Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Para o Ano que Vem

Para o Ano que Vem

     Para o ano que vem quero tomar mais cuidado com o frio e os resfriados. Também quero cuidar dos gelados nos dias quentes.
     Este ano que tem um mês para terminar, exageramos.
     Mas este ano ainda é um livro a ser escrito, para mim e para todos os leitores.
     As árvores de natal estão por toda a parte, e somos parte dessa festa, muito mais aguardada que comemorada, porque o tempo de reflexão é também importante.
     À espera dessa comemoração é importante lembrar de todos os dias de Natal que tivemos, os bons e os tristes, os rotineiros também.
     Reparem que todos os dias de Natal são diferentes uns dos , especialmente diferentes porque nós, apesar de todas as vivências, continuamos os mesmos, e as expectativas se referem a cada Natal porque eles não se repetem, a menos que nada se planeje, ou melhor, que se planeje tão detalhadamente que não se espere nada, nem um pensamento diferente do planejado.
     Essas reflexões não são tolas, tem a ver com a fé. O único sentido verdadeiro do Natal é o nascimento do Menino Salvador. Esse é o significado, que Jesus Cristo esteja conosco em todas as circunstâncias das nossas vidas, mantendo em nós o espírito capaz de surpreender pela vontade de ser feliz com a ajuda de Deus.
     Há muitas realidades que ultrapassam a nossa compreensão. As realidades difíceis estão no dia a dia sob nossas vistas e são as dificuldades dos outros. Se é fato que existem realidades que dependem de nós, também dependem da obediência ao que está escrito nas escrituras sagradas.
     Existem outras realidades que fogem à compreensão e mais comuns do que se imagina. Posso exemplificar: hoje eu estava saindo de casa, praticamente abrindo a porta de saída, quando o telefone tocou. Fala daqui e fala dali, era um daqueles telefonemas de golpistas, mas até confirmar que tudo o que queriam era uma mentira, passou-se meia hora. Avisa daqui e avisa dali, e pronto, o dia foi modificado. Eu só saí depois de tudo esclarecido e a empresa confirmando que o telefonema não tinha partido dela.
     Se eu tivesse saído sem atender o telefone, o dia seria diferente. Mas diferente, como? Não sei.
     Esse interregno de tempo, essa meia hora ao telefone, desnecessária ao todo, é a realidade que foge à compreensão humana. Se para melhor ou não, jamais saberei.
     Acredito que é em casos como esse que está a compreensão divina, aquela que sabe mais do que todos nós em conjunto.
     São realidade que independem dos valores de certo e errado, dos valores humanos normais a todos, essa realidade de meia hora atendendo um problema que eu não tinha e não tenho, afinal das contas, é questão das mais sérias quando se trata de filosofia e de teologia.
     Para complementar, falta dizer que é época de doações e que acabei doando algumas coisas ao supermercado e suas obras sociais.
     A fé, o tempo, as leituras teológicas e comuns foram questionadas por essa meia hora em que o dia mudou a rotina posterior.
     Vou gastar mais tempo para refletir e isso fica para o ano que vem.  

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Curitiba?


Curitiba?

