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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

História de Natal


História de Natal

     Essa é uma história rápida, mas muito interessante.
      Era tempo de Natal. A cabeleireira disse que o melhor era pensar o cabelo para as festas com alguns dias de antecedência porque a atenção é diminuta nos dias próprios de arrumar o cabelo para as festas.
     Enquanto conversávamos com calma, olhando revistas e penteados, ela dizia que iria fazer algo simples e aproveitar para descansar da correria.
     Com o olhar distante, contava que tivera um Dia de Natal inesquecível.
     _Já reparou que em toda a reunião do Dia do Natal, tem quem fique triste, tem quem fique com saudade, tem quem fique estressado, tem quem fique magoado por esse ou aquele motivo, tem quem fique doente, tem todo o tipo de emoção que acontece exatamente no Natal.
     Concordei. É fato. Complementei que a fé é que deve ser celebrada, porque não se sabe muito a respeito das emoções que vêm, queiramos, ou não as queiramos.
      _Eu tive um Natal inesquecível.
     Eu pedi que contasse, se achasse que deveria contar.
     _Conto. Eu era recém-casada, e estava grávida do meu primeiro filho. Estava muito feliz com a gravidez. O meu marido estava empregado e pode comprar tudo que as pessoas desejam para fazer uma boa ceia, daquelas que a gente vê nas revistas, sabe? A conta do peru foi a única dividida entre a família porque todos queriam colaborar com algo na festa. Era um peru de filme de cinema, comprado pronto e cheio de enfeites.
     Imagino, respondi.
     _Eu reuni a minha família na minha casa. Eu sou cabeleireira e sei que nem todo mundo está bem nessa época. A gente ouve queixas e tristezas. Também muita gente sente saudade, outros bebem e incomodam meio mundo. O meu pai e a minha mãe estavam felizes porque se tornariam avós e a minha mãe levou umas lembrancinhas feitas à mão para o neném. O meu sogro e a minha sogra também estavam contentes e a minha sogra fez bolachas de mel com Papai Noel desenhado para presentear todos os presentes. O meu cunhado e a esposa dele estavam orgulhosos porque o meu sobrinho havia tirado o primeiro lugar da turma no primeiro ano escolar. O meu sobrinho estava contente de ir à escola como aluno excelente e nos divertiu com algumas histórias da escola. O meu irmão levou a noiva para jantar conosco e ambos planejavam a festa de casamento. Até o meu avô se vestiu de Papai Noel e a minha avó foi quem costurou o saco do Papai Noel.
     Eu olhei para os olhos dela, distantes no tempo e sorri ao vê-la com aquele sorriso lúdico.
     _Todos estavam felizes. Impressionantemente felizes. Ninguém teve problemas no trânsito e todos chegaram na hora combinada. Foi de tal harmonia aquela noite que eu dormi com a certeza de ter vivido o Natal mais bonito da minha vida.
     Eu disse a ela que talvez ela pudesse ter uma festa tão bonita quanto aquela.
     _Não, é muito difícil. Eu vou arrumar os cabelos das freguesas e o meu filho já trabalha e vai tirar um cochilo antes do jantar. O meu cunhado e a esposa dele tiveram mais filhos e nesse ano a esposa dele dará a festa e eu não vou porque é longe da minha casa e eu chegarei em casa cansada, já não sou jovem. A minha mãe passará o Natal na casa do meu irmão. No dia 25 é que nos reuniremos, mas antes é preciso uma boa noite de sono. Eu pedi para que eles guardem ao menos a farofa do peru e levem para a minha casa. O meu marido está trabalhando em outra cidade e, como é por empreitada, ele não vem para o Natal. Viu como é muito difícil ter uma festa de Natal com todos por perto e felizes?
     Eu não havia pensado nisso até que ela me disse o quanto uma reunião de Natal pode ser boa.
     Eu penso que, se ainda não é esse o seu Natal perfeito, esse dia pode acontecer a qualquer pessoa. 
     A história dessa moça trata de valores humanos e bênçãos espirituais.
     Foi por isso que eu a escrevi.

2 comentários:

Célia disse...

Realista essa história que merecia mesmo ser contada, tão bem, como você sempre o faz, Yayá... É uma reflexão de Vida e de Valores...
Abraço.

Ivone disse...

Lindamente contada essa história,Natal é mesmo um dia em que as pessoas ficam sensíveis, nem todos podem se reunir, sentir o clima natalino em casa!
Sempre bom te ler, tens uma linda capacidade de nos prender até ao fim da escrita muito bem feita!
As emoções estão aí, realidade é bom, amo encarar a realidade, amar e sentir a beleza de tudo na simplicidade!
Parabéns e conte nos mais!
Abraços bem apertados amiga Yayá!