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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Boa Conta / Crônica de Supermercado

Boa Conta / Crônica de Supermercado

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Conto o milagre e não conto o santo, frase tipicamente brasileira.

Se não existisse papo furado no supermercado, não seria possível compartilhar essa experiência vinda de outra freguesa.

Sem sofisticação falava dos seus ganhos e do que, orgulhosamente, fazia pelo filho.

Vamos às contas expostas com alegria ao público circunvizinho:

_Eu ganho quatro mil reais por mês (R$4.000,00) e pago dois mil reais por mês (R$2.000,00) de mensalidade na faculdade do meu filho. Sou divorciada do meu marido e vivo com o meu filho. Almoço no emprego e ainda ganho vale-refeição para o lanche da tarde. Moramos numa cidade próxima, onde o custo de moradia é mais barato. Ligamos as luzes da casa entre às sete e meia e a apagamos às dez horas da noite. Lavo as roupas uma vez por semana e passo, igualmente, uma vez por semana. Com a boa utilização da energia elétrica, pago a tarifa mínima.

Perguntaram sobre os gastos do filho. O pai dele, certamente, o ajudava.

_O pai dele ganha igualmente quatro mil reais por mês R$4.000,00 e nós nos damos bem e fechamos um acordo para que ele possa levar a vida dele bem e ajudar o garoto. Ele dá para o filho quatrocentos reais por mês (R$400,00). Com o dinheiro que ele ganha do pai dele e o meu vale refeição não passamos necessidade. Ele compra marmita de uma conhecida que cobra dez reais a porção e ainda sobra dinheiro para que ele saia aos finais de semana com os amigos.

Na ponta do lápis é uma possibilidade matemática. Parabéns! Disse alguém.

_Não é somente na ponta do lápis, a sorte nos favorece porque não nos incomodamos de morar noutra cidade. O ônibus que pegamos tem poucas paradas e levamos quarenta minutos até a nossa casa. Se esse tempo for pensado em termos de cidade grande, é pouco. Nós acordamos descansados para o dia seguinte, o que para ele, que estuda, faz muita diferença. Ele consegue a qualidade nas condições físicas para estudar. Outros estudantes se preocupam com onde achar vagas para os seus carros e onde encontrarão um bom refeitório estudantil. O meu filho, não. Ele come um sanduíche no horário do almoço e janta à noite, comigo. É sorte encontrarmos todas as facilidades. O estudo foi em escola pública! O meu filho é o meu herói.

A mãe tinha motivos para estar orgulhosa do filho. Ela não percebeu a comodidade que ela deu ao filho e ao seu ex-marido ao fazer o acordo que facilitou a vida deles todos. Essa mulher soube lidar com a dificuldade da separação de uma maneira muito particular.

São histórias diferentes e curiosas as dela, porque a sorte realmente a ajuda.

À tarde tem jogo. Boa Sorte Brasil!

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