem a intenção de se divertir e, para isso, não tem idade.Pelo menos esses jovens estão enfrentando a maldade do mundo, se expondo e, têm alguma alegria.
     Essa diversão, enfim, está certa, deve ser em acordo com a idade deles e com o pensamento identificador desse grupo.
     Eu sei que muitos são contrários a esse tipo de ideia, mas esses contrários existem desde sempre.
     Havia um ditado, na minha época, feito a partir de um versículo bíblico e era recitado pela juventude:
     "Hora de plantar é hora de plantar, hora de colher é hora de colher e, hora de se divertir é hora de se divertir."
     Bom Feriado à todos. 
       
          

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Circunstância

Circunstância

A circunstância
Fixa e é imutável;
Essa constância
Considerável,

À exorbitância
Inadaptável
de uma variância
Imaginável,

Na circunstância
É imponderável,
De relevância
Imperturbável.


sábado, 10 de fevereiro de 2018

Acolhimento

Acolhimento


É acolhedor
O sentimento,
Quando o condor,
É ao firmamento,

Ave e esplendor
De um passatempo.
Esse calor
É desatento;

É protetor
De todo vento
E precursor
De todo o tempo.


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Prudência

Prudência


A alma pressupõe a leveza
Em sendo leve a consciência,
Percebendo em si a pureza
Mesmo ligada à existência.

Quando percebe a rudeza,
Busca e se encontra à prudência,
E com alguma destreza,
Liberta-se da tristeza,

Que é essa indelicadeza
Que é contrária à sua essência;
Pois toda a malvadeza,
Impede a apropriada fluência.


quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Oração

Oração

Move e comove
Toda intenção
Quando socorre
Pela emoção.

Fugiu ao controle
Essa visão,
Onde hoje chove
Em oração:

A Deus se ore
De coração
Por toda a prole
De uma nação.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Racionalismo

Racionalismo


Quem já foi personagem
Traz consigo a bagagem
De outra interpretação.
É a experimentação

D'uma nova linguagem,
A bonita estampagem
Da antiga confecção
Que está a essa coleção 

Numa jovem roupagem
Se faz percentagem
D'uma nova razão
A outra imaginação.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Nefastus / Miniconto


Nefastus / Miniconto

     Ele chega com a mesma conversa, desde os primórdios das eras:
     _Você terá o que desejar.
     As pessoas desconfiam e dizem que não fazem nada que seja errado.
     _Ao contrário, você só tem a ganhar. Em nada haverá dano, pelo menos para você.
     Nasce a dúvida se essa proposta vale ou não a pena.
     Percebendo a dúvida, Nefastus prossegue em seu convencimento:
     _Se você tiver tudo que precisa e não se prejudicar, o que mais poderá desejar? Nada que eu não te possa oferecer.
     Surge uma certa simpatia pela proposta.
     Esboçado um sorriso meio desconfiado, ele felicita o convite:
     _Você tem muita sorte. Com tanta gente no mundo eu escolhi você para realizar os caprichos e as vontades que, por vaidade ou ganância, vierem ao seu encontro.
     Ouve-se um murmúrio: _Qualquer coisa, hum.
     Aceito o convite com a promessa de Nefastus de que não haverá pecado envolvido, pois ele não gosta de entrosamento com os mandamentos divinos.
     A ideia parece tentadora.
     Nesse ponto existe a pergunta óbvia:
     _Mas, se não está descrito como pecado em lugar nenhum, o que é que eu tenho que fazer?
     Nefastus abre um sorriso de vingança:
     _Magoar, ofender, desconfiar, humilhar, causar discussão, etc. Com alguma estratégia, você até pode obter uma imagem boa. A ideia é que você faça e tome atitudes sem que acabe mal.
     Será que haverá talento para que se faça isso?
     _Eu ensino. No começo você se sentirá uma certa estranheza dentro de você, mas depois, tudo se ajeita.
     Ah, vou tentar, suspira com arrogância.
     Acordo feito, começam as ordens:
     _Está vendo aquele sujeito? Troque os objetos do bolso direito e do bolso esquerdo. Até ele se achar, você pode se divertir com o parvo.
     Obedecida a ordem, conquistas materiais.
     _Está vendo aquela mulher no salão de beleza. Arrume confusão com a cabeleireira enquanto ela corta o cabelo da mulher. Diga que você é parente dela por parte de pai. A cabeleireira ficará nervosa e não perderá a cliente. Ficará com cabelos horríveis e será confortada por todos.
     Obedecida a ordem, mais conquistas materiais.
     A autoconfiança cresce.
     Continuam as ordens e as conquistas:
     _Está vendo aquela mocinha com os pais. Contrate atores para fingir uma briga com tapas e xingamentos bem à frente deles. Estragará a saída deles.
     Parece que o negócio está virando sociedade.
     Depois de diversas façanhas, vem a ordem inesperada:
     _Saia do emprego e trabalhe para mim.
     Parece que a sociedade acabou.
     Nefastus começa a contar o que foi feito sob as suas ordens.
     Para quê isso?
     _Agora você me pertence! Não se acanhe, você tem tudo o que pede.
     Assim perde-se a alma para um outro dono, Nefastus.
     Conquistada mais essa alma, ele prossegue com mais convites.
      

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Entre Crer e Ver

Entre Crer e Ver


Entre ver para crer
E crer para louvar,
Há esse experimentar
Jesus Cristo a se doar,

Trazer candura ao ser
E assim o acompanhar,
Estando a conviver
Na alma; essência de amar;

Assim é esse mister,
Porque é pura a exaltar,
Quando está a bendizer
Sem que o veja acenar. 

