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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Saudades / Crônica do Cotidiano

Saudades / Crônica do Cotidiano

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É gostoso rever os amigos, saber com quem casaram e quantos filhos têm. Também resumimos os últimos anos em alguns minutos, o que os amigos escutam com carinho e, por despedida a gente se abraça e diz que ainda se vê.

Revi alguns amigos e as histórias foram boas.

A saudade faz parte da vida da gente e é emocionante rever alguns amigos e querer que eles sejam felizes, saudáveis e usufruam o que a vida possa oferecer de boa.

Nesses encontros que ocorreram durante esses dias, aproveitei para me avaliar e saber o que ficou de bom.

Estava nesse mundo inefável, quando chega alguém e diz:

_Estou muito aborrecido com você porque você não sente saudades de mim.

Infelizmente não posso fazer nada a respeito e o meu olhar contou a verdade.

Tratou-se de uma constatação.

Estaria bem melhor se a ausência de saudades da minha parte não fosse desafiadora.

_Você vai sentir saudades de mim!

Saí para me distrair e me veio à memória de outro dia no supermercado, onde alguns fregueses, numa conversa próxima, citaram várias vezes o nome desse conhecido.

Para ser sincera, não era tema de crônica e eu ignorei a conversa.

Vendo a mágoa nos olhos dele, tentei fazê-lo entender. Contei de uma cena maravilhosa que vi pela manhã e de como eu não tenho talento para tirar fotografias.

De fato, frustrou-me não ser hábil para tirar foto do estudante pedalando a bicicleta e segurando o guarda-chuva nesse brusco dia de outono. Contei que abri a janela e me senti em Paris e que uma gaita parecia soar aos ouvidos. Naquele momento percebi a minha falta de habilidade, pois não teria tempo de tirar a máquina fotográfica ou mesmo pegar o meu celular sem que o ciclista estudante saísse da minha vista. Apreciei o momento e segui o rumo conforme o dia exigiu.

_Talento a gente faz, constrói-se.

Pedi desculpas, mas não concordei.

E, ao não concordar, a minha intenção foi dizer que a amizade é espontânea, não depende do esforço racional para existir.

Os amigos e amigas que abraço realmente me toca às emoções, me dizem da compreensão, do desprendimento, da alegria que me dão ao estarem ao meu lado da maneira que podem, com os seus defeitos e qualidades, com os meus defeitos e qualidades, são amizades gratificantes e eu espero corresponder a essa boa vontade com que o afeto se desenrola.

Esforço vão o meu.

Num dia de tantos encontros, eu conversava com outros amigos assuntos da rotina que eu e eles teríamos pela frente, banalidades, mas numa conversa agradável.

A pessoa magoada aproximou-se da roda para mostrar que me escutava.

Despedi-me dos amigos e vim embora. Não continuei o assunto, de nada adiantava.

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