     Gente de bom humor é outro departamento.
     _Você é de Curitiba?
     Sim, sou.
     _Você é a pessoa certa para me ajudar.
     Pois não, diga.
      _Outro dia, na minha casa, encontrei uma aranha, matei e tirei foto para pesquisar na internet. Era aranha de Curitiba. Algo muito sério, era marrom. Como é que faz para ela não aparecer?
     Não faz. Guarda tudo em armário e organizador.
     Assim continua:
     _ O café aqui é mais barato e o lanche é bom, senta aí.
     Lanche bom é pouco.Eu não sabia da empada de queijo com cebola que ficou sem receita porque era feita à olhômetro. Saudade. 
     _Aqui só tem uma coisa ruim. Não tem supermercado por perto.
     Deve ser isso: quando bate qualquer tipo de saudade, eu vou ao supermercado e procuro crônicas para me distrair.
     Outra história:
     _Pelo menos aqui é tranquilo, ninguém rouba nada de ninguém. Como são as prais no sul?
     Planas, de tamanho médio, com os mesmos problemas.
     _Sem campo de visão é um inferno para a polícia.
     Vamos ter que investir em segurança...
     _Obrigatoriamente! Tem um videogame que mostra bem a situação plana e sem campo de visão. Toda o monitoramento que o morador puder ter por conta própria é bom para nós.
     O bom humor contamina.
     Aquela nossa mania de dizer as coisas sem dar chance para resposta também mereceu uma graça.
     _Se fosse eu, deixava aleijadinha, num cantinho, assistindo televisão, sem incomodar ninguém.
     Tem um colega por aqui, ouvi algumas frases compatíveis com um criminalista.
     Por falar em Curitiba, também:
     _Como é que é ficar na sombra com um calor desses?
     Estando bem tratada, com água gelada, cadeira de descanso e gentileza, melhor é praticamente impossível. 
     Pilhéria. Descanso esclarecedor. Disciplina, necessidades, contar com gente séria e manter a força de vontade nisso tudo.
     Agora uma história de santo - nós, batistas, estudamos os santos.
     "Conta-se que Santo Antonio discursava e ninguém lhe dava atenção. Observando que a plateia não lhe dava atenção ele parou de discursar ao público presente e virou-se para um rio. Fez o discurso para os peixes e os peixes começaram a pular na água do rio como se conseguissem entender o que dizia santo Antonio" Esse é o milagre dos peixes de Santo Antonio.
     Com a graça de Deus, um bom dia a todos.  
  

     

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Mansuetude

Mansuetude


Contemplar
É atitude
Em quietude,


Divagar
Magnitude
Que se alude


Sem lugar:


Mansuetude.

sábado, 25 de novembro de 2017

O Professor de Deus / Comentário

O Professor de Deus/ Comentário


     Se tudo está escrito, falta tirar conclusões. Ainda bem , que para a sorte da humanidade, existem conclusões pessoais, que por si só fazem uma enorme diferença à esse tudo que está escrito.
     Com um mínimo de bom humor, eu diria que seria enfadonho se o mundo fosse igual a uma convenção de regras condominiais. As convenções condominiais são absolutamente necessárias, respeitadas as individualidades dos moradores.
     Ninguém é "professor de Deus", aliás o único que teve esse direito até hoje foi José, o pai de Jesus, que o educou.
     Às vezes, o ser humano merece mais, principalmente os de boa fé. Respeito, sinceridade, consideração são valores que vão além daquilo que simplesmente é permitido, como por exemplo, escolher entre proteínas e carboidratos. As gorduras, particularmente, que fiquem por conta dos chocolates.
     Quando eu escuto muitas histórias, prefiro não fazer crônica; um apanhado geral fica melhor dito.
     Tenho observado gente demais a querer ensinar o próximo, só que, nem sempre, com competência para isso. É isso que aborrece.
     As individualidades fazem parte das escolhas humanas que podem trazer pontos positivos para toda a humanidade.
     Não lembro o didata que celebrou a classe, mas foi muito interessante quando adentrou a sala de aula e fez uma observação:
     _Hoje vocês estão de parabéns! Não consigo ver dois alunos ou alunas com roupas semelhantes. Vejo roupas dos mais variados estilos, todos diferentes uns dos outros. Em vocês, eu acredito. Não são pasteurizados. Os "pasteurizados" além de se vestirem de maneira igual, cobram-se mutualmente por comportamentos iguais. São jovens "chatíssimos" (expressão que significa entediantes).
     Estava tudo certo com a aula: os alnos estavam todos na sala de aula às sete da manhã, o professor estava com vontade de ensinar, a secretária providenciara o livro de chamada dos alunos e cada um diferente do outro. Cabe aqui observar que diferentes e divergentes são termos com significados diversos.
     Ainda é possível levar uma vida harmoniosa sem ter que ficar ensinando o outro sobre o que é ideal.
     Consigo o meu minuto de sossego agora, pois ainda ontem ouvi mais uma lição.
     Também não sou "a dona da verdade", mas tenho alguma certeza de que ser humano é ser humano e, para começar um bom final de semana: Graças a Deus!    
     

