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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O Conto que Precisa de Ajuda!

Este conto eu enviei a um concurso literário. Estava com problemas pessoais e o meu computador pifou e eu fiquei sem ter como escrever aos autores do Concurso.

O conto pode ser publicado sem direitos autorais, mas eu não tenho meios de escrever à Vossas Senhorias que promoveram o concurso solicitando os originais, que podem até mesmo ficar com os senhores promotores do concurso.

Transcrevo o Conto, que foi escrito em 2011 e não foi publicado no blogue até agora. O Concurso era cultural e sem fins lucrativos. Restou-me o recibo do envio pelos correios, mas não tenho o endereço e nem sei a quem me dirigir, pois o conto era dos amigos lusófonos.

Se alguém puder me ajudar nessa questão, ficarei bastante agradecida, Yayá.

O Jardineiro

Havia dois meses que o jardineiro não aparecia para cuidar do jardim. A mãe, dona Antônia pediu à filha, Maria, que à saída da escola na volta para casa, passasse na casa do senhor João de Meira, o jardineiro, e pedisse a ele que viesse até a sua casa para cuidar do jardim.

João era um homem de sessenta e três anos, que morava com a mulher e as netas em uma casa próxima a casa de Maria. Conhecido pela sabedoria peculiar que a jardinagem o ensinara, era bem quisto por toda a vizinhança.

Nesse dia a menina viu João sentado à soleira da porta, como se esperasse visitas.

_Bom dia, senhor João. O senhor tem passado bem?

João assentiu com um meneio de cabeça.

_Mamãe pediu-me que eu viesse até a sua casa para lembrá-lo do nosso jardim. Quando o senhor pode ir até a nossa casa? Pergunta a menina.

João responde:

_Passarei lá no sábado. Estará bem assim, para vocês?

A menina sorri:

_Estará sim.

Chegou o sábado e, bem cedo, sete horas da manhã, o senhor João chega à casa de Maria. Dona Antônia, mãe de Maria, o atende, conversa sobre o jardim, e deixa-o à vontade para arrumar o jardim enquanto trata dos seus afazeres de casa.

Maria o acompanha a cada passo e ele começa a tirar os gravetos secos das folhagens. Distrai a menina para pode lidar com o ancinho e a tesoura:

_Maria, tu queres pegar gravetos secos comigo? Eu retiro um e, depois, você retira outro.

Maria estava ansiosa para ajudá-lo na jardinagem.

João tirou um graveto seco.

Maria tirou um graveto que ainda estava preso à folhagem. O graveto estava seco em quase a sua totalidade, mas no local da junção com o tronco, estava verde e soltava umidade ao ser desprendido.

João tirou o segundo graveto seco.

Maria olhou pela folhagem e decidiu qual graveto pegaria. De novo mais um graveto quase seco.

João tirou o terceiro graveto seco.

Maria, que não estava gostando nada da história, revistou com o olhar toda a folhagem antes de retirar o próximo graveto, que estava igualmente aos outros, quase totalmente seco.

Inconformada, perguntou ao senhor João como é que ele conseguia e ela não conseguia retirar gravetos secos.

João respondeu:

_A experiência me ensinou e um dia também te ensinará a não ferir desnecessariamente.

Maria viu-se despreparada para recolher gravetos secos e correu pelo jardim. Reparou que o formigueiro junto à cerca havia desaparecido e disse:

_As formigas foram embora!

O senhor João, riu-se da inocência e respondeu:

_Não percebestes que eu podei o formigueiro? Quando eu aqui estive, no mês passado, eu o desmanchei. Hoje elas estão junto ao portão de entrada. Podemos controlar os formigueiros, mas ninguém se livra das formigas e as suas mordidas por todo o tempo. Elas se reorganizam e não se cansam de refazer o seu ofício. As formigas não conhecem o descanso e o lazer. Elas se mudaram e estão de casa nova. Mantemo-las afastadas da casa e essa é a minha obrigação; bons jardineiros controlam os formigueiros.

O jardim parecia enorme e repleto de aventuras para a exploradora de jardins chamada Maria.

O senhor João enfeitava o jardim se inspirando na alegria doce e terna de Maria. Os dois se divertiam: o primeiro porque sabia demais e era bondoso e, a segunda, porque nada adivinhava nesse jardim tão seu pertencente à sua casa e, tão estranho agora que o jardineiro cuidava dele.

De repente, o senhor João fica sério, um ar grave de quem avista uma tragédia.

Maria vê essa fisionomia que é igual a da sua mãe quando se zanga e resolve se calar. Na certa, ele dirá aquilo que o incomoda.

O senhor João diz com energia:

_Maria, veja isto!

A menina vê uma árvore nova próxima da casa e diz que é uma árvore bonita.

João protesta veemente:

_Maria, entenda a situação: esta árvore nasceu por entre as palmas que eu plantei para que nenhuma outra planta nascesse junto à casa de vocês. É uma árvore má, de índole péssima. Tu conhecias plantas más? Sabes tu o que ela, a árvore, pretende? Pois eu te digo! Ela pretende matar todas as palmas que eu plantei com a raiz e com a sombra que evitará que elas tomem a luz do dia. Depois de mortas as palmas, ela entrará na tua casa sem que ninguém o perceba, infiltrando-se na fundação e a encharcando. Ela apodrecerá a sua casa e a derrubará. Essa árvore é muito má. Embora prometa bondades, ela destrói. Ela faz maldades para o ser humano. As palmas são plantas protetoras das casas. Aprenda que plantas más não se apresentam como ervas daninhas, às vezes se apresentam como árvores belas e limpas. Eu não gosto de dar-te ordens, mas me vejo obrigado a fazê-lo. Esta árvore não presta. Fiques longe. Eu cuido do jardim e não sei que animal, ou planta, ou vento a trouxe até aqui. Árvores não nascem espontaneamente no meio das palmas e este é o perigo.

Maria pensou sobre o senhor João. Ele era um homem da inteira confiança da sua mãe e entrava na sua casa há anos a fim de cuidar do jardim. Era melhor obedecer e não se aproximar, nem mesmo com o jardineiro por perto.

João chama a mãe da Maria e pede para que ela saia com a criança. Ele precisava tirar aquela árvore dali e não colocaria a segurança da menina em risco. Depois, era triste para ele verificar a peçonha existente na natureza das coisas. Nem as plantas escapavam do mal, do vil, do que é tirano.

Assim foi feito. O jardim e o senhor João ficaram a sós. Quando elas voltaram, não tinha árvore nenhuma junto a casa. Assim o jardim foi limpo.

2 comentários:

chica disse...

Que linda história desse jardineiro que tudo conhecia e sabia sobre suas amigas plantas e respeitava as amigas humanas. beijos,chica

XicoAlmeida disse...

Lindo Yayá, pena não poder ajudar.
Tanta lição neste belo conto, a tirar dos gravetos, das formigas e até da árvore má.
Tanta sabedoria que transmite este jardineiro da vida.
Abraço.