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Guardiães do Tempo

Guardiães do Tempo


Fechada a caixa de Pandora,
Jogada a chave ao vulcão e ao fogo,
Surgido é o tempo de agora
A inspirar algum desafogo.

O terrível  não mais se escora
Nesse abrir-se à todos em logro,
À tristeza, e toda vã espora
Que transforma tudo em malogro

Aos curiosos da proscrita hora
Onde tudo é um maldito jogo.
Se saídos do inferno afora,
Renascido é o pão que se adora.



sábado, 3 de fevereiro de 2018

Hall de Entrada / Miniconto


Hall de Entrada / Miniconto


     Naquele edifício havia três elevadores. Um deles levava ao Céu e nele entravam todas as pessoas misericordiosas, de boa vontade e ânimo para dar graça às conversas. O segundo elevador era usado pelo Purgatório e ali entravam as pessoas com problemas, preocupações e questionamentos. O terceiro elevador levava ao Inferno e ali era comum entrarem aqueles que rejeitavam entrar nos outros dois elevadores.
     Na frente dos elevadores ficava o chamado Hall de Entrada, onde todos conversavam rapidamente enquanto esperavam o elevador.
     A particularidade desses elevadores era que eram acionados em acordo ao grau de satisfação ou insatisfação consigo mesmo e com os outros.
     Duas moças estão dentro do elevador que leva ao Purgatório, ambas com qualidade e defeitos, preocupações e vaidades e todas as imperfeições leves que o mundo, quando não fornece de nascença, acrescenta ao longo dos anos e, de repente o elevador parou num determinado andar.
     Elevador do Purgatório nunca para no meio de dois andares, essa observação é importante para os mais preocupados e ansiosos e que não gostam de elevadores.
     A porta automática se abre e, para espanto de uma delas, apareceu o representante do elevador do Inferno.
     A outra moça dirige-se a ele sem medo:
     _O senhor não deveria estar aqui porque o seu lugar é no elevador ao lado.
     Ele, com aquele jeito diabólico diz:
     _Por você, não. Mas também nunca vi tanta falta de capacidade para hostilizar as pessoas quanto as suas.
     Esse era o jeito do pessoal daquele elevador e, para quem não tinha o menor interesse em mudar de elevador, ela continuou do jeito que era e não o hostilizou. Ao contrário, desejou a ele um bom trabalho junto às pessoas pelas quais ele era o indicador.
     O homem não saiu dali.
     A moça pensou consigo mesmo que estava escrito que era para resistir a isso, que ele desapareceria.
     O elevador permanece parado naquele andar. A moça preocupada, mas confiante, continuou a resistir com o fervor de uma oração.
     A situação começa a ficar demorada naquele andar e o elevador continua emperrado, mas com a porta aberta.
     A outra moça, aquela que se espantou com a presença dele, abre o Facebook e fica se divertindo com a situação.
     Ele diz à moça que está em oração:
     _O problema não é com você.
     A moça do Facebook começa a rir e a desdenhar das atribuições daquele homem.
     Ele diz à moça que está em oração, referindo-se à moça do Facebook:
     _Ela acha que o mundo é cruel. Por que é que ela pensa assim? Vamos ver agora.
     Como ser demoníaco, domina o Facebook da moça sem o tirar das mãos dela o celular. Daí em diante começam as postagens das crueldades feitas pela moça.
     Ele pergunta à moça que está em oração o que aconteceria se a moça do Facebook mudasse de elevador. Perguntou igualmente se ela iria junto com a outra moça para o outro elevador.
     A moça da oração disse que não iria para o elevador do Inferno, e que muito ao contrário  tinha pretensões de pegar o elevador celeste, onde tudo era muito agradável.
     Ele então se dirige à moça do Facebook:
     _E você aí, que está ao Facebook enquanto discutimos sobre elevadores: você quer se dirigir ao elevador do Inferno?
     A moça sorriu e disse:
     _Já que insiste, não vou decepcioná-lo.
     Sai do elevador do Purgatório, desdenha do elevador do Céu e acha graça em sair e se dirigir ao elevador do Inferno, dizendo que não era idiota para acreditar nessas coisas.
     A outra moça fica onde está e deixa que a outra adentre o elevador do Inferno.
     Não se pode impedir essas coisas. A outra foi por gosto e vontade.
     A moça das orações, verificou bem o elevador onde estava e certificou-se que era o do Purgatório.
     Disse que estava acostumada com aquele elevador e que iria ficar ali mesmo.
     Os dois dirigem-se ao outro elevador e o elevador da moça fica liberado.
     "Ainda bem que foi só um susto", pensa ela, agora mais contente do que antes.
     É assim que esses elevadores funcionam. 
      

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Pensamento Musical

Pensamento Musical

Para que se tenta explicar
Para quem não quer entender,
Mas não se deve descansar
Quando essa palavra faz crer

Que vale a vida a caminhar
Nesse caminho de aprender,
Sem pensar em desanimar.
Ao todo é possível crescer,

Sem perceber; ao acreditar
Que todo dia é novo ao nascer,
Que o possível está a esperar
Por quem o queira conhecer.   

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Confiança

Confiança


Segue constante,
Segue confiante,
Assim Deus quer.
Aonde estiver,

Sê semelhante,
Sê desse instante
Um chanceler
Ao que disser

Determinante,
Que a fé é falante;
Basta a acolher
.Num grão qualquer.
 .