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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sábado, 21 de julho de 2018

Fila-Painel-TV / Crônica do Cotidiano

Fila-Painel-TV / Crônica do Cotidiano

     Existem filas com painéis de televisão com mensagens da empresa e, algumas com algum canal de televisão aberto.
     Por qualquer acaso, estava em uma fila com mensagens da empresa onde se viam os serviços oferecidos pela empresa e meios de facilitar o dia a dia, mais algumas curiosidades do mundo em que vivemos.
     Dali a pouco uma rápida propaganda de um aplicativo me chamou a atenção, não pelo texto ou pelo aplicativo em si, mas porque depois de baixar o aplicativo, o personagem guarda um violino na caixa própria para violinos, fecha as venezianas, coloca os óculos, pega o celular e fica olhando o aplicativo indefinidamente.
     A mensagem final dizia que o aplicativo facilitaria a vida do usuário porque ele tinha o controle do aplicativo e o abriria na hora em que quisesse.
     Aquela propaganda me incomodou, porque é uma realidade terrível ser escravo de um aplicativo. Desliga-se a televisão, o rádio, não se executa nenhuma música, fecham-se as janelas para o cotidiano, as pessoas, a natureza, as dificuldades e a pessoa se fixa num aplicativo sem que ninguém mande; um interesse casual se transforma numa escravidão para que se saiba a última novidade de uma empresa porque dela depende ou dependerá a sua vida.
     Cheguei em casa e fui logo ao teclado, que anda de folga por estes dias. Verifiquei os fones de ouvido e, sinceramente, me senti motivada a tocar música.
     Gravador, cronômetro, metrônomo, análise comparativa, exercício de leitura, análise de público, uma atualização generalizada da situação.
     Mais de uma pessoa pergunta o que faço e eu digo que não adianta explicar, e não adianta mesmo, essa é a constatação.
     São poucas as pessoas que podem entender, mas existem, e isso é importante, porque eu também as posso compreender.
     Um dado interessante nessa história é que o aplicativo está em alta e todos os que baixam o aplicativo aguardam a todo momento uma nova linha escrita no mesmo.
     Outro dado interessante é que é aplicativo de empresa, não é uma rede social onde todos participam.
     Achei a chamada sensacional, porque alerta contra o aplicativo. Alerta para a escravidão que se pode obter por meio do aplicativo ou por meio de comentários outros sobre ele.
     Se eu não estivesse na fila, sentada, parada, aguardando a minha vez, eu não teria visto a chamada, que é um alerta.
     Eu não sei que consequências um aplicativo desses pode trazer ou impactar a vida de uma pessoa. Sei que no aplicativo não há discordância e, isso é acertado porque ninguém pode discutir uma empresa pelo aplicativo.
     Imagine acordar todos os dias e abrir um aplicativo com a mesma frase, e é a mesma frase porque se trata de empresa, e isso meses a fio.
     No entanto achei uma atitude corajosa colocar aquelas imagens e uni-las ao aplicativo, porque é uma propaganda inversa, que motiva a qualquer um fazer mais daquilo que gosta, sem precisar de lugar especial ou de gastos vultuosos para conseguir se expressar perante o mundo, basta fazer mais o que gosta.
     Mas depende de cada pessoa essa escolha, e por isso escrevi esse texto, para compartilhar a ideia. 
      
        
     

Um comentário:

Célia disse...

Excelente sua crônica de um vício escravizante! Os aplicativos! Felizmente sou independente dos mesmos.
Abraço.