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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sábado, 4 de junho de 2016

Cálculos em Voz Alta / Crônica de Supermercado

Cálculos em Voz Alta / Crônica de Supermercado



     Encontrei uma boa fila no supermercado. Aquelas conversas entre conhecidos, e ainda é uma boa ideia apreciar as conversas para fazer o tempo passar rápido.
     A senhora conversava com a outra que estava à sua frente. A senhora da frente estava comprando biscoitos para cães. O cachorro dela adoecera e fez tratamento veterinário. Para fazer um mimo ao seu bichinho de estimação ela levava biscoitos e dizia que, embora um pouco caros, o seu cachorro merecia um agrado.
     _Eu sei como é isso: Au, au e a gente trata bem o bichinho. Miau, e a gente leva o cachorro ao veterinário. Cachorro não mia.
     A senhora da frente ao ouvir o sotaque, digamos assim, não deixou a conversa se prolongar muito atendendo as próprias compras.
     Chegou a vez de ela ir ao caixa.
     Ela colocou as compras sobre a esteira e pegou uma caixa de leite e disse:
     _Mais um! Por favor.
     Eu prestei atenção ao “mais um” porque pensei no blog e no Google, mas a caixa não entendeu.
     _Como assim mais um?
     Ela respondeu: uma caixa de leite e mais um litro. O leite acaba antes da semana e esse “mais um” me permite que eu volte ao supermercado no próximo final de semana.
     A caixa perguntou:
     _Treze?
     A mulher disse que não, era uma caixa fechada de leite e esse litro a mais=mais um.
     A caixa apontou para aquela luz e passou os preços dos litros de leite.
     A essa altura eu coloquei os meus itens sobre a esteira esperando pela minha vez.
     Passados todos os produtos do carrinho à frente a moça apontou para o total da conta.
     A senhora olhou para a caixa, sorriu e disse:
     _Plim, plim, plim, mais cem.
     A caixa olhou para a mulher sem entender.
     A mulher deu o cartão do banco para a caixa e disse: mais de cem reais. Três plins.
     A moça passou o cartão torcendo para que a senhora não dissesse nada na hora de bater a senha.
     Ela não disse nada e bateu a senha, mas ao receber o papel comprovante do pagamento das compras, não teve dúvidas:
     _A coisa é assim: um “póing” e a gente acaba comprando demais. Bom final de semana.
     Chegou a minha vez. Austera, séria e com jeito de quem não quer conversa. Sem plim, au, miau ou póing.


Um comentário:

XicoAlmeida disse...

Hoje tive numa caixa"armada" em empatar...
Conversa, risos e o meu extremo.
Senhora, vim comprar e pagar e ir para casa, empertigada, clamou por seguranca e fui identificado. Mais tarde voltei e deixei um sorriso.
Vinganca suave!