Tanto Lugar
Um rio também é mar ,
Bonito de se olhar
Devagar, no verão,
E o tempo em seu vagar
Para não se apressar
Nos deixa a imensidão
Nessse olhar, descansar
O tempo em precisão.
É um blog com artes e contos, crônicas, comentários, imagens e, arteiros em geral
Tanto Lugar
Um rio também é mar ,
Bonito de se olhar
Devagar, no verão,
E o tempo em seu vagar
Para não se apressar
Nos deixa a imensidão
Nessse olhar, descansar
O tempo em precisão.
Questão de Ideia
Pertinente
É o momento
Pertencente,
Que é da gente,
Se for tempo
Que se sente;
Algo quente:
Movimento.
Exponencial
A exponencial
Do que está errado
Dobra ao quadrado,
Soma surreal
Se falta ideal
Ao imaginado,
Quadriculado
Referencial
Fundamental.
Princípio dado,
Mal formulado,
Transcendental.
Subjetivação
A qualquer tempo
Sua variável,
Rápido ou lento,
Mas ajustável;
Reflete ao tempo
Determinável
Do pensamento
O seu notável,
Mas não palpável
Conhecimento,
Que a água potável
Também é vento.
Terceto Junino
São tantos pensamentos,
Que pertubam o ser;
Misturam sentimentos,
Que Deus para entender,
Tem lá os seus mandamentos
Infalíveis pra ler,
Estes nossos momentos
Que nos obrigam crer
Nos seus bons elementos
Espirituais ao ser
De humanos sofrimentos,
Que só Ele pra escrever.
Turbulências
São desapegos,
Desaconchegos,
E turbulências
Por sermos cegos
Aos descarregos
Das coincidências;
Desassossegos
Das experiências.
Interpretação
Procurar significado
E o que ainda faz sentido
Neste mundo cansado,
Ranzinza e até puído
No tempo atapetado
E pisado, polido
Ao pedal cadenciado,
Faz do pretendido
Um outro predicado,
Mas ao buscar sentido,
Irá exprimir ao lado
Um senso, comovido.
Café Imperdível / Crônica do Cotidiano
Consegui um café hoje.
Dali a pouco aparece um não freguês, que pergunta aonde tem um lavatório por ali.
Eu vi o freguês, e ele logo saiu com a resposta correta.
Não me contive, e perguntei para a atendente:
_É ele?
A moça, sorrindo, diz que não é.
Eu disse que era parecido.
_Cliente é cliente, não conhecemos clientes famosos.
Ela abriu um sorriso enorme, mas sem rir.
Eu disse que acreditava nela. Tomei o meu café num gole rápido e saí dali.
Também não sei quem é, disse para ela na saída.
Sorrimos as três, porque a segunda atendente, que também ouviu o diálogo, também riu.
A segunda atendente ainda disse:
_Não é, mas é parecido.
Tive que sair para não rir também.
Os leitores curiosos, continuarão curiosos, porque se não era famoso, para que comentar de um transeunte.
Consegui um café que se toma quando se está atrasada para sair, mas foi saboroso.
Assertividade
O entendimento
Vem com o tempo,
Porquê-motivo
Que é construtivo,
E tem momento
Certo e seu tempo
Constitutivo
N'alma, assertivo.
Um Perfil
Chega o inverno,
Vem o frio,
Não o vazio;
O caderno
É sutil,
Luzidio
E moderno,
Um perfil.
Velejar
Ocupada
O dia inteiro,
Penso nada.
Se cansada,
Travesseiro
È almofada
Que diz nada,
Meu veleiro.
Linhas
Limha reta
É tangente
Circunspecta
E coerente;
Irriquieta,
A fé é lente
Mui discreta,
Convergente,
Nunca reta,
Diferente
E geométrica,
Textualmente.
Frugalidades
Um vento frio assobia
Dizendo das verdades,
E se viu que chovia
Na janela que havia
Sobre o outono; igualdades
De qualquer melodia
Quando segue a harmonia,
Enfim, frugalidades.
Roda de Leitura
Se eu fosse aconselhar,
A roda de leitura
Seria este começar,
Seria uma partitura
Para se decifrar
Aos poucos com a pura
Intenção de sanear
O ser, sendo criatura
Revelada ao espelhar
Uma ideia por ventura
Necessária a povoar
A alma, mas com brandura.