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Poema de Algodão

Poema de Algodão


O desconto está pronto,
A loja é tentação,
Não sei se quero e compro.
Essa liquidação

É feita a café pronto
Numa paginação,
E, ou preciso, ou me apronto,
 Ou é saldo de verão.

Nem tudo é contraponto,
Às vezes é a canção
Na qual a pausa aponto;
É um poema de algodão.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Laranja-limão

Laranja-limão

Muda a perspectiva
Conforme a estação,
E a alma sensitiva,

Significativa
Simplificação,
Tem cor inventiva;

Inventa um verão
Laranja-limão.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Sociologia de Supermercado / Crônica de Supermercado


Sociologia de Supermercado / Crônica de Supermercado

     Há uma leve alteração de comportamento entre as camadas sociais chamadas de baixa renda.
     Algumas observações pessoais minhas foram observações pessoais de outras senhoras e senhores.
     Descrevo a situação:
     O marido perguntou à mulher se ela não iria levar a caixa de leite com doze litros e ela disse que essa semana ao invés de comprar a caixa de leite ela iria comprar uma lata de leite em pó.
     Ele perguntou à ela:
     _Espere um pouco. E as crianças vão ficar sem leite essa semana?
     Ela respondeu que as crianças, essa semana vão ficar sem leite de caixa e sem achocolatado.
     Ele olhou assustado para ela.
     _O que é que está acontecendo? Se você quiser, eu pago a caixa de leite e o achocolatado.
     Ela disse que não. Para não zangar o marido, com muita educação, disse que não sabe por qual motivo a auxiliar deles, durante a semana, tomou a cada dia dois litros de leite e secou a lata de achocolatado. Como ela não sabe o que está acontecendo e, mesmo porque não tem queixas da moça, achou melhor que as crianças ficassem sem o costumeiro café da manhã, uma vez que ela substituiria o leite e o achocolatado  por leite em pó e cacau em pó para observar o que é que está acontecendo. Ela não quer reclamar da alimentação dela, mas algo está errado e ela precisa saber.
     Modéstia à parte, eu já consegui uma boa explicação.
     _Eu preciso saber como é que a senhora corrige os meus erros. Se eu achar algo errado com o jeito que a senhora cuida da casa, eu também falo.
     Isso tem origem provável nos novos líderes que chegam às camadas mais necessitadas com uma mensagem rápida. Elas estão aprendendo um novo comportamento e querem que as pessoas que disponibilizam serviços a elas saibam ficar atentas até mesmo para poder valorizá-las como funcionárias.
     Gostei de presenciar a constatar essa nova atitude que mostra uma tendência nova de comportamento.
     Dirigi-me ao caixa e, novamente, o comportamento diferenciado foi observado.
     Eram oito moças humildes e um jovem caixa.
     _Nós vamos fazer um "Luau". Vamos preparar bebidas, muitas bebidas, danças e você está convidado.
     O jovem, segundo ele mesmo, com dezessete anos de idade disse que ainda não tinha idade para beber e perguntou se teria churrasco.
     A resposta das meninas foi chocante:
     _Churrasco de homem. Deixaremos os homens em brasa.
     Eu estava no caixa e virei as costas para ela e disse:
     _Você ainda tem fígado, você tem muito para viver, pensa bem.
     Garotos bons são ingênuos.
     Ele olhou para elas de lado e disse:
     _Vocês vão fazer a festa num lugar onde o filho pede ajuda da mãe e ela não vai.
     As moças retrucaram:
     _Ah, vai muita gente. Na saída da chácara um faz companhia para o outro até o ponto de ônibus.
     Eu fiquei aborrecida ao presencia o tal de bullying para tentar o jovem a tudo que é mal para ele.
     Um senhor também começou a prestar atenção à conversa. Era funcionário do mercado e certamente comentará a situação ocorrida com o garoto.
     Eram oito moças, as quais considero de má conduta. Jovens imitando o lado errado de outras jovens, talvez bem nascidas, que colocam em risco os jovens de boa índole.
     Se imitam um mau comportamento porque desejam uma vida boa, estão se conduzindo a uma seleção natural, onde o mais forte sobrevive.
     Enquanto isso, no mundo há guerras, mesmo que surdas; há miséria; há a tristeza da falta de tudo pela qual os refugiados e os afligidos pelos desastres naturais atravessam.
     Cuidado com isso.    
     

