Isso é Crônica?
Faz já algum tempo, mas tentarei escrever uma crônica no estilo ficção-fantástica.
Estava semi-acordada, ao que os antigos hippies chamariam de transe. Carregava um saco de batatas nas costas, o que me fazia curvar-me diante da caminhada.
Em torno olhares de alegria por ser dez para as oito da manhã naquele frio que nos obrigava a usar botas.
A comunicação com o amigo Senhor estava bloqueada.
Pedi desculpas ao Senhor e disse sem conversas rotineiras hoje.
Abri o Youtube ainda pedindo desculpas pela ausência do diálogo, e na mesma hora o saco de batatas desapareceu das minhas costas e em seu lugar, nada que me impedisse de manter a postura.
Despertei daquele estado sonolento aliviada, somente aliviada, mais nada.
Depois dessa ausência do saco de batatas nas costas, volto a mim, não cheia de esperanças, mas muito menos preocupada e com vontade de fazer chuva de papéis picados, ou pelo menos faziam alguns anos atrás nas megalópolis.
Continuo com as obrigações da rotina.
Nessas idas e vindas observei que pessoas da igreja acolhiam desabrigados os levando de Kombi para algum conforto, e os desvalidos aceitavam de bom grado.
Enquanto atravesso a rua, passa um morador de rua fugindo e se dizendo feliz porque ninguém o separaria do seu cd-player com rádio de tamanho médio.
Tais fatos são possíveis em Curitiba, porque noutra cidade, ao sair para comprar lanche, uma moça da loja de doces disse que admirava a senhorinha feliz que não presenciou o assalto à mão armada e que provavelmente pensava que a viatura da polícia estacionada do outro lado da rua seria para proteger os pedestres.
O que interessa é dizer que sorri para o pessoal da igreja e achei louvável dar a oportunidade para que aquela gente naquele dia frio e chuvoso tivesse abrigo. Interessa que sorri para o mendigo que fugiu do abrigo ,colocando a sua música e a possibilidade de se comunicar com o mundo cotidiano fosse real, ao invés do calor de um abrigo, e que também sorri para a vendedora de doces por me informar da situação que se passava do outro lado da rua.
E se sorri, foi por não ter o saco de batatas nas costas, retirado num momento de bloqueio espiritual.
Cuidadosamente procuro um livro que me ajude a compreender o tal saco de batatas, e até me surgiu uma frase genial:
"Livros machucam."
Esta frase, no entanto é fáctica, pois na minha pilha de livros não lidos fui mexer, e aconteceu que uns quatro ou cinco livros caíram e causaram leves arranhões.
Vou às sinopses e detalhes pela internet, mas penso que é a meta-física que agiu, algo que não se pode evitar, nem acreditar demais, mas que merece uma leitura básica em tal contexto.
Grata pela leitura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário