Pensamento Invernal
Começa a esfriar,
E este caminhar
Se faz consciente
Com gelo presente
Porque este esfriar,
Mesmo sem nevar
Por perto, é petencente
A muito mais gente,
O que é de assustar,
Mas esperançar,
Aquece o dia e a gente,
É comida quente.
É um blog com artes e contos, crônicas, comentários, imagens e, arteiros em geral
Pensamento Invernal
Começa a esfriar,
E este caminhar
Se faz consciente
Com gelo presente
Porque este esfriar,
Mesmo sem nevar
Por perto, é petencente
A muito mais gente,
O que é de assustar,
Mas esperançar,
Aquece o dia e a gente,
É comida quente.
Gabolice
A não ser que se diga
Com mão em forma de figa,
Nada é quando não cabe,
Talismã a que se abriga,
Sem o qual é uma urtiga,
Mas coceira não se sabe;
No entanto não se diga
Palavra que se gabe.
Simbolismo
Recordação
De ensinamento
É gratidão;
Nessa razão,
Um mandamento
Se faz função
De viração,
Não complemento.
Palestra
Em cada palestra,
Um aprendizado;
Janela à seresta,
Mesmo à chuva é fresta
De luz do encantado,
Que a sombra refresca
O tempo que encrespa,
Novo é esse ensinado.
Cultura Básica
Cultura que é adequada
Ao "eu", jamais dispensada
Por vontade ou solução,
Pois dispensa adequação,
É solução bem pensada,
Obediente à Deus, falada
Com precisa convicção,
Se transforma em direção
A ser seguida e pausada,
Mas sobretudo mostrada,
Culturalmente, e em doação,
Sem importar o sim ou o não.
Deidade do Tempo
Não percebe este tempo
Quão rápido é o momento
Da sutil realidade;
Não percebe o momento
Que um instante é fomento
Que cria a maturidade;
E que o tempo não é tempo
Sem naturalidade.
Causo de Deus / Miniconto
Viu três vezes, acredita, corre atrá que a verdade aparece. Mais antigo que o ditado, só mesmo vivenciando a experiência.
A mulher levanta cedo e segue o dia até a hora de deitar e dormir para o feito do dia seguinte.
E assim passa um dia, um mês, um ano, dois anos e já se perde a conta de quanto tempo leva a vida desse jeito.
De vez em quando, sai para comprar uns biscoitos, dos quais ela gosta de comer um ou dois no lanche que faz à noite, bem anres de deitar.
Nessas idas até a mercearia para comprar os seus biscoitos, ela ouve uma vez:
_Tem algo errado no seu caminho.
Passa o tempo, e de novo, ao ir comprar biscoitos, ouve:
_Tem algo errado no seu caminho.
Na terceira vez em que ela ouve, ela vai até a igreja fazer orações, ou rezar, porque ela é católica.
Ao entrar na igreja e se ajoelhar, o diácono vem e diz que, embora não a conhecesse, tanto foi que falaram dela, que ele andou perguntando dela na saída da novena.
O diácono soube, que embora ela levasse a vida simplesmente, rezavam para que ela fosse ter com o demônio.
_O que é isso, seu diácono.
O diácono disse que a sua maneira simples e reservada estava fazendo com que o povo criasse crendices a respeito dela, mas que era religioso e, que não se permitia dizer mais nada.
Rosalva resolveu ir na panificadora, a qual sabia do que se passava no bairro, a fim de tentar descobrir o que se passava, algum murmúrio, ou coisa assim.
Soube, mas a fala do povo era tanta, que soube de tudo de uma vez.
Todos os fregueses da panificadora souberam tudo de uma vez.
Alguns perceberam o problema, não o da Rosalva, mas o do diácono, que não aguentava mais rezar para espantar o demônio, sabendo que a Rosalva poderia se machucar sem saber o porquê.
_Benza Deus que avisaram ela. Benza Deus que ela sabe o que se passa.
Rosalva ficou braba não, ao contrário, achou que Deus tinha intervido a seu favor.
Foi até a igreja para agradecer.
O diácono respondeu que era pela vida que agiu.
_Como assim, diácono.
Ele respondeu que rezaria melhor dali em diante, e não disse mais nada.
Causo de Deus, pensou ela, e que bom era saber.
A vida simples que levava tinha que continuar, mas agora diferente, seria uma vida rezada por Deus.
Cômicos Calçados
Os calçados e a cidade,
Estranha disparidade
De conforto relativo
E ambíguo, superlativo
Desconhecido e à vontade
Na sua calosidade,
Porque se faz restritivo
E se torna impeditivo
Por mera comicidade,
E perde a praticidade
Sem sequer ter um motivo,
À compras impositivo.
Libertação
Verdade é luz
Que vem da cuz,
Sem explicar,
Tira o pus
A olhos nús
Sem disfarçar;
Bendita é a luz
Sempre a guiar.
