Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Cada Uma / fábula popular…

Cada Uma / fábula popular...

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Essa história eu ouvi de passagem, como se fosse sem querer, e, provavelmente foi sem querer, mas querendo ouvinte.

E foi sem falar comigo, como deveria ser.

_Você sabe como é que se mata um sapo? Alguém perguntou para outro alguém.

Eu ali, na fila. Nunca brinquei com sapos na minha vida. Pelo menos, dos grandes, eu ficava longe.

Esse alguém continuou:

_Posso te contar a história de como se mata um sapo?

O outro alguém disse que sim, mesmo com fisionomia de desagrado, adivinhando que a história seria nojenta.

O outro então contou a história.

_Você coloca o sapo dentro de uma panela com água fria, mas com tudo que o sapo possa gostar. O sapo fica ali na boa, sem preocupações. Depois, você liga o fogo baixo. Como o sapo está se divertindo, ele pensa que o sol aqueceu a água. Não imagina que é o seu fim. Entendeu?

O outro alguém disse que sim.

A história foi nojenta e ei o olhei com seriedade.

_Você também entendeu? Perguntou-me com o olhar.

Eu disse que sim.

Sabem o que ele fez? Disse:

_Ótimo. Ponto final e não se fala mais nisso.

Sei que não consegui comer nenhum biscoito durante as duas horas seguintes. Que história?!

Se alguém souber se essa história tem autor, que me conte.

domingo, 29 de setembro de 2013

Papo Oblíquo

Papo Oblíquo

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Duas colegas se encontram doze anos depois de terem deixado o emprego. Giovanna e Celina.

Giovanna se lembra de Celina pelo nome e pela personalidade da outra. Celina lembra vagamente de Giovanna. Depois que a Giovanna assumiu o seu posto na diretoria, elas deixaram de conversar, ficando as conversas restritas aos assuntos da empresa.

Agora as duas estão com postos iguais na nova empresa.

Celina fala da empresa anterior e diz à Giovanna que faz tempo que elas se conheceram e, depois perderam o contato; precisam conversar de novo para saberem uma da outra.

Giovanna assume a antiga postura e diz:

_Agora você é do nosso grupo. Você acaso pensa que as nossas outras amigas se esqueceram de você? Está muito enganada. Todas nós queríamos nos reencontrar com você. Você se lembra delas?

Celina diz que se lembra de toda a turma, assim como também se lembra das dificuldades do antigo emprego.

Giovanna diz que era o gerenciamento do pessoal que não correspondia às expectativas.

Celina lembra à amiga que estão ambas em um novo emprego e diz que ela não era da diretoria. Diz que está contente nesse ambiente de trabalho e que não quer comentar sobre a empresa anterior.

_E as nossas amigas? É bom que nos vejamos todas.

Celina diz que é bom rever a todas elas, mas por que conversar sobre ambiente de trabalho ao invés de conversar assuntos bons, e, depois, aquele tempo já passou.

_Podemos conversar sobre as nossas atividades hoje. Somos mais experientes, temos uma nova perspectiva de vida, mudamos.

Giovanna conta que algumas das amigas continuam na antiga empresa.

Celina se ri da situação. De certa forma, a Giovanna trouxe todo o grupo de amigas daquele tempo. Era bom conversar com ela. A proposição de Celina, no entanto, a deixa numa situação de ter que tomar uma posição. Ela está bem no novo emprego e se desenvolveu, estudou, é uma pessoa decidida e, não poderia deixar que a Giovanna assumisse toda a situação sobre emprego e amigas tangentes à sua vida.

Celina reflete e diz à Giovanna que quer rever as amigas, mas sem colocar os assuntos de trabalho como ponto de interferência nessas amizades.

Giovanna concorda com Celina, mas diz:

_Amiga, agora estamos juntas de novo. Eu não disse a você naquela época, mas eu queria estar ao seu lado desde aquele tempo.

Celina está feliz com a conversa, é bom ser lembrada daquele jeito, numa situação igual. Celina conciliará a situação de acordo com as suas possibilidades. Não faz parte do seu plano voltar para a antiga empresa e não tem certeza quanto à Giovanna, pois ela pertenceu à diretoria e, ela, Celina, não.

Giovanna gostou de se reencontrar com Celina, mas é ainda plena de planos.

Entrelinhas uma se diverte muito com a conversa da outra nas horas de folga. Sinal que os tempos foram bons.

sábado, 28 de setembro de 2013

Poema de Amor e Perdão

Poema de Amor e Perdão

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Mostram-se esses caminhos,

Não mais à escuridão;

Quando a noite faz ninhos,

Nasce o dia e faz clarão.

 

Cantam os passarinhos

Junto à rosa em botão;

Ventos são os seus carinhos,

Vindos dessa afeição.

 

Feita em laços de moinhos

São buquês de emoção,

Fazem som de gramíneos,

Diz do amor ao perdão.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Reflexão sobre Talentos

Reflexão sobre Talentos

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As pessoas são diferentes, gostam de fazer atividades diferentes e todas são boas.

O mal se esconde na não aceitação das escolhas diversas. Cada escolha leva ao seu caminho, são trilhas individuais.

O individualismo é muito criticado nos dias de hoje, mas não podemos confundir individualismo com identidade.

Se, acaso, um grupo de pessoas resolve praticar arvorismo, que pratique: não é ilegal, imoral ou engorda, parafraseando Roberto Carlos.

Existem grupos de pessoas voltadas para outras atividades, tais como as intelectuais, aqueles que trocam a prática de esportes por livros. Os críticos logo dizem que são pessoas que descuidam da saúde, mas não corresponde à realidade. As pessoas podem se dedicar às atividades intelectuais e serem saudáveis.

Quero dizer que a verdade não tem dono, a ciência não despreza a religiosidade, simplesmente aceita-a como característica particular do ser indivíduo.

Critico, e bastante, as vertentes de pensamento que pretender impor como a sua filosofia, a correta.

Há diversas maneiras de seguir o pensamento. Nenhuma filosofia pode ser considerada superior à outra.

Também considero justo que a pessoas defenda o seu ponto de vista, mas impor, jamais. Somente você pode viver a sua vida, mais ninguém.

Fosse ao contrário e não teríamos progresso, ficaríamos todos presos a um falso líder com uma mentalidade tacanha. Seríamos idólatras e colocaríamos objetos únicos para serem seguidas. Objetos de interesses, diga-se, pois temos o metal a permear todos os caminhos dos homens.

Digo, que o meu pensamento é cristão. Esse Homem foi desapegado dos bens materiais.

Penso que toda a imposição de conduta, cuja atitude não implique em contravenção estabelecida por lei, é oligárquica e ditatorial. Em palavras simples, isso é como obrigar alguém a tomar vitaminas sem saber se ele deseja ou precisa; é a lei do mais forte, inaceitável nos dias de hoje.

A liberdade de escolhas dos caminhos a serem seguidos é livre.

Sem falar a língua que não conheço, ou seja, o juridiquês, digo o meu ponto de vista feito num prato de arroz e feijão:

_Jesus Cristo não obrigou ninguém a segui-lo, antes convidou até mesmo os seus discípulos. Todos os que foram com Ele, foram porque acreditavam na sua causa.

Essa liberdade da qual digo, depende de cada um de nós. Não estamos num lugar tão atrasado para que precisemos defender o direito da livre escolha. Mas não podemos deixar de dizer que ela existe de fato.

E de direito também, vide a Constituição de muitos países, inclusive o Brasil.

Concluindo esta reflexão digo que, a minha escolha não depende da sua e, a sua escolha não depende da minha. Não existe juízo de valores no que tange a essas escolhas, existem grupos majoritários e grupos minoritários, ambos precisam de respeito quanto as suas posições filosóficas.

Não sei se foi o tempo, mas hoje estou para pensar.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O Diabo do Avatar de Paula Amélia

O Diabo do Avatar de Paula Amélia

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Paula Amélia criou um avatar para se distrair nas redes sociais sem ter que ficar de conversa fiada como os conhecidos, pois ela tinha atividades reais para serem feitas e a internet ocupa o tempo precioso necessário ao seu dia.