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Absolutamente Diferente / Crônica do Cotidiano

Absolutamente Diferente / Crônica do Cotidiano

     Quando eu entrei na fila do caixa, a moça concluiu:
     _Aí eu fiquei com o gato.
     A caixa a olhava estupefata e eu olhei para as duas.
     _Posso lhe contar a história do gato?
     Imaginem a resposta, o sorriso e a expectativa para ouvir a história.
     Vamos a história à qual procuro ser fiel à narração:
     "Eu tenho duas gatas. Uma delas fica nervosa quando eu recebo visitas, é ciumenta. Essa gata praticamente não me deixa em paz enquanto eu recebo as visitas. A outra gata é muito braba. Por qualquer motivo ela arranha o sofá, briga com as cortinas, derruba os objetos de cima da mesa e, tudo isso porque é o jeito dela ser.
     Eu não queria mais nenhum animal de estimação em casa porque as duas gatas ocupam a casa inteira.
     Hoje, quando eu fui fazer algumas compras para deixar o jantar encaminhado, aconteceu algo diferente. Um bando de passarinhos atacava um gato e o bicavam impiedosamente. Eu espantei os passarinhos, peguei o gato no colo e andei algumas quadras pensando nas minhas gatas e procurei um bom lugar para deixar o gato.
     Numa praça , dessas praças pequenas, que existem nos bairros distantes, eu vi algumas crianças. Pensei que alguma delas possivelmente iria pegar o gato assim que eu o soltasse.
     O gato, no entanto correu para uma loja que fica no outro lado da praça. A dona da loja empurrou o gato pra fora da loja com os pés. Não pegou no colo e nem nada.
     Eu peguei o gato no colo novamente e saí dali.
     Andei mais algumas quadras para observar um lugar onde eu pudesse deixar o gato.
     Nesse meio tempo o celular tocou e eu coloquei o gato no chão para atender o telefone.
     O gato não saiu do meu lado e eu me sensibilizei.
     A lembrança das gatas me fez voltar à razão e eu andei mais um pouco.
     Vi que, numa rua, de todas as casas ouviam-se latidos e miados. Aí eu pensei que eu poderia deixar o gato ali e que logo ele arranjaria onde ficar.
     Soltei o gato no chão e ele, ao ouvir outros miados, miou também querendo se enturmar.
     Por um momento eu fiquei feliz.
     Ao ouvir o miado, apareceu um cachorro na rua e ele veio latindo e me pareceu que ele iria atacar o gato.
     Naquele instante tomei uma decisão. Olhei para o gato e disse:
     _Vamos para casa que agora você tem dona.
     É uma história difícil de acreditar, não é? Foi o que aconteceu. Ele já recebeu cuidados e ração.
     Eu estou surpresa por passar por tudo isso e por isso conto essa minha história."
     Eu não disse nada, fiquei boquiaberta com a narração.
     Em todo caso foi uma história interessante.

       

domingo, 19 de novembro de 2017

Luxo

Luxo

Para essas tardes quentes
Quero os cabelos soltos,
Dourados e revoltos,
Sem escovas presentes.

Pensamentos e pentes
Que modelem os outros
Semblantes nascedouros,
Sem enfeites pingentes

Que sejam consistentes.
São esses momentos, poucos,
Verdadeiros tesouros
Das almas transparentes.

sábado, 18 de novembro de 2017

Alento


Alento

Para entender,
Leva algum tempo;
Entendimento

De se mover
Um pensamento
De acendimento

Ao agradecer

À Deus, o alento.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Fluir

Fluir


A seguir
É a manhã
A luzir,

Que há de vir,
Sempre irmã
Ao existir.