Entonação
A voz do tema,
Dificuldade
Deste fonema;
Repete o tema
Com a humildade,
Mas o problema
Resolve o tema
Com propriedade.
Consciência
Propósito modificado
Constantemente é a obediência
Querida pelo abençoado,
E quando vem do Abençoado,
Nasce na humana luz a ciência
Com fé ao percurso a ser trilhado.
Começo da semana dado,
E todo amanhã é uma consciência.
De Costas para a Sereia / Crônica do Absurdo
Se olhar para a praia e ver algo que não seja mar, areia, ou caranguejo, senta-te de costas, é a tua imaginação.
Senta comigo, que frase maravilhosa!
Tomar café da manhã com a Argentina e aprender a apreciar bagel, um pãozinho salgado com linguiça calabresa picada por cima.
Foram dezenas de empréstimos de luz e de amizade com desconhecidos.
Na esquina do mundo éramos dezenas de solitários em família.
Alguns moradores de rua passavam para nos observar,e na rua ele pediu trocado a um homem, e este homem lhe deu cinquenta, sob o olhar estranho da esposa.
Os pastores repetiam sem para que se não amássemos uns aos outros, a nossa açma não descansa, e na rádio se falava sobre a vingança como perniciosa, pois nunca satisfaz a alma, e sempre se quer mais, enquanto que a benevolência sacia e nos faz andar por outros caminhos.
Já, o canto da sereia e as possíveis formas avistadas seriam mortais, que não a deixássemos cantar, e muito menos que se virasse e nos visse.
A argentina estava sozinha e observava o mar sozinha, precisava das algazarras do pátio.
Não era um navio, mas estávamos em um mesmo barco naquela varanda do mundo.
Era uma estranha sensação familiar, e de boa fé nas coisas que a natureza e as cidades podem oferecer.
A familiaridade era tanta, que me chamaram a atenção quanto a calça de linho que vesti pela manhã, advertindo-me que parecia um pijama panamenho e masculino, e que se não era isto, que trocasse de roupa. Amei, e coloquei um vestido.
Difícil é experimentar tudo isso e dizer que nada mudou.
O ser humano pode ser ótimo, mas depende dele querer ser melhor.
Grata pela leitura.
Não Somos Nós / Crônica do Absurdo
Parece que as palavras precisam ser ditas, mas estão reprimidas, e elas são ditas de qualquer modo e em qualquer lugar.
Uma miscelânia de gente falando porque precisa ser escutada e acha essencial que os escutem para que a realidade e a imaginação façam sentido.
As frases se sucedem, gostemos ou bão de ouví-las, além de ideologias e crenças.
Repetirei algumas como foram ditas e por quem foram ditas, sem sequência, mas com sentido, e dentro do absurdo, ouvidas.
_Sabemos do movimento no sentido da dissolução das famílias brasileiras, aquelas estruturadas, com o chamado chefe da família sendo destituído ou destruído. Não sabemos, no entanto, de onde parte esses ataques contra a estruturação tradicional das família. É preciso dizer que, não somos nós, os cubanos, os responsáveis pela destruição dos chefes de família, mas acompanhamos esste movimento com atenção.
_Nós americanos, não temos os direitos sociais que os brasileiros têm. O Brasil é um país que, segundo o nosso ponto de vista, age com paternalismo, e talvez sejam os diversas problemas que surgem, que façam com que o governo tenha programas de atendimentos diversos à população. O que se passa com a família brasileira, talvez possa ser resolvida através das igrejas.
__Eu fiquei de cama vinte e cinco dias, e eu compro milhas todos os meses nas companhias aéreas. Quando recebi alta, liguei para ver com quantas conexões eu conseguiria viajar, e disseram quatro. Não pensei nem mais um minuto. Comprei o bilhete para passar três dias em um hotel. No hotel, a recepção perguntou se eu estava sozinha na cidade. Respondi que não, que estava ali para visitar um sobrinho. Saí de manhã até o fim de tarde para descansar, pois as dores musculares que a dengue deixa são muito fortes. Não interessa, saí.
_Não é questão de cancelar a cidade, é que você passa por ali e é cercada, parece que está errado fazer turismo em certas cidades turísticas brasileiras. Pode ser bonita, mas não vale a pena ouvir a pergunta sobre aque veio, e como é que conseguiu um fim de semana de folga.
Eram conversas como que se todos estivessem de acordo e fizessem parte de um grupo excluído, e discutia-se a situação da família, enquanto o que se constatava era uma multidão de pessoas sozinhas.
No entanto, que fique esclarecido que as famílias precisam cuidar do seu chefe, mesmo que se um ponto de vista patriarcal.
Ainda tem gente com coragem para perguntar se a lenda das mulheres Amazonas é real, ou pior, se as mulheres criam bandos para dominarem a sociedade e extinguirem a sociedade originada nas famílias.
Para concluir: não são os cubanos e nem os americanos, e também não somos nós, essa turma que conversa como se o planeta estivesse ali.
Grata pela leitura.