O diabo descobriu o avatar. Foi discreto e não entrou nas redes sociais.

Aconteceu que o penteado de Paula Amélia precisava de uns toques e ela foi se arrumar.

Quando chegou a sua casa, olhou-se no espelho e percebeu que o seu cabelo estava muito parecido com aquele que ela tinha feito para o seu avatar.

Continuou a sua rotina. Surgiu uma festa e ela foi se arrumar e ajeitar o penteado de novo.

Olhou-se no espelho, viu o cabelo à moda do avatar e decidiu-se por experimentar outro salão de cabeleireiras. Marcou a hora com antecedência e foi para o salão na hora certa.

A moça que a atendeu disse que não concordava com nenhum pedido da Paula Amélia, mas faria o seu gosto pelo pagamento do serviço.

_Pagamento do penteado? Mas o que importa para uma cabeleireira não é ver a cliente satisfeita?

Nesse momento, a moça disse quem era:

_Você pode não se lembrar de mim, mas nós conversamos antes. Eu sou a secretária do diabo. Quando a pessoa não o escuta, eu venho para trazer os conselhos dele.

Paula Amélia, ao saber que ela trazia os recados do diabo, mas não estragaria o seu penteado, ficou tranquila e dispôs-se a conversar com ela.

_ O que é que o diabo quer dessa vez?

A atendente não se fez de rogada e disse com o jeito de quem cumpre uma obrigação:

_O diabo não tinha dito para você arrumar o penteado?

Paula Amélia concordou e disse que ele tinha dito algo a respeito disso.

_E o que você fez? Você disse: Eu não estou nem aí para os seus conselhos. E o que aconteceu? Você está fora de moda, ou, melhor dizendo, você está atrasada mais de vinte anos com o seu penteado.

Paula Amélia a ouviu e desconsiderou, pois o diabo era inconveniente há mais de dois mil anos, esse era o jeito dele.

Para não desprezar quem a penteava, perguntou:

_Mas você está deixando tudo em ordem conforme o combinado. Então, por que essa preocupação?

_Porque você não liga para o que ele diz. Pior que isso, você criou um avatar para conversar com gente que não nos interessa, nem ao diabo e nem ao inferno.

Nesse momento Paula Amélia protestou:

_São pessoas com qualidades e defeitos como eu. Não vi ninguém tão sem qualidades que eu não possa conversar para me distrair.

A atendente disse que não era dessa maneira que o diabo pensava.

_O diabo quer você no inferno ao lado dele. Saiba que ele ficou contente quando você abandonou as sapatilhas coloridas e de pano. Hoje você está com um sapato bom.

Paula Amélia ficou indignada com o comentário:

_Pois diga ao diabo que eu estava num hospital e as sapatilhas eram confortáveis!

A atendente não se calou diante dessa afirmativa:

_Confortáveis?! E aquelas sapatilhas com caveirinhas e corações?

Paula Amélia pensou na maldade da atendente. Era essa maldade que a fazia ficar longe do diabo.

No entanto, respondeu:

_O diabo nada tem porque se incomodar com os meus calçados porque eu não ando pelos caminhos dele. E esse seu comportamento? Você está levando a vida muito a sério.

Paula Amélia percebeu que a secretária do diabo se contradisse, pois as sapatilhas com caveirinhas e corações não significavam a vida soturna que o diabo tanto desejava. O diabo não gostava dos traços de alegria colorindo qualquer tristeza. Pelo visto ela conhecia bem o capeta.

_Tristeza existe para ser superada. Tenho a minha vida pela frente. Paula Amélia disse com seriedade para impor respeito.

A atendente riu-se da tolice de Paula Amélia:

_E o diabo respeita alguém?

Para o diabo o que vale é o inferno, pensou e dessa vez Paula Amélia calou-se.

A secretária dele continuou:

_Você não ganha nada em resistir ao diabo. Não ganha luxo, não ganha requinte, não ganha passeios interessantes, e, enfim, não ganha nada que valha a pena.

Paula Amélia também conhecia esse raciocínio diabólico. Não respondeu, pois sabia que ela, a atendente, não iria entender.

O penteado ficou pronto e a atendente deu à Paula Amélia três endereços para quando ela quisesse se encontrar com o diabo.

Paula Amélia leu os endereços e os jogou fora. No entanto, sabia que ele não desistiria.

Quem impede que o mal venha e cause sofrimento é Paula Amélia, não o diabo.

E toda a dedicação é pouca quando se conversa com a secretária do diabo.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Forrobodó / Conto de Humor Negro

Forrobodó / Conto de Humor Negro

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O Sr. José Querêncio faleceu aos 96 anos de idade.

A filha dele, Rosana, realizaria as cerimônias religiosas com missa. Além de pensar com tristeza na morte do pai, pensou na solteirice do filho, que gostava de viajar, tinha namoradas, mas casamento e netos não lhe davam.

Rosana pensou na missa e em quem iria à missa. Uma amiga sua havia enviuvado e tinha uma filha solteira. A moça tinha um gênio difícil e não havia quem a suportasse por mais de algumas horas. Pensou no filho e na possibilidade da filha da amiga conseguir fazer com que ele mudasse de opinião com relação ao casamento. Quem saberia se os dois poderiam se entender se eles não se encontrassem.

Rosana convidou todas as amigas para a missa fúnebre e pediu a uma amiga comum que se encarregasse de convencer a Francisca de ir com a sua mãe até a igreja.

O Januário, filho da Rosana descobriu o plano da mãe e pediu ajuda ao primo.

A Francisca desconfiou do plano e pediu à mãe que não a obrigasse a namorar ninguém.

Foram todos à missa, o Sr. José recebeu as devidas homenagens e orações sinceras. Ele não tinha nada a ver com aquele forrobodó.

Um bêbado mendigo entrou na igreja na hora do ofertório e começou a confusão:

_Seu padre, eu vim aqui para pedir sopa para o jantar.

O padre o ignorou e continuou a missa.

A cesta de ofertas passava de mão em mão pelas filas dos bancos da igreja.

O bêbado passava por entre as filas e observava as doações.

_Ah, então é assim. Para o padre vocês dão dinheiro e para um homem necessitado que queira um prato de sopa vocês não dão nada!

Algumas pessoas ficaram constrangidas com a situação, mas o Januário e a Francisca estavam temerosos do enfrentamento que teriam pela frente, ao final da missa.

O bêbado foi recolhido à sacristia e a missa terminou conforme deveria terminar, com as condolências.

Antes de saírem da igreja a mãe da Francisca determinou à filha que cumprimentasse o Januário e sorrisse cordialmente, nem menos e nem mais porque elas iriam embora em seguida e tudo não passaria de um aperto de mãos, se ela assim desejasse.

Chegaram todos à porta da igreja, Rosana e a família, as amigas e a Francisca.

Para vergonha de todos os presentes, Januário se escondeu atrás do primo e não cumprimentou a moça com um aperto de mãos. Ao contrário, quem a cumprimentou foi o primo dele, casado e com filho, e começou a falar sem parar para que o primo Januário não precisasse abrir a boca.

A mãe dele agradeceu a presença de todos, sinceramente aborrecida com a atitude do filho que parecia ter medo de apertar as mãos da Francisca. Não se conteve e disse em voz baixa, mas o suficiente para que todos a ouvissem:

_Depois, quando as pessoas vêm falar dele para mim, eu tenho que o defender. Que vergonha esse tipo de atitude.

Saíram da igreja as amigas, sendo que a mãe da Francisca e a amiga comum deram-se os braços para se divertirem em cochichos, pois a ocasião não permitia brincadeiras.

Caminharam duas quadras assim e se despediram. Foi nesse momento que o antigo namorado da Francisca apareceu, pois o plano foi tão comentado que até o antigo namorado, sabendo da possibilidade real de não mais ver a Francisca solteira, foi certificar-se de que a megera ainda estava livre.