Ao amanhã,

Deixe fluir.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

É Feio Morrer de Amor

É Feio Morrer de Amor

     Era moça solteira já passada da idade de namorar. Trabalhava, cozinhava e cuidava das ordens da casa. Também tinha como defeito um certo perfeccionismo que a tornava aborrecida à convivência social.
     Alguns parentes e amigas de trabalho a visitavam de quando em quando.
     Vivia sozinha e de certa forma, a impertinência dela a segurava de qualquer queixa.
     Um dia, durante uma visita, ela comentou que um parente estava a visitando e que ele era muito solícito e gentil.
     _O que é que ele quer aqui? Perguntou o seu irmão.
     Ele riu-se e desdenhou da pergunta, Disse que era uma boa conversa para alguém que passara a vida em trabalhos, pesquisas e cozinha.
     Passados dois meses, a visita familiar se repetiu.
     A conversa se repetiu.
     _O que é que ele quer aqui? É homem que conhece muito e vive em luxo.
     O desdém se repetiu.
     A família disse ao homem:
     _Deixa de se aborrecido, homem de Deus. Deixa que ela se distraia. Afinal, enquanto ela conversa com outras pessoas ela para de ser tão exigente com os outros.
     O assunto morreu por ali. Ninguém perguntou nada e ela não comentou nada mais.
     Passado um ano e meio, o homem recebe um telefonema:
     _Vocês precisam dar uma ajuda. Era uma amiga dela. Ela chora dia e noite de tristeza de nunca ter se casado.
     O homem, desconfiado, foi fazer-lhe uma visita.
     _Não, não tenho mais recebido visitas de ninguém. Ultimamente tenho me sentido sozinha. Mas estou bem, apenas preciso me distrair.
     A choradeira continuava. Ela se recusava a dizer que chorava.
     _Eu tenho um mal estar, isso passa. Eu te aconselho a cuidar de si e da sua família e dos vestidos que se usam na sua casa. Eu não gosto deles.
     _Não pergunte mais nada.
     A choradeira não passava. Dessa vez parecia saudosa. O pseudo-apaixonado a visitava quando ela melhorava de disposição e a mantinha apaixonada.
     _Não adianta dizer nada, disseram ao homem.
    Mas ele disse.
     Até que chegou o dia em que eles disseram coisas que não se devem dizer. Depois pediram desculpas.
     A moça estava desgostosa e doente; além de doente dizia que era melhor morrer, pois nunca havia se casado.
     O médico da família acabou por constatar que era o remédio que causava essa choradeira.
     Ela morreu. Chorava dia e noite no hospital.
     _Desculpem. Eu tenho essas coisas devido à doença.
     Morreu. Sem nunca ter viajado. Sem saber o que seria um banho de mar. Com vergonha de ser solteira.
     No velório riam-se entre si o visitante e mais alguns.
     O homem chegou ao velório e quis fazer uma oração.
     _Amado, que saudades! Se a sua irmã não tivesse morrido, não nos encontraríamos.
     É feio morrer de amor.   
      