Média
A média todo dia
Escrita é o que garante,
Consistente e constante,
A vontade e a grafia
Do que poetizaria
O ser equidistante
De um diário ao visitante
Leitor, a galeria
De ideias, caligrafia
D'um algo contrastante,
Meio perto e meio distante,
Que se encontrado, urgia.
Casaco Obrigatório
Inexplicável
É se escrever
E converter
Ao razoável
Este inefável
Frio ,e se aquecer
Ao percorrer
O dia aplicável,
Que é variável,
E se escolher
P'ra se dizer
Determinável.
Outra Cultura
Eles não alcançam
A outra cultura,
E olham e cansam;
Outra é a cultura
De ideias que afiançam
Que existe a pura,
E ainda esperança
Que a alma se cura.
Clima
Dia congelado
A se passar
No tempo dado
Do frio cercado
P'ra repensar.
Desajeitado
E encasacado
É o bem estar.
Tradições
Arrumo as prateleiras
Dos livros, emoções
Quietas das lapiseiras,
Normais e costumeiras
Antes das reflexões,
Normais e costumeiras;
Repetidas fronteiras
De suas proporções.
Momento de Oração
Grata pela luz acesa
Diante de tanta incerteza,
O que é normal aos mortais,
Orar é a delicadeza
De várias crenças à mesa
De Cristo aos seus ancestrais,
Iguais em toda a tristeza;
Porque não sabemos mais.
Poeta de Supermercado / Crônica de Supermercado
Acordo e corro ao supermercado porque sei que vai esfriar.
Consertam o piso, e eu já pensei em máscara contra a possível poeira de cimento.
Observo o preparo da cimentação do piso para que possa desviar do cimento em colocação.
Um dos homens que mexem na preparação do cimento num recipiente de madeira, o qual não sei o nome, começa a cantarolar.
Numa voz afinada cantarola a canção famosa de Gal Costa, mas termina com Raul Seixas.
Começou a cantar Só Louco, mas fez uma pausa, mas a música era muito tocada e lembrei da canção.
Logo em seguida cantou Raul Seixas, começando com a letra: "Dizem que sou louco por cantar assim..."
Terminou em pianíssimo dizendo que era feliz.
O cimento estava pronto, e ele avisou ao colega que poderiam passar sobre o piso.
Sigo o meu roteiro com a lista nas mãos.
Comprei o que estava na lista, mais nada me interessou.
Fiquei absurdamente feliz com o poema cantado.
Existem cenas e vozes para não esuqecer, porque são momentos especiais e raros, que emocionam a alma pela singeleza observada numa situação cotidiana, e para as quais não existem palavras ou tradução.
Conversas de Imaginar
Vontade de conversar,
Mas isso é algo ultrapassado.
Vou escrever ao celular,
Figurinhas do meu lado,
Conversas de imaginar
Divididas ao quadrado
Numa tela singular
Com o tempo estilizado.
Monossílabo ao expressar,
Num emoji representado
Um rosto de emocionar
Nem tanto assim, condensado.
Sala
Redescobrir
O bem-estar,
E ao bem sorrir,
Por existir
E continuar,
Porque usufruir
De um sofá a vir
É nele estar.
Conforto
A chuva encobre o frio,
Mas o inverno vindouro
Logo chega preciso,
E o tempo é corredio
Em lã macia e algum couro
Sintético e gentil,
Que permita o assobio,
Conforto ao miradouro.
Folha e Folhear
Tanto lugar
Por conhecer,
Mas tem que ser,
Ou imaginar,
Porque ficar
É também ler,
É o outro a querer
Todo lugar
De se gostar
Sem jamais ver,
E se viver
Folha e folhear.
Lição de Malvério
Na estrada de Malvério
É gratuita a lição,
Bem mais conhece o velho
Dos males a porção
Do jovem, despautério
É arguir o coração,
Ele não ouve conselho,
E o velho, por caução,
Conta a vila e o Malvério,
Cuida por atenção,
E avisa o seu parelho,
Ao mundo e a multidão.
Intuitiva
Quer dizer
Que a intuição
É a canção
Do saber,
Audição
Da intenção
De prever
A invenção?
Longínquo
As enseadas
Embaçadas
E invernais,
São versadas,
Poetizadas,
E florais,
Distanciadas
E imparciais.