A mãe da Francisca pediu para que ninguém dirigisse a palavra a ela até o dia seguinte, quando ela teria respostas o bastante para todos os presentes e ausentes que quisessem comentar sobre a missa.

Ninguém saiu sem sorrir naquele dia e Rosana soube mais sobre o filho, deixando-o viver conforme quisesse.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Caixa Postal

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Talvez o tempo te diga

Que fica e que é todo teu,

Sorria ao te ver e consiga

Mostrar o amor que valeu.

 

E então virá o que te abriga,

Resposta à carta a Morfeu,

Dos sonhos feitos de liga

Etérea, além do meu e teu.

 

Que venha assim e coincida,

Unindo agora o apogeu

De anteontem nessa cantiga;

Fazendo o céu ao que se deu.

 

E, sendo assim, se faz dia,

Confiando a quem protegeu

Durante a noite e, bendiga,

A sorte à qual se viveu.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Considerações Reflexivas / Comentários

Considerações

 

Todos nós temos as nossas perdas, e o compartilhamento da dor, por vezes alivia o sofrimento de quem a sente.

Ninguém sente de forma igual, mas todos possuem a sua cota de sofrimento na vida.

Disse inúmeras vezes que a dor do outro também é minha e também é sua, porque é da condição humana o se emocionar e o de se entristecer.

E, nessa condição humana, somos solidários àqueles que conosco compartilham essa perda, mesmo que temporária, pois a vida é condição e procuramos o bem de todas as pessoas.

Outro dia uma conhecida me disse que há quem sofre menos e quem sofre mais. Eu disse que não acreditava nessa teoria, sentimento não tem metro.

Acredito em Jesus Cristo como fonte de consolo e conforto, como O Salvador dos homens. Acredito na condição divina do ser humano, enquanto filho de Deus, que para mim também é Jesus e também é o Espírito Santo.

Também não discuto teologia e filosofia, mas quando Sêneca, filósofo com o qual não concordo, conta no seu livro sobre o túmulo vazio do Cristo, ele confirma a Bíblia, até de maneira a contragosto meu, porque ele critica e muito os cristãos. Desaconselho à leitura, mas se eu li, não vejo motivo para que não se façam estudos críticos a ele.

Por outro lado existem ateus que seguem a Jesus sem o saberem, são aqueles que dizem que além de não o conhecerem, sequer ouvem alguém falar Dele. Repito também esse pensamento, pois a nós não cabe julgar os conhecimentos e os caminhos que os levam a Deus.

Existem horas em que podemos orar, mas quem pode dar o conforto à alma necessitada é Deus.

Digo que tenho consideração por todos os blogueiros com os quais trocamos pensamentos, poemas, e textos em geral.

Esse texto é reflexivo e diz respeito ao compartilhamento do sofrimento de uma blogueira, postado num comentário neste blog. Os meus sentimentos a ela e que Deus a conforte.

domingo, 22 de setembro de 2013

Não Olhe Porque é De Graça / Crônica do Cotidiano

Não Olhe Porque é De Graça / Crônica do Cotidiano

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Todas as pessoas, de vez em quando, põe fora algum objeto que não usam mais, sem pensar em guardar para a doação.

Geralmente isso ocorre quando você já fez as suas doações e, depois verificou que este ou aquele objeto, bem que poderia ter ido junto.

Alguns países, como o Brasil, possuem a coleta de lixo seletiva e, não raro, quando se vão colocar os objetos em separado, você observa que junto ao seu objeto descartado, existem livros escolares, fotografias e objetos curiosos.

Esse é o melhor momento para ser feita a política da boa vizinhança porque é o momento em que o escambo, ou seja, a troca ocorre com boa vontade.

Eu mesma já obtive uma pintura da cidade onde Bach nasceu.

Também já aconteceu de antes de colocar o objeto à disposição no local certo, algum vizinho solicitar o meu objeto como presente e eu o presentear feliz por saber que ficaria em boas mãos.

Vivendo em condomínio aprendemos muito. Mas quando se trata de lixo que realmente não é lixo, é um objeto do qual queremos nos descartar, a situação é deveras agradável.

Essa crônica vem a respeito de uma pergunta que me fizeram hoje sobre esse lixo que deveria estar numa feira de garagem, mas nós não temos feira de garagem aqui no Brasil.

Aquilo que queremos nos descartar vai para uma lixeira em separado e é de quem quiser e à livre escolha. Pega quem chegar e gostar do treco.

Depois do olhar dos moradores e das auxiliares dos moradores, das zeladoras, enfim, somente depois que ninguém quiser o objeto para si é que ele realmente chega às mãos do lixeiro.

O assunto é tão sério que existem vizinhos que chegam a comentar na coragem do outro de jogar fora isso ou aquilo.

Acontece que existem objetos que não queremos mais e, a essa altura, fico feliz por quem criticou e por quem pegou a bolsa de couro sintético, seminova que pus no lixo.

Se eu pus fora, é para que alguém a reaproveite, pois está em excelente estado de conservação.

Vivendo num centro urbano é muito difícil avisar este ou aquele das boas possibilidades, mas não deixa de ser divertido.

Para evitar confusões, temos três a quatro encarregados de separar esse lixo. Eles são as pessoas que garantem que o objeto estava no lixo e esse é um fato importante para todos os moradores. Não existe equívoco quanto ao fato “foi para o lixo” e as negociações passam pelo conhecimento desses funcionários.

Essa é a feira de garagem à brasileira e não sei se pode ser melhor do que é.

Para variar, fica a ideia, para quem quiser aproveitar. É um conceito novo que pode se desenvolver, gerando um melhor aproveitamento daquilo que chamam trash em outros lugares.

sábado, 21 de setembro de 2013

Faixa na Praça

Faixa na Praça

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Eram três. Chegaram à praça. Da mochila, tiraram uma faixa amarela e preta, parecia ser de borracha.

Amarraram a faixa de borracha em duas estacas com menos de um metro de altura distantes em vários passos o começo do final.

O primeiro homem subiu e andou na corda bamba para se certificar que as amarrações estavam firmes.

As amarrações foram ajustadas e a faixa estava firme.

Andaram um de cada vez, do fictício começo até o final, a meio metro de altura.

Depois o outro e o seguinte. Cada um deles admirava a execução do equilíbrio do outro.

Não eram jovens, eram maduros com fios de cabelos brancos visíveis, mesmo à distância.

Admirei-os de longe, não seria eu a tirar a concentração daqueles homens naquela praça.

Foi a primeira vez que presenciei equilibristas em treinamento. Não sei de onde vieram e nem para onde foram.

Sei que foi admirável de se ver.

 

8 / 8

Para que serve a corda bamba?

Fico a pensar na minha infância,

Circo e algodão e pipoca e samba,

Quando o que via, sorria à constância.

 

Lado de esquina e da caçamba,

Praça em que brinca a circunstância,

Rua ao passeio de cravo e gamba,

Lúdico dia em que vi à distância.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Chapéu de Mulher

Chapéu de Mulher

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Vai-se o tempo do chapéu,

Entretanto, fica o véu,

Ocultando o seu rubor.

 

A mulher e o fogaréu,

A gerar tamanho céu;

Ao ser mãe, renasce amor.

 

Por sinal, todo o pitéu,

 

Tem seu rosto sonhador.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A Secretária Eficiente e o Executivo Nervoso

A Secretária Eficiente e o Executivo Nervoso

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Adélia chamou Norma para o lanche e disse que precisava muito conversar com ela.

Adélia era a secretária executiva da empresa e Norma era a secretária mais antiga do local. As duas se conheciam há doze anos. Ambas jamais fizeram um comentário sobre o executivo chefe do lugar.

Porém, neste dia Adélia estava a ponto de dizer ao chefe o que pensava dos últimos meses na empresa. Antes, porém, queria conversar com a Norma, que era experiente e pensar se valeria ou não essa conversa e se ela se prejudicaria com o que tinha a dizer.

