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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

domingo, 28 de outubro de 2012

O Importante / Crônica de Supermercado

O Importante / Crônica de Supermercado

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Tenho admiração por pessoas que tem a coragem de se transformar sem se importar com o tempo, seguem os seus desejos, mesmo que esses desejos sejam tão singelos quanto uma flor de Lótus; é a senhora com mais de sessenta que muda o visual e o estilo de se vestir porque tem que dar satisfações a si mesmas, porque quer se renovar, porque ainda acredita poder ser o que o seu novo espelho pede.

O espírito, ou, a alma, como queiram, é capaz de se renovar a qualquer tempo, mas para que isso seja possível, é preciso ter a mente culta e aberta às novas perspectivas. Esse estado de espírito independe da condição financeira, cada qual dentro do que pode, respeita a vontade íntima de se sentir bem.

Hoje, na fila do supermercado, a senhora que estava atrás de mim comentava com o amigo:

_Imagine o lucro que o supermercado tem com toda essa gente aqui, conte o número de pessoas na fila.

Ela teve a paciência de contar o nu, mero de pessoas na fila, o número de caixas sem atendentes, comentou que essa é uma forma de propaganda.

_Poucos caixas dão a impressão de que o supermercado está lotado, mas o estacionamento está tranquilo, repleto de vagas desocupadas. Chega a ser propaganda enganosa essa fila em conjunto com os anúncios de ofertas na porta de entrada.

O homem que estava ao lado dela começou a falar sobre cervejas para ver se mudava o assunto, estava cansando não apenas a ele, mas aos ouvintes também.

A senhora começou a contar o número de cervejas e a marca mais vendida.

_Se fosse à minha cidade, a marca seria outra. Estou com saudades da minha cidade; aqui nem tem a minha marca preferida de cerveja.

O homem, desenxabido, concordou:

_Mas aqui também tem cerveja boa.

Na minha cesta não havia cervejas, estava fora da estatística ricamente elaborada por ela.

Ela parecia ter pulgas na língua, porque continuava a falar:

_Outro que vive bem é o fabricante de cervejas. A lata a menos de dois reais unidas em grupo de seis ou doze, dependendo da embalagem; quem toma cerveja toma pelo menos duas latas, dá para pensar.

A fila andava e eu esperava a minha vez. Sem máquina de calcular era difícil acompanhar o raciocínio da desconhecida. Geralmente eu cuido do que eu compro, da minha cesta e de quanto gasto e posso economizar comprando este ou aquele produto.

Sei que saí do supermercado pensando na senhora que mudou o visual e o estilo de se vestir, ela sabe ser feliz; essa outra poderia ser economista; deixou-me em dúvidas sobre se poderia ser feliz com aquele tipo de raciocínio.

6 comentários:

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá, gostei do seu texto...Espectacular....
Cumprimentos

Unknown disse...

Costuma-se dizer que cada um é feliz á sua maneira,mas...

Beijo.

Célia disse...

Com certeza é uma aposentada que conta suas moedinhas para enfrentar o supermercado que, além de não suprí-la em seus supérfluos, ainda a desfalca em suas reservas mensais...
Cada uma, hein!!
Bj. Célia.

Mona Lisa disse...

Gostos não se discutem!!!

Adorei o texto...uma realidade do quotidiano!

Beijos.

MARIA DA FONTE disse...

Rsrsrsrsr...Adorei o seu texto. Fantástico! Há gente para todos os gostos. Beijinhos

JOPZ_B1B disse...

;-)