Luau
Fica a noite de luar
Em suave parceria
Em pensamentos ao mar,
E não havia peixe ou lugar,
Mas um luau de conversar
Sobre o dia e sem fantasia,
E dizia no areal o arejar
De um toldo que nos sorria,
Sob um céu de beira-lar,
Onde é possível a via
Sem querê-la num sombrear,
E ventava e não chovia.
Procure um Médico / Crônica do Absurdo
Estava num congestionamento quilométrico e com cruzamento de avenidas. Meia volta pela esquerda, ruas pequenas, e fim do congestionamento.
Pela rádio, a história:
Uma mulher, com um automóvel Porsche novo estacionou o veículo apropriadamente, ligou o alarme, deixou a chave no pára-brisas, e os documentos dela dentro da bolsa com cartões e dinheiro, sobre o capô, andou alguns metros e pulou da ponte. Os bombeiros vieram para salvá-la, mas até aquele momento não se sabia o fim da história.
Pela rádio pedia-se para evitar aquelas avenidas.
Alguns riam da história e outros reclamavam via mensagem de texto o tempo de espera, que era de mais de uma hora.
O fim da história não se sabe, ou eu não fiquei acompanhando pela rádio.
Ainda hoje de manhã, ouvi um comentário entre amigos dizendo que buscar um médico pode ser útil quando se chega ao limite da angústia ou cansaço, e que não importa a faixa de renda da pessoa, porque qualquer pessoa está sujeita a ficar estafada.
Entre as risadas sobre o estresse que um Porsche pode causar, e dos motoristas reclamando do chilique da mulher, achei este comentário apropriado e útil.
Grata pela leitura.
É que, para começar,
Nada vale comparar
E o lume sequer está aceso,
Mas pescar traz esse peso
Peixe Fora D'água
Às Mães
Toda mãe seja abençoada,
Que Deus ilumine e guie
Nessa conversa dourada
À luz, e que se inicie
Uma nova temporada
De fé, louvor que se fie
Num amanhã, esperançada
No que pode ser, que crie
O ânimo, mas temperada,
Para que seja e sacie
Durante essa caminhada
A necessidade. "Oh, Pie"*
*Depende da leitura: em Latim: Piedade; em Inglês: Torta - doce.
Um senhor conta que está com diabetes, mas que não tem preocupação, e diz que quando piorar, toma insulina e pronto. Ele está com medo de ir ao médico e dos efeitos colaterais dos remédios. Amigo: AÇÚCAR NÃO. Remédio para diabetes é tentativa e erro, e se der efeito colateral, muda a medicação. AÇÚCAR, NÃO. Um médico Clínico Geral pode tirar o medo e ajudar.
As pessoas não sabem. Tem medo do que não precisa temer.
Para que os leitores espalhem. Grata.
Violino Distante
Distante, essa melodia
Antiga, celta ou cristã,
O seu refrão repetia
Numa oração, nunca vã,
E um violino em parceria
Repercute uma manhã
Ao violoncelo. Supria
A necessidade sã
Da alma a essa sua alquimia,
A qual se faz castelã
De um tempo sem magia
E sem gosto de hortelã.
Apelando para a Criatividade
Criar é pensar,
Reconhecer
E desenhar
Ou não escrever,
Estar e restar
Nesse querer
Comunicar,
Mas antes ser
O que mostrar
A se fazer
Quando encontrar
Esse mover.
Muita Gente
Quanta gente invisível
E essa multidão fala,
Mas muito incompreensível
Em meio ao todo que cala,
Quando está inacessível,
E tudo o que tem é a pala.
Camisa inacessível
Perdida numa vala
Que o rio e a chuva horrível
Deixou, e porque ainda abala
A multidão sensível
E que contrói a ala.
Dois Pontos
Desenho desencontrado
Harmonioso ligado
A individualidade
Na sensibilidade
Individual; o lado
Criativo imaginado,
Única atualidade
D'alma, em sua verdade
Do instante paginado
De traço e risco eivado
De subjetividade,
É a arte nessa vontade.
Preciosidade
Poema de cabeceira
Se folheado, é a seresteira
Composição de ninar,
Pela luz alvissareira
Longe d'uma prateleira,
Onde estava a ensimesmar,
Sem a imagem costumeira,
Dobrado a poetizar.
Folhas de Outuno
As folhas secas vêm ao chão,
E raro é a presença ao momento
Exato da nova estação.
As folhas no tempo, e a armação
Delicada de uma emoção
Que surpreende num movimento
Que lembra a revoada e a canção
Buscada no aperfeiçoamento
Contínuo, suada mão a mão,
E quão belo é esse distraimento,
Porque suave é a condição
Sensível de um descobrimento.
Filosofia Avulsa
A vã filosofia
Que se faz todo dia
É a noite e a brevidade,
Que amanhã é um novo dia,
Que fará nova a via,
Mas em continuidade
Ao que já se sabia;
Nova é a maturidade.