Norma, avisada sobre o tema da conversa, foi prestativa e se apressou com as tarefas para não faltar ao encontro. Adélia era ótima secretária, estava há tempos na função e ela não queria que a Adélia fosse prejudicada de forma alguma.

Adélia estava tensa, precisava desabafar.

Encontram-se e Adélia começa a conversa:

_Norma, há doze anos que eu chego no horário, não falto, sei de trás para frente todos os detalhes da minha função, mas hoje ele extrapolou.

Norma perguntou o que ele havia feito.

_Ele disse que estava atrasado e não quis esperar pelo elevador. Assim também não! Eu fico sentada o dia inteiro e não estou acostumada a descer as escadas com o bloco de anotações e a caneta. O que é isso? Ele parece ansioso, mas eu sou a secretária e sei que está tudo bem com a empresa.

A Norma estranhou a novidade, mas disse que ele era um homem competitivo e mantinha a empresa no patamar devido, com planos de desenvolvimento e crescimento empresarial.

_Então é isso o que se passa. No entanto, de nada adiantará os quarenta segundos a mais na fila do elevador. Ele está com chilique e me chama sem parar até a sala dele. Eu estou acostumada a ficar sentada mantendo os contatos e as correspondências em dia. Você não imagina o ambiente nervoso nas salas dele e na minha antessala. Tenho medo de que qualquer dia desse ele passe mal. Não é possível trabalhar desse jeito.

Norma concordou, mas disse que se ele estava assim, de nada adiantaria conversar com ele. Sugeriu a ela para que o convencesse a contratar uma nova secretária para ajudá-la.

_Aí a angústia passa para mim.

Norma era quem poderia pedir uma auxiliar. Foi o que fez e, agora, ambas atendiam o executivo em respectivas funções, mas diferentes: Adélia cuidou daquilo com que estava acostumada a fazer e, Norma o auxiliou nos planos de desenvolvimento da empresa.

Ele mandava, mas as duas cuidavam para que os planos dessem certo.

Ele, o executivo, por sua vez, continuou o mesmo. Era um homem apaixonado pelo que fazia.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Negócios Bruxuleantes – Conto

Negócios Bruxuleantes

 

Amanda saiu da cidade por um período de tempo para cuidar do seu sítio, pois a cerca do galinheiro estava ruída, o pasto das ovelhas sem viço, o cavalo precisava de um domador e a vaca de ordenha.

Lidava na roça e tratava dos bichos de dia e lia à noite.

Terminado o trabalho no sítio, voltou à cidade, ciente que o sítio ficaria bem cuidado pelas pessoas que ela contratara.

Amanda nada soube da sua cidade enquanto esteve no sítio. Ao se aproximar da cidade, porém viu a névoa branca que a encobria e logo desconfiou que tivesse algo a ver com a Gisah, a bruxa da cidade.

Gisah tinha dito que iria parar o tempo na cidade.

Amanda recordava que o amigo Expedito dizia que ela era uma empresária perigosa. A bruxa fabricava e vendia tachos de cobre, mas os produtos eram tão bons que duravam muitos anos e o seu negócio ameaçava falir. Foi nesse tempo que ela começou a se interessar por feitiços e começou com as bruxarias que apavoravam os moradores da cidade.

Um dia, sem mais nem menos, disse aos moradores que iria parar o tempo da cidade até que os tachos ficassem inúteis e eles precisassem de novos tachos dentro de casa. Avisou que criaria a névoa para encobrir o lugar por tempo indeterminado, até quando ela pensasse e pudesse voltar a fabricar e vender os tachos em grandes quantidades.

Amanda entrou na cidade e foi à casa do Expedito. Ele ouviu bater à porta, mas não sabia quem era. Ela, igualmente, não o viu, mas sabia onde estava e disse quem era.

_Como vai você, Amanda? Quando é que você vai ao sítio para deixá-lo em ordem? Se o sítio depende de você, você tem que ir lá e deixar tudo certo. Anime-se e resolva o seu problema antes que ele não tenha solução.

A moça ficou surpresa e disse que acabara de regressar de lá e tudo estava no seu lugar e que tudo estava feito conforme pensou em fazer. Era difícil conversar naquela situação de desencontros temporais. Ela se despediu dele para ir à quitanda dizendo que voltariam a conversar noutro momento.

Na quitanda, fingiu não saber a data e perguntou a ele que dia era o dia de hoje. Ele respondeu que era o dia da bruxa fazer o feitiço para a cidade e que ele duvidava dos poderes dela.

Amanda, ao perceber que o feitiço fora feito e havia funcionado, decidiu voltar ao sítio para que o seu tempo não parasse também, mas, se houvesse alguma maneira de desfazer o feitiço, e o tempo voltasse a correr como as estações do ano mudam, ela voltaria para ali a fim de deixar o tempo do jeito que deveria ser.

Amanda saía da cidade, quando avistou um circo montando as suas instalações nos arredores do centro urbano. Preocupada com a possibilidade de haverem mais pessoas enfeitiçadas, foi até lá e avisou-os para não entrarem na cidade, dizendo que a mesma estava sob o domínio da bruxa.

Quem a recepcionou foi o palhaço, que ao ouvir a história dela, ficou sério e disse:

_Farei a bruxa rir a tal ponto que ela mesma desfará o feitiço.

Amanda disse ao palhaço que a situação não era para piadas e que ele tomasse o devido cuidado caso entrasse na cidade para conversar com a Gisah.

Ele pediu o endereço da Gisah e o obteve prontamente. Caso ele conseguisse desfazer a magia, Amanda pedia para que ele avisasse ao Expedito para ir buscá-la e, para tanto, deixou o endereço do moço com o palhaço.

Amanda seguiu rumo ao sítio enquanto o palhaço pedia à trupe que não adentrasse a cidade enquanto ele não desfizesse o feitiço. Ele sabia que um conselho, no circo, vale tanto quanto a ordem mais severa recebida de uma autoridade disciplinada; valia a vida.

O palhaço bate à porta da bruxa e ela o atende perguntando o que ele quer por aquelas bandas.

_Soube que aqui mora a mulher encantadora do tempo e quero convidá-la para encantar o tempo do circo, deixando a magia no ar e nos corações de todos aqueles que assistirem ao espetáculo.

A bruxa coçou a cabeça:

_Basta ao circo que se instale dentro da cidade. Para que sintam o efeito da magia serão necessários três dias consecutivos, pois ao quarto dia o feitiço estará completado.

O palhaço argumentou dizendo:

_Ocorre senhora encantada e encantadora, que eu não sou o dono do circo. Terei que ir até lá e demonstrar o efeito dessa neblina para que o proprietário acredite no que digo. Peço a gentileza de sua senhoria, senhora encantadora, que me ceda ao menos uma porção da sua neblina para que eu a leve até o circo e a teste.

Gisah disse que não adiantaria nenhuma névoa enfeitiçada a ele.

_Minha admirável senhora, quanto custa um tacho de neblina? Quem sabe eu até o compre.

Ela respondeu, diminuindo a zanga, que custava um rio a ferver e se evaporar, até subir as montanhas para se transformar em gelo, com mais uma noite para esperar, até que o dia o venha a derreter e criar a névoa.

_Este é um preço muito caro para um palhaço que vive de sorrisos e palhaçadas. Por acaso a senhora encantadora não conhece alguma neblina que caiba no bolso deste palhaço?

A bruxa esboçou um sorriso ao dizer a ele que poderia adquirir a máquina de fabricar gelo seco e deixá-lo ligado por setenta e duas horas seguidas em volta do circo.

O palhaço respondeu:

_Fico muito feliz em contar com o seu feitiço genérico, mas como saberei que ele está causando o efeito desejado?

Gisah contou que, sem poder enxergar algo pouco adiante de si mesmo, os integrantes da trupe se ocupariam daquilo que estivesse próximo a eles, das suas coisas e, enquanto isso o tempo passaria sem ser visto ou sentido.

_Minha gentil senhora encantadora, sabedor que sei agora de como o feitiço acontece, logo trarei o circo inteiro para dentro da cidade.

