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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Amargo Anoitecer

Amargo Anoitecer

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A mulher era bonita, casada com sonhador, da vida queria flores, nada mais.

São Paulo e flores, um absurdo para Fabíola. Mas tinha se casado com ele, que fossem flores caras, arranjos sofisticados. Ela não queria subir na vida, queria lugares famosos e sofisticados. Ele cedeu, todas as flores tinham valores muito além do preço, valores de emoção nas cores, nos arranjos e seus significados espirituais.

Fabíola entregou as flores e conheceu lugares incríveis. Com ambição chegou aonde queria, no seu lugar sofisticado.

Ele continuava sonhando, ela também. Ele com flores, ela com amores.

Houve a separação. Ambos ficaram bem de vida.

Fabíola arrumou um amante, ele construiu outra chácara florida.

O amante era submisso, não tinha vontades; era do tipo de obedecer às ordens da mulher endinheirada. Ela percebeu. Sorveram todas as gotas do orvalho que deixavam as flores bonitas, ela mandava. Amor faltava naquela submissão.

Foi aos sessenta e cinco que começou a se distrair com bebidas enquanto mandava no marido, que, no entanto lhe era fiel. Ele gostava dela como se mãe dele fosse embora não fosse mais novo que ela.

Dos primeiros goles ao vício e à tristeza da ressaca pouco tempo se passou.

Ele cuida dela, ela aceita. Ele a defende como se fosse o seu bicho de estimação adorado na dependência da aceitação dele naquela casa.

Ela bebe, ele aprova a embriaguês embora a proíba de beber na sua frente, talvez como o homem que nunca chegou a ser dentro daquela casa.

Ela se trata periodicamente dos males da bebida, ele cuida dos remédios; o amante enfermeiro nesse querer esquisito. Às vezes pensa nela com o primeiro marido e nem quer pensar nos riscos que correu ao se aproximar dela enquanto era casada.

Ela queria o homem sofisticado, encontrou o subordinado. Duas relações fracassadas e a bebida a atormentar a sua mente. Quando sóbria, sai às ruas fazendo pose, mas o corpo não esconde o acanhamento corroído pelo problema. Todos a recebem nas mansões, todos a recebem com o marido e a admiram; fingem não saber de nada.

Um comentário:

Élys disse...

É uma triste situação, mas oq eu fazer?n O tempo passou...
Beijos.