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Madre de Deus


Madre de Deus

     Polímnia tinha dezoito anos e cuidava excessivamente da vida do irmão mais novo, parece até que ela tinha um pouco de ciúmes das liberdades dadas aos garotos da família.
     Um dia ele se atrasou na escola. Ele entrou na escola às oito da manhã e eram oito horas da noite e ele ainda estava na escola? O pai e a mãe garantiam que ele estava lá. Polímnia reclamou tanto desse atraso que irritou a paciência deles.
     _Vamos até a escola buscar seu irmão.
     Chegando em frente da escola, o casal ordenou à filha que entrasse na secretaria da escola e perguntasse pelo irmão. Ela tinha sido impertinente e deveria assumir a sua impertinência entrando na escola e sendo absolutamente "chata" para a secretaria da escola.
     Envergonhada de ter reclamado tanto, Polímnia foi até a secretaria da escola e perguntou pelo irmão.
     _Ah! Polímnia está aqui, que bom. O seu irmão está no laboratório de informática. Hoje eles desmontaram um computador de mais de cinquenta quilos e o estão montando novamente, verificando os rolos de fita, as transcrições e todas essas parafernálias que os meninos adoram.
     Polímnia pediu desculpas à secretária.
     _Não, Polímnia, não peça desculpas, eu quero conversar com você.
     Polímnia ficou sem jeito. Afinal não era tão mal assim se preocupar com o irmão.
     _A senhora quer conversar comigo? Não precisa, o meu pai e a minha mãe estão lá fora e eu vou avisá-los que está tudo certo e que eu estava errada.
     A secretária disse para Polímnia esperar alguns minutos porque ela tinha algo muito importante a dizer para Polímnia.
     _Esse seu nome é ótimo. Gosto dele porque é original.
     _Hum hum, murmurou Polímnia. Obrigada.
     Polímnia olhou para a secretária com expectativa.
     _Quem me pediu para conversar com você foi a madre superiora.
     Até os ossos de Polímnia se arrepiaram.
     _O que foi que aconteceu?
     A secretária avisou que iria ser objetiva.
     Polímnia disse:
     _Pois não. Estou toda à ouvidos.
     A secretária engoliu a saliva e continuou.
     _O seu pai teve uma briga familiar. Você pode pensar daqui há alguns anos que essa briga foi uma bobagem. Não foi. Ele está certo. Faz o que é certo perante Deus. O que a humanidade pensar não poderá te interessar a esse respeito.
     Polímnia sentiu-se empalidecer. Como é que aquela senhora sabia dessa particularidade da vida do pai dela.
     _Não se preocupe Polímnia porque não traímos as confissões de nenhum confessionário secular. Você crê em Deus?
     Polímnia disse que sim e muito e que tinha motivos próprios para essa crença.
     _Eu acho que eu não entendi.
     A secretária continuou a explanação, conforme fora pedido a ela.
     _O pecado está na alma e não nos bailes e eu sei que você vai muito aos bailes das boas sociedades.
     Era verdade. Essa constatação fez com que Polímnia sentisse um certo alívio. Era festeira. e isso não era pecado.
     _Graças a Deus.
     A secretária continuou:
     _Você poderia ter estudado com as irmãs do colégio ao lado, mas a obra do mal não permitiu. As moças fizeram o mal porque quiseram e que não culpem os políticos ou as forças pelo que fizeram. A madre superiora sabe de tudo.
     Polimnia respondeu, com certa humildade:
      _Sim senhora. Com todo o respeito, o que está feito, está feito. Mas há outros caminhos a seguir.
     A secretária sorriu com um ar de quem estava praticando a caridade.
     _Polímnia, você sabe os dez mandamentos?
     Polímnia fez um jeito de obviedade.
     _Sei.
     A secretária a desafiou:
     _Qual é o segundo mandamento?
     _Honrar pai e mãe.
     A secretária ordenou:
     _Faça tudo o que puder por eles.
     Polímnia sentiu vontade de chorar, ficou com medo de algo ruim acontecesse a eles.
     _Porque tem quem os desonre a alma e não será você. A madre pede que você os ame com toda a pureza da sua alma.
     Essa era uma conversa complicadíssima para alguém de dezoito anos.
     _Eu pensei que pecado, bem a senhora sabe o que nos ensinam sobre o pecado?!
     A secretária sorriu.
     _Não é o seu caso. A madre superiora também sabe disso. Falam tanto a seu respeito que ela pediu que eu a conhecesse pessoalmente. Trata-se aqui do cumprimento do que é sagrado quando se fala em pecado. O pecado contra Deus que é praticado pela vontade do maligno.
     Polímnia olhou para a secretária assustada, aliás Polímnia era cheia de caretas, uma para cada expressão sentimental.
     _Posso fazer uma pergunta?
     A secretária disse que sim.
     _A situação foi tão horrível assim?
     A secretária baixou a cabeça, triste.
     _Foi. Imagine uma situação tão feia onde a madre superiora de um convento pede humildemente para que de converse com uma jovem, tão jovem que sequer pode imaginar esse mal.
     Nesse ínterim, o pai de Polímnia entra na secretaria da escola.
     _Boa noite, tudo bem? Eu estou esperando o meu filho e mandei a menina vir perguntar a respeito da aula e ela não voltou. Bem, são dez horas da noite e eu fiquei preocupado. Pensei que ela tivesse entrado na sala do laboratório.
     A secretária olhou para ele satisfeita. Feliz com a expressão do rosto dele.
     _Um momento que eu vou verificar.
 Foi ela dizer que iria verificar a aula no laboratório e saem todos os estudantes felizes com a remontagem de um computador de quinhentos quilos. Uma enormidade cheia de firas e folhas de algo chamado Cobol que Polímnia não entendia.
     Garotos eram garotos e, ao ver o pai na secretaria, o irmão de Polímnia disse:
     _Pai, te espero lá fora.
     Essa era a tal liberdade do irmão de Polímnia.
     A secretária despedia-se de pai e filha, mas frisou ao pai antes que ele fosse ver o filho:
     _Eu preciso dizer ao senhor que a sua filha é um doce de menina. O senhor deve se orgulhar dela e ficar ao lado dela em qualquer situação. Eu sei do seu problema e a madre, no convento também. O senhor faz o que é certo perante Deus.
     O homem ficou sério, mas não disse nada.
     _Obrigada. Até mais ver. Boa noite e bom descanso.
     Perante Deus, o assunto é sério. 
      