A bruxa desatou a rir, pois acabara de enganar o palhaço. Nenhuma máquina de gelo seco conseguiria o efeito desejado; seria necessário ferver o córrego que passava ao lado do lugar, isso caso o palhaço tivesse dito o lugar correto de onde o circo se instalara.

O palhaço voltou ao circo e pediu permissão para montar uma sorveteria junto ao circo, assim o circo se sustentaria nos dias de poucos frequentadores. Os trapezistas, os malabaristas e as domadoras gostaram da ideia e, o dono do circo, concordou com eles. Perguntaram de onde viria o gelo para manter os sorvetes na temperatura adequada ao consumo, não havia gelo no circo.

_Pegaremos o gelo da montanha! Toda a noite a montanha fica coberta de neve e iremos até lá apanhar o gelo.

O negócio foi feito e a madrugada era de gelo para a trupe, mas não havia sessões matutinas e eles poderiam dormir até mais tarde, porém antes dos ensaios para a sessão vespertina.

A cada dia o palhaço solicitava mais gelo, a cada dia ele ia com os amigos até a montanha para encherem os baldes. O gelo que sobrava, transformava-se em água e corria ao córrego em direção ao rio da cidade.

Gisah não conseguia vencer o rio cada dia mais líquido e a montanha a cada dia mais verde. A névoa se desfazia devagar e constante, fazendo com que a paisagem mudasse até o dia em que os habitantes conseguissem de novo ver as suas próprias casas, a sua vizinhança, as suas ruas e voltariam a viver como antes. O dia chegou e todos olharam os seus relógios, os calendários e perceberam todo o tempo que passou.

O palhaço foi ao encontro do Expedito e contou sobre a conversa que tivera com Amanda antes dela partir. O moço foi buscá-la, conforme a mensagem recebida. Embora o palhaço pudesse mentir, ele gostaria de rever Amanda e o endereço do sítio ele sabia e conferia com o fornecido pelo palhaço. Restou ao Expedito a esperança que o palhaço trouxe.

A fábrica de gelos ia de bem a melhor quando a montanha parou de produzir gelo.

O palhaço disse à trupe que resolveria a questão do gelo e bateu à porta de Gisah novamente. Desta vez ela estava muito mais zangada do que antes e, ao vê-lo, disse que iria pessoalmente até ao circo para enfeitiçar a todos.

_Caríssima senhora encantadora: parar com os feitiços pode se transformar na sua fortuna.

A bruxa recolheu-se e se arrumou. Ordenou ao palhaço que a levasse ao circo.

_Brava senhora encantadora, poderei levá-la assim que a senhora me ouvir, quem sabe, com carinho.

Gisah disse para que ele dissesse o que queria dizer, mas bem depressa antes que ela o transformasse em ingrediente de gelo.

_Vim até a sua casa para lhe oferecer a oportunidade de um grande negócio.

Ao ouvir a expressão grande negócio, ela se interessou.

_Precisamos comprar tachos para fabricar sorvete, precisamos de alguém para fornecer o gelo. Proponho que a senhora expanda os seus negócios e seja a fornecedora de tachos e gelos para a nossa sorveteria.

A bruxa quis saber o quanto ela levaria de lucro nessa proposta.

_A senhora será a nossa fornecedora e lucrará o preço de mil tachos por mês, mas será impedida de fazer magias e terá que voltar a ser humana. Fora desses mil tachos por mês estão descontados os valores necessários para a recuperação da cidade, que a senhora mesma deixou envolta em névoa. A pessoa indicada para a necessária atualização da cidade esteve fora dela nesse período, foi a única que viu o tempo passar com todas as suas transformações e, a senhora não negociará com ela. O circo dará as diretrizes, mas o seu lucro é garantido. Igualmente, a senhora terá que viajar conosco, ou seja, com a trupe, para onde o circo for. São negócios e viagens pagas pelo circo, vantajosos para a senhora.

Gisah coçou a cabeça mais uma vez. A proposta era tão interessante ao ponto de deixar a magia de bruxa para viver a magia do circo, eterna lembrança das famílias felizes.

A bruxa foi-se com o circo.

Viva o palhaço!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O Conto que Precisa de Ajuda!

Este conto eu enviei a um concurso literário. Estava com problemas pessoais e o meu computador pifou e eu fiquei sem ter como escrever aos autores do Concurso.

O conto pode ser publicado sem direitos autorais, mas eu não tenho meios de escrever à Vossas Senhorias que promoveram o concurso solicitando os originais, que podem até mesmo ficar com os senhores promotores do concurso.

Transcrevo o Conto, que foi escrito em 2011 e não foi publicado no blogue até agora. O Concurso era cultural e sem fins lucrativos. Restou-me o recibo do envio pelos correios, mas não tenho o endereço e nem sei a quem me dirigir, pois o conto era dos amigos lusófonos.

Se alguém puder me ajudar nessa questão, ficarei bastante agradecida, Yayá.

O Jardineiro

Havia dois meses que o jardineiro não aparecia para cuidar do jardim. A mãe, dona Antônia pediu à filha, Maria, que à saída da escola na volta para casa, passasse na casa do senhor João de Meira, o jardineiro, e pedisse a ele que viesse até a sua casa para cuidar do jardim.

João era um homem de sessenta e três anos, que morava com a mulher e as netas em uma casa próxima a casa de Maria. Conhecido pela sabedoria peculiar que a jardinagem o ensinara, era bem quisto por toda a vizinhança.

Nesse dia a menina viu João sentado à soleira da porta, como se esperasse visitas.

_Bom dia, senhor João. O senhor tem passado bem?

João assentiu com um meneio de cabeça.

_Mamãe pediu-me que eu viesse até a sua casa para lembrá-lo do nosso jardim. Quando o senhor pode ir até a nossa casa? Pergunta a menina.

João responde:

_Passarei lá no sábado. Estará bem assim, para vocês?

A menina sorri:

_Estará sim.

Chegou o sábado e, bem cedo, sete horas da manhã, o senhor João chega à casa de Maria. Dona Antônia, mãe de Maria, o atende, conversa sobre o jardim, e deixa-o à vontade para arrumar o jardim enquanto trata dos seus afazeres de casa.

Maria o acompanha a cada passo e ele começa a tirar os gravetos secos das folhagens. Distrai a menina para pode lidar com o ancinho e a tesoura:

_Maria, tu queres pegar gravetos secos comigo? Eu retiro um e, depois, você retira outro.

Maria estava ansiosa para ajudá-lo na jardinagem.

João tirou um graveto seco.

Maria tirou um graveto que ainda estava preso à folhagem. O graveto estava seco em quase a sua totalidade, mas no local da junção com o tronco, estava verde e soltava umidade ao ser desprendido.

João tirou o segundo graveto seco.

Maria olhou pela folhagem e decidiu qual graveto pegaria. De novo mais um graveto quase seco.

João tirou o terceiro graveto seco.

Maria, que não estava gostando nada da história, revistou com o olhar toda a folhagem antes de retirar o próximo graveto, que estava igualmente aos outros, quase totalmente seco.

Inconformada, perguntou ao senhor João como é que ele conseguia e ela não conseguia retirar gravetos secos.

João respondeu:

_A experiência me ensinou e um dia também te ensinará a não ferir desnecessariamente.

Maria viu-se despreparada para recolher gravetos secos e correu pelo jardim. Reparou que o formigueiro junto à cerca havia desaparecido e disse:

_As formigas foram embora!

O senhor João, riu-se da inocência e respondeu:

_Não percebestes que eu podei o formigueiro? Quando eu aqui estive, no mês passado, eu o desmanchei. Hoje elas estão junto ao portão de entrada. Podemos controlar os formigueiros, mas ninguém se livra das formigas e as suas mordidas por todo o tempo. Elas se reorganizam e não se cansam de refazer o seu ofício. As formigas não conhecem o descanso e o lazer. Elas se mudaram e estão de casa nova. Mantemo-las afastadas da casa e essa é a minha obrigação; bons jardineiros controlam os formigueiros.

O jardim parecia enorme e repleto de aventuras para a exploradora de jardins chamada Maria.

O senhor João enfeitava o jardim se inspirando na alegria doce e terna de Maria. Os dois se divertiam: o primeiro porque sabia demais e era bondoso e, a segunda, porque nada adivinhava nesse jardim tão seu pertencente à sua casa e, tão estranho agora que o jardineiro cuidava dele.

De repente, o senhor João fica sério, um ar grave de quem avista uma tragédia.

Maria vê essa fisionomia que é igual a da sua mãe quando se zanga e resolve se calar. Na certa, ele dirá aquilo que o incomoda.

O senhor João diz com energia:

_Maria, veja isto!

A menina vê uma árvore nova próxima da casa e diz que é uma árvore bonita.

João protesta veemente:

_Maria, entenda a situação: esta árvore nasceu por entre as palmas que eu plantei para que nenhuma outra planta nascesse junto à casa de vocês. É uma árvore má, de índole péssima. Tu conhecias plantas más? Sabes tu o que ela, a árvore, pretende? Pois eu te digo! Ela pretende matar todas as palmas que eu plantei com a raiz e com a sombra que evitará que elas tomem a luz do dia. Depois de mortas as palmas, ela entrará na tua casa sem que ninguém o perceba, infiltrando-se na fundação e a encharcando. Ela apodrecerá a sua casa e a derrubará. Essa árvore é muito má. Embora prometa bondades, ela destrói. Ela faz maldades para o ser humano. As palmas são plantas protetoras das casas. Aprenda que plantas más não se apresentam como ervas daninhas, às vezes se apresentam como árvores belas e limpas. Eu não gosto de dar-te ordens, mas me vejo obrigado a fazê-lo. Esta árvore não presta. Fiques longe. Eu cuido do jardim e não sei que animal, ou planta, ou vento a trouxe até aqui. Árvores não nascem espontaneamente no meio das palmas e este é o perigo.

Maria pensou sobre o senhor João. Ele era um homem da inteira confiança da sua mãe e entrava na sua casa há anos a fim de cuidar do jardim. Era melhor obedecer e não se aproximar, nem mesmo com o jardineiro por perto.

João chama a mãe da Maria e pede para que ela saia com a criança. Ele precisava tirar aquela árvore dali e não colocaria a segurança da menina em risco. Depois, era triste para ele verificar a peçonha existente na natureza das coisas. Nem as plantas escapavam do mal, do vil, do que é tirano.

Assim foi feito. O jardim e o senhor João ficaram a sós. Quando elas voltaram, não tinha árvore nenhuma junto a casa. Assim o jardim foi limpo.

domingo, 15 de setembro de 2013

O Candidato/ Crônica de Supermercado

O Candidato / Crônica de Supermercado

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O eleitor não era eleitor e tinha cinco anos de idade. No entanto exclamou:

_Viva o Cacareco!

O pai mandou o menino ficar quieto.

_O Cacareco ou Qualquer Um!

O pai e o garoto sumiram corredor adentro. O pai distraiu o garoto, mas não brigou.

Para quem conhece a história Cacareco foi um rinoceronte do zoológico da cidade de São Paulo e ganhou cem mil votos na eleição para a Câmara de Vereadores daquela cidade. Foi a maior demonstração de voto de protesto vista no país.

Eu estava com pressa e não houve fila, mas a política deve ser motivo de conversa nas famílias. Com cinco anos, o menino não sabe exatamente o que disse. O pai saiu e entrou em outro corredor, provavelmente vazio.

De certa forma, foi bom ver o pai proteger o filho. Certamente, o arteiro era ele e o avô do garoto.

Eu, pessoalmente, esperarei a campanha e tentarei votar de acordo com aquilo que penso.

Foi um gesto mínimo, mas indicou que a campanha virá e que algumas pessoas escolherão “Qualquer Um”.

Eu nem sei se deveria escrever algo assim, eu não penso assim.

Mas não custa nada compartilhar e demonstrar que todos os candidatos deverão ter prática e habilidade com a política, ou, pelo menos, ter vontade de fazer algo pelo bem comum.

Sinal de que o povo pensa nas próximas eleições.

A vontade de votar foi demonstrada, mesmo que com a voz de avô, os braços para o alto e o pai segurando as mãos.

Conscientemente, compartilho.

sábado, 14 de setembro de 2013

Espremido Entre Esposa e Mãe

Espremido Entre Esposa e Mãe

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Gina comprou um vestido preto com rendas nos ombros, cujo comprimento era curto na frente num recorte oval fazendo com que o vestido tivesse o comprimento quase longo na parte de trás. O vestido era para as saídas com o seu marido, homem que gostava de sair para dançar e esticar a noite com a sua esposa. De tez morena clara, o vestido preto lhe caía bem, não ficava pálida e nem precisava exagerar na maquiagem, fato que acontece com mulheres muito claras quando usam o vestido na cor preta.

Waldir sentia-se feliz ao ver a mulher produzida para sair com ele. Casados há dois anos, o calor do namoro não desaparecera até então.

A mãe do Waldir oferecia o jantar para o casal todas as semanas.

Parece que filho e mãe gostavam dos mesmos dias para as saídas. Por mais que os dias dos jantares fossem alterados, era o dia de ele sair com a Gina para esticar a noite.

Passou um mês e a Gina não mudou o vestido para jantar na casa da sogra. Gina era econômica e o vestido era novo e conservado para as saídas com o marido.

Na quinta semana coincidente, na hora da louça, onde Gina lavava enquanto conversava com a sogra na cozinha, a sogra disse:

_Gina, eu estou contente que você e o Waldir se deem bem. Eu preciso te dizer que, no meu tempo, mulher que vestisse minissaia preta não prestava. Você sabe o que eu quero dizer e digo para o seu bem.

Gina ficou séria e a noite foi esticada em conversas sobre a mãe do Waldir.

A mãe dele, sem o saber, estragou o passeio. Ele sabia da mulher com quem tinha casado e sabia que era uma mulher de respeito.

Era uma situação que exigia a conversa entre mãe e filho, antes que a Gina se pronunciasse e dissesse que a sogra implicava com ela durante o jantar. Se ela, a esposa, fizesse isso, o pai dele iria tomar as dores da mãe e a situação seria bastante desagradável.

Antes da próxima semana e do próximo jantar ele precisaria se encontrar com a mãe, a sós, e pedir a ela para deixar que ele oferecesse o jantar na próxima semana.

O jantar da semana seguinte foi na casa dele e Gina estava com a roupa com a qual tinha ido ao trabalho.

Ainda assim, foi uma solução momentânea que não iria resolver a questão, mas ele descobriu em qual oportunidade ele poderia estar a sós com ela.

Na semana seguinte levou-a até a loja de armarinhos para comprarem alguns fios de bordado.

Quando a mãe entrou no seu carro, ele disse que precisava conversar com ela.

_Mãe, eu preciso te contar. A Gina ficou magoada com a observação que você fez a ela sobre a maneira dela se vestir. Você tem algo contra ela?

A mãe disse que nãotinha, até aquele mês no qual ela usou aquela roupa para ir jantar com ela.

_Meu filho, a sua mulher pediu aquela observação. Desde quando a gente usa vestido de renda para ir à casa da sogra. Ela usou aquela roupa o mês inteiro! Foi um comportamento estranho e você há de concordar comigo.

O filho disse que não foi um comportamento estranho, foi ele quem pediu a ela para colocar aquela roupa.

_Meu filho, você está se responsabilizando pela atitude da sua mulher. Você está certo do que você faz?

Ele disse que estava certo do que dizia e perguntou à mãe se ela estava contrariada com o casamento ou com alguma outra atitude dele ou da Gina para com ela.

_Não estou contrariada com nenhuma atitude de vocês. Ela é boa esposa e mantém você como deve ser mantido: feliz. O vestido pareceu-me uma provocação.