terça-feira, 14 de novembro de 2017

Orai


Orai

Deus nos livre e guarde
De que algum dia seja
Demasiado tarde
Para ter certeza

Que o Espírito é o alarde
Na alma que coteja
A verdade em parte
E, à Jesus se veja,

Enquanto a vida é arte
Da luz benfazeja
Que assim se reparte;
Orai que assim seja.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Gosto

Gosto


Esse bem estar
Tem sabor de queijo,
Canção de realejo
E café por coar.

Vem sem se importar
Com algum solfejo
Em frente ao azulejo
Para ouvi-lo a ecoar.

Raro de encontrar
Em qualquer varejo,
De graça é esse ensejo
De café com queijo.

domingo, 12 de novembro de 2017

Esmalte de Festa

Esmalte de Festa


Necessidade,
 Numa vaidade,
É se enfeitar.

Que importa a idade,
Se a habilidade
Vem ajudar.

Da humanidade,

Um só abençoar.

sábado, 11 de novembro de 2017

Luz de Vésper


Luz de Vésper


A poesia existe
Onde quiser,
Onde se aviste
Algo qualquer

Que em si, pré-existe
Como aprouver
 Ao que se diste
Se a supuser.

Nem sempre é triste,
Ou meia-colher
De chá de alpiste;
É luz de Vésper.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Louvação

Louvação

A superação
Nasce sugerida,
Não é educação
Que é desenvolvida;

É alma e vocação,
Livres de ferida
À feliz canção
Assim movida.

É uma louvação 
Desapercebida
Nessa notação.
À Deus, glória e vida.

  

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

A Natureza

A Natureza

A natureza
É essa incerteza
Que continua
Com toda a lua;

À maré acesa
Não é nova, é alteza
Do que acentua:
A cidade e a rua.

Essa presteza
Vem da agudeza
Que se atenua
Quando flutua.


quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Alegoria

Alegoria

Habitat musicado,
Bem vindo todo dia,
Faz-se em dia compassado
Num pensamento guia

Que fica lado a lado,
E, ao sono, memoria
Um compasso guardado
Que em si desanuvia.

É poema de anjo alado
Que mantém a harmonia
Quando o dia é acompanhado
De alguma alegoria. 