Ele argumentou e garantiu que não era provocação. Depois, disse:

_Mãe, vamos combinar antes sobre os dias da semana em que faremos os jantares? Eu e a Gina amamos aquelas comidas com tempero de mãe. A Gina também se esmera, mas nós compramos através do telefone, prático e gostoso, mas nada se compara com o sabor da sua comida.

A mãe concordou, ressabiada.

Chegou a sua casa e disse para a Gina que as saídas não mais seriam nos dias dos jantares com a mãe e o pai dele.

_Gina, estamos casados. Acho que está na hora de sabermos não compartilhar a nossa intimidade com os nossos pais. Peço que não se magoe com a minha mãe. Se, precisarmos de auxílio, conversaremos com eles, mas, a nossa intimidade, de agora em diante, é nossa. Acho que é assim que se constrói uma família.

Gina teve que aceitar a solução, mas perguntou a ele se ele queria que ela mudasse o comportamento em relação à mãe dela.

_Gosto da sua família tanto quanto da minha. Não posso pedir a você para mudar o seu comportamento com os seus, embora ache melhor que seja assim. A conversa que eu tive não foi agradável, foi necessária.

Gina ficou constrangida e na saída seguinte não colocou o vestido com rendas.

Foi mais uma noite de conversas. Waldir disse a ela para vestir-se do jeito que quisesse, ela ficava bonita naquele vestido, mas ela não se sentia bem dentro dele.

Voltaram para casa, cansados de tantas conversas.

Ao amanhecer o sol bateu na janela do quarto e a vida recomeçou em plenitude.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A Plástica / Crônica do Cotidiano

A Plástica / Crônica do Cotidiano

Uma amiga fez plástica. Está com quarenta e seis anos e, antes de adquirir novas rugas, alterou alguns detalhes seus. O nariz foi diminuído para corrigir um desvio do septo; a boca ganhou os lábios iguais ao de uma artista; os olhos sem marcas de expressão.

Em resumo: ela aparenta dez anos a menos e ficou mais bonita do que quando tinha os trinta e seis anos.

Encontrei-a e conversamos amenidades. Sem querer, contei do quanto gosto de certas atividades caseiras que me ocupam o tempo, mas disse também que preciso conversar com as amigas de vez em quando e que foi bom encontrá-la.

_Quando tiver vontade de conversar, ligue para mim. Estou me adaptando ao meu rosto jovem. Outro dia me disseram que pareço ser a irmã da minha filha e me senti esquisita.

Eu ouvi falar que algumas pessoas tinham problemas psicológicos depois da cirurgia plástica e, agora, surgiu-me a dúvida:

Eu não sei o que dizer para alguém que está com a aparência boa, muito além de elogiar a aparência e o médico que fez a cirurgia.

Eu não sou contra a cirurgia plástica. Ela precisava corrigir o problema do septo nasal e fez algumas modificações além do que seria preciso.

Os seguidores, que estão lendo o texto, por certo pressentem o meu estilo. Nem sempre estou engomada para realizar as minhas tarefas.

Sinceramente, eu não posso ajudá-la a se sentir melhor. Posso até, fazer uma oração para que ela se aceite nessa aparência mais jovem. Nada, além disso. Em todo o caso, disse a ela para me telefonar e anotei o número do telefone dela.

A dúvida é a seguinte: o que poderia eu fazer para que ela se sinta bem?

Nessas horas, eu fico com medo de dizer qualquer coisa. Eu não sei o que ela pensa e, mesmo que soubesse, não saberia a resposta correta.

Se fosse música, eu pesquisaria e responderia. Mas, ela precisa de auxílio especializado. Uma senhora belíssima, com dificuldades de auto-aceitação?

O melhor, para mim, é ficar nas atividades corriqueiras e ficar por aqui.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Décor

Décor

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Dia vivido décor

Sabe o dia, sabe-o inteiro,

Nasce surgido ao ror;

Lista o dia do sujeito.

 

Justo é o sonho de amor,

Lizt, Beethoven, Brejeiro;

Elo de abraço ao humor

Óbvio e assim satisfeito.

 

Seja lá como for,

Fronha no travesseiro,

Dorme de cobertor;

Dorme assim, desse jeito.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Percepção

Percepção

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Talvez, tenhamos a identidade

Do amor, sofremos com igualdade

A dor afável da condição

Perfeita, falível por extensão.

 

Talvez, saibamos dessa saudade

Ao prumo etéreo dessa amizade,

Sensível e única. A percepção

Conduz e ensina dessa razão.

 

Coincide a essência na habilidade

Igual ao sonho, à praticidade

De ideias, cultura da admiração

Das belas obras da arte em canção.

 

Ao tempo dado, soma à vontade,

Esquece o metro, na liberdade

Proposta ao som, da interpretação

Pessoal ao tema em maturação.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Composição

Composição

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Revela a música que dorme,

Vivenda eterna da canção,

Composta em sílaba de amor,

Vivido à inquieta condição.

 

A escala é reta e o som conforme

O gosto, curvo à vibração,

Das ondas médias de uniforme

Composto, piano é percussão.

 

Sonoro é o tempo de compor

As notas nessa viração

De mãos recreando todo o suor

Do estudo nessa sugestão.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Paparazzi na Fila / Crônica de Supermercado

Paparazzi na Fila / Crônica de Supermercado

 

Eu bem sei que pego as minhas crônicas no supermercado, mas, daí, a aparecerem paparazzi (fotógrafos inconvenientes que pegam a gente de surpresa e sem pose), é exagero.

Estava eu na fila do caixa para pagar os pães naquelas filas retangulares e em zigue-zague, e as moças tiraram o telefone celular da bolsa e clicando o nosso lado da fila, sem cerimônias.

Quando vi, olhei para elas e elas iriam me clicar, quando virei de costas.

Gostaria de perguntar sobre o que fotografavam na fila, mas elas estavam bem na frente e quando cheguei ao caixa, elas já haviam pagado a conta e saído.

Comentei com a moça e, para a minha surpresa, a moça respondeu:

_A foto deve ser para o namorado de uma delas.

Não entendi.

_O meu marido não faz horas extras sem que eu peça uma fotografia do lugar aonde ele vai. Eu o deixo ir onde quiser desde que traga a foto. Quem ama, cuida; disse Caetano.

Perguntei se ela achava que uma delas tinha um namorado ciumento.

_Isso me parece óbvio. Moças altas, com corpo de manequim, cabelos tratados e roupas bonitas têm namorados ciumentos. Elas têm que provar que vieram ao supermercado para eles.

Perguntei se hoje as garotas e os garotos agem desse jeito, exigindo fotos de alta fidelidade.

__É prática normal. Os costumes estão esculhambados e cabe a nós, pessoas que querem um relacionamento sério, com a intenção de casamento, essas provas. Nós, que não queremos ficar, mas queremos casar agimos desse jeito. Parece ciúme, mas é cautela e prova de amor.

Aprendi algumas novidades hoje ao comprar os meus pães. Também aprendi sobre o ciúme.

domingo, 8 de setembro de 2013

Ternura Pouca é Bobagem / Crônica do Cotidiano

Ternura Pouca é Bobagem / Crônica do Cotidiano

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Hoje, novamente saí em busca do chocolate nem doce e nem amargo, talvez do gosto que a minha alma precisasse para se alimentar.

Encontrei os dois últimos chocolates com a embalagem antiga e descobri o motivo da falta do produto nos supermercados.

Fui para a fila do caixa da loja de departamentos que abre aos domingos. Atrás de mim havia uma senhora com uma menina de um ano. Ela precisava encontrar o marido para pagar o urso de pelúcia da filha.

_Pode ir que eu guardo o seu lugar. Acho mesmo que a senhora deveria passar à minha frente porque tem um nenê no seu colo.

Ela disse que não queria passar à minha frente. Achou o marido e voltou à fila com a filha no colo e o marido a tiracolo.

Conversamos. A fila estava grande no shopping. A filha dela faria um ano e o casal foi até a loja para que a menina escolhesse o presente. O que a menina pegasse com as mãos, sorrindo, eles comprariam para dar de presente de aniversário. Eles ofereceram a ela várias bonecas, mas ela preferiu o bicho de pelúcia.