terça-feira, 7 de novembro de 2017

Ideário Coletivo / Reflexão Particular

Ideário Coletivo / Reflexão

   
     Definologia. O ideário coletivo conscienciológico é o conjunto das idéias dos conscienciólogos referentes à compreensão racional, vivencial, compartilhada, debatida e referendada dos temas relacionados à consciência enquanto mais importante e prioritário objeto de estudo, buscando identificação de problemáticas evolutivas e apresentação de solucionáticas cosmoéticas multímodas.
     Vamos agora ao beabá desse conceito: um grupo de pessoas ao seu redor espera que você seja e se comporte conforme a expectativa do grupo.
     Lá na igreja ensinaram que, às vezes, não adianta teimar com o imaginário coletivo. Quando numa expectativa nada há que possa te prejudicar, comporte-se coforme o grupo de pessoas espera que você se comporte.
     "Tô nem aí."
     Apesar de "Tô nem aí." da minha parte, contrariei um pouco as expectativas ao ir ao PROCON.
     Simplesmente é impossível corresponder todas as expectativas que os outros têm de nós.
     Nos demais assuntos, serei "Tô nem aí." Mas não vou.
     Pessoas não são clichês, mas querem clichês.
     Pensamos muito e criamos a satisfação da vontade de um grupo e vamos seguir com o clichê sem que percamos a verdadeira identidade.
     Dentro do estilo "Tõ nem aí." a criatividade estará à solta.
     Mas de maneira própria. 
     Porque o PROCON é sério e não brincamos com assuntos sérios.
     Agora: por que estou convencida de que perante esse grupo de pessoas é essencial esse estilo.
     Outro dia ouvi uma palestra de gente bastante equilibrada. Isso foi há pouco tempo e me fez refletir muito.
     _De que vale ter uma casa com quatro quartos, dependência completa para a empregada, garagem para mais de um carro e ser assaltado inúmeras vezes?
     Mais alguém vendeu tudo e foi embora.
     De outra cidade que não Curitiba ou litoral.
     Essa palestra foi interessantíssima.
     Mudando de assunto:
     Agora, só para os adversários, um fotografia do meu dedo. Para não virem atrás de mim com o único intuito de olhar o meu dedo:

Ao esmalte:

     
editada 12/11/2017
     Magoa virem olhar o dedo.
     Duas semanas e bye-bye manchinha na unha.
     Há uma nova moda por aí de não perguntar porque não querem acreditar na resposta verdadeira.      Resposta verdadeira: Isso não é nada.
     Seria muito mais inteligente comprar o spray que limpa a tela do seu telefone celular para que não aconteça o mesmo.
     Para escrever um texto desses, só mesmo no melhor estilo "Tõ nem aí."
     Agora, com o humor melhor, esse grupo parece ter estilo europeu. Uma propaganda europeia perguntava se você saberia o melhor a ser comprado e a resposta era o jargão:
     "J'e decouvre. Eu descubro. Eu não sei escrever em francês definitivamente.
     Sugiro que experimentem uma lasanha de sépia na manteiga com quatro queijos.
     _Por que você está sem esmalte?
     Resposta correta: Porque estou esperando a manchinha da unha desaparecer.
     Às vezes é uma obrigação ter esse estilo "Tô nem aí."
     Tirando o esmalte das unhas, estou muito bem.
     Sem direito de resposta aos curiosos, resta o blog para que se responda adequadamente.
     Eu tenho muito o que fazer à sério. 
     Grata pela paciência e pela leitura.
           

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Fluidez

Fluidez


Pensa uma vez
E escreve à giz
A sensatez.

Sem mais porquês
Fica feliz
Com a fluidez

Desse talvez

Que não se quis.

domingo, 5 de novembro de 2017

Devagar

Devagar

A tartaruga,
Vai vagarosa,
Sem pressa à rua;

Prudência sua,
Flor amorosa
Da casa sua.

Arruma e arruma

E espera a lua.





sábado, 4 de novembro de 2017

Ideia Vaga

Ideia Vaga


O pensamento muda
  Sob o ponto de vista
Do ser sem que se iluda;


Aparece e postula
Em forma de entrevista 
A que veio e, se arruma


À uma ideia vaga e a aluga,

 Mantendo-se idealista.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Mecanicista


Mecanicista

Baixando,
Instalando
E atualizando...

Cansando,
Contrariando:
Sim, silenciando.

Expando
E me abrando
De quando em quando.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Grão-de-Areia

Grão-de-Areia


Quando refletida,
A areia permanece
Em luz recolhida
Ao bege, e aparece.

Luz desconhecida,
Que, ao tédio, acontece,
Em contrapartida
Ao dia que entristece,

Mostrando-se à vida,
Que se estabelece,
Meio que de enxerida,
E brilha e enternece.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Recordações

Recordações


A saudade transformada
Numa útil aprendizagem
Vem mostrar-se iluminada,
Num sorriso que é a mensagem

Da esperança renovada
Que, com fé, tem-se a coragem,
De seguir a caminhada
Como fosse uma moldagem

Ao espírito acrescentada.
O louvor pede passagem
Numa lembrança abençoada;
À todo dia, uma homenagem.