A mãe da menina disse que pelo preço que ela pagaria pelo mimo, ela poderia comprar uma boneca. Olhou para a sua filha, pegou a etiqueta e mostrou o preço, brincando com ela.

A menina pegou a etiqueta e a mostrou para mim, mostrando e me observando para ver que expressão fisionômica eu faria.

A garota tinha um ano de idade e me deixou de saia justa em frente à mãe dela, que repetiu que estava comprando um presente caro.

O pai, dela, um jovem de vinte e poucos anos, terno para com a mulher e a filha. Tentando conciliar o presente com o preço, ele perguntou à menina se ela desejaria trocá-lo por outro brinquedo.

Como foi maravilhoso observar o entrosamento entre eles.

A menina olhou para o pai. Fazendo o corredor da fila havia vários doces e salgados, além de brinquedos e bonecas.

A menina olhou para o pai e pegou a mascote da seleção brasileira para a Copa do Mundo no próximo ano. A mascote além das cores da bandeira nacional tem uma bola de futebol numa das patas.

O marido olhou para a mulher e a mulher olhou para o marido. Um disse ao outro que o que a filha queria era o seu animalzinho de pelúcia. Ambos perceberam a vontade da menina em dar um presente ao pai.

Agora, eles ficaram de sai justa.

O marido olhou para a mulher e disse que queria de presente um pacote de batatas fritas. Ele disse que comeria as batatinhas na hora do jogo de futebol.

A mulher sorriu. Compraram as batatas para não comprar a mascote além do urso de pelúcia. A mulher me confidenciou que dará a mascote ao marido, depois. O aniversário era da filha.

Ofereci a minha vez para eles, mas não quiseram. Estavam os três próximos, naquela intimidade espiritual que somente o amor permite.

Não pude sair da loja sem que, em silêncio, pedisse a Deus para que abençoasse aquela família.

Ternura pouca é bobagem.

sábado, 7 de setembro de 2013

Sassaricando / Crônica de Supermercado

Sassaricando / Crônica de Supermercado

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Fim de tarde, eu resolvo espairecer. Para espairecer e tomar outros ares e vou ao supermercado, mas outro, mais distante. Quero dar uma volta e ver novidades.

O sabor do pão depende do padeiro e, nesse supermercado, talvez eu pegasse pão. Eu digo talvez, porque fui ao supermercado para passear, comprar um doce diferente e me distrair. Lembro que doce não é distração, mas conhecer novos supermercados é distração.

Comprei chocolate. Chego a minha casa sorrindo, mas encontro uma amiga.

Ela me perguntou o motivo pelo qual ela não me encontrou no supermercado de costume. Respondi que saí para comprar chocolate e, que no supermercado, o chocolate em questão estava por chegar. Não menti, vou ao supermercado verificar se o chocolate chega durante a semana.

_Hoje você não fará crônica?

Bem que eu planejei descansar, mas o meu negócio com supermercados e crônicas são exatos e não me deixam faltar.

_Que chocolate você comprou?

Eu respondi, brincando e de bom humor:

_Comprei um chocolate não muito amargo e nem muito doce. Comprei um chocolate, similar àquele que eu gosto.

_Qual é o seu chocolate preferido?

_ Prefiro aqueles conforme eu disse a pouco, nem doce e nem amargo e nem muito pelo contrário.

A me ver sorrir da pergunta, ela disse:

_Vê se você se cuida e não sai sassaricando por aí. Eu sou sua amiga e me preocupo com você.

Agora sim, cobri a sacola do supermercado com a mão para que ela não pudesse ver a marca do chocolate que eu comprei. Mas contei onde fui, porque supermercados são supermercados, nada além de supermercados. Mostrei a sacola com a marca do estabelecimento, mas não o chocolate.

Ela é minha amiga e pode se divertir com as crônicas, mas como fã, estava curiosa demais.

Se fosse uma caixa de bombons, eu abriria e ofertaria a ela. Mas era chocolate, e fãs não se contentam com apenas um pedaço de chocolate. Provavelmente ela buscaria saber os outros produtos que eu vi.

Eu não vi outros produtos porque o passeio foi agradável. Entrei, comprei, paguei e saí. O ar morno do final da tarde foi o melhor do passeio. O frio diminuiu e eu pude sair sem várias blusas para me agasalhar. Vi novas paisagens no caminho e descansei o olhar.

O chocolate, eu ainda não mordi. Vou guardar para quando tiver vontade. Estava com fome de passeio num clima ligeiramente amornado.

Devo a ela essa crônica. Os amigos são para esses momentos de preguiça um estímulo e tanto.

Bom domingo para vocês!

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Discurso da Independência

Discurso da Independência

 

7 de Setembro de 2013

Senhoras e senhores, na data de 7 de setembro comemora-se a data da Independência do Brasil, proclamada por D. Pedro I no dia 7 de setembro de 1.822.

O significado desta data nos dias de hoje é a proposta desse discurso.

A partir da Independência, o Brasil passou a ter governo próprio regido pelas leis elaboradas dentro do território nacional.

O Brasil é um país independente ainda hoje.

Conservamos os poderes constituídos e independentes entre si dentro de um estado laico em pleno funcionamento harmônico com a sociedade.

Contornamos a crise dos protestos de forma democrática e evitamos as interrupções dos cumprimentos das regras institucionais a contento, lembrando que protestos ocorreram pelo mundo e que, em alguns países, o desfecho infelizmente, foi triste.

Até mesmo a imprensa foi questionada nos últimos tempos, ela que é chamada de quarto poder. Todos nós somos responsáveis pelo que escrevemos e respondemos pelos textos. A imprensa, igualmente, não está acima dos questionamentos, mas também não está aquém da sua própria defesa. Estes são os nossos tempos.

Independência, no entanto, não significa a promiscuidade e a leniência com os interesses ou conveniências, pois requer a responsabilidade de cada um dos cidadãos, legitimamente possuidor das suas capacidades sociais, em relação à sociedade como um todo.

Penso que este é o momento para pensarmos no país no qual vivemos e no que podemos melhorar.

É o momento de verificarmos as necessidades dos investimentos em infraestrutura, respeitando a soberania nacional, mas permitindo, com limites pré-estabelecidos, a entrada do capital estrangeiro para a coparticipação onde forem necessárias as melhorias para a geração de empregos e desenvolvimento urbano.

O Brasil não é um país submisso a uma única ideologia e o pluripartidarismo precisa ser defendido. Se, acontecimentos políticos têm nos aborrecido, cabe somente a nós a mudança, com votos. Não nos esqueçamos de que os políticos espelham a população que o elegeu.

Valorizamos a nossa Independência na medida em que defendemos os nossos valores e os nossos princípios com liberdade. A defesa da liberdade é ato contínuo e pacífico, na grande maioria das vezes, e é praticada por todos os segmentos de sociedade que vê no seu país a sua nação, o seu povo e a sua cultura múltipla dentro do ideal de respeito das diferentes formas de conduta cívica na sua convivência democrática.

Quando amamos a nossa Independência e a nossa pátria, agimos de maneira a preservar os direitos e as garantias individuais, direitos perpetuados na nossa Constituição Cidadã.

Ao amarmos a nossa independência, cultivamos a consciência cívica que nos faz corresponsáveis pelos destinos do país. E, sendo, corresponsáveis por este destino, que incentivemos os estudos de ciências políticas e dinâmicas sociais positivas, para que entre os jovens, surjam líderes, que sigam a carreira política sem ter do que se envergonhar.

Para finalizar, homenageio a D. Pedro I, porque teve a coragem de ser músico, quando era Rei.

Eu Não Sei se O Povo Sabe…

Eu Não Sei Se o Povo Sabe

São ensinamentos que alguns aprendem desde pequenos, mas quem não sabe se prejudica por não saber.

· Escola e emprego devem ficar distantes o mais próximo possível da residência da pessoa.

· Todas as atividades de lazer devem ser compatíveis com a sua personalidade.

· Micro-contos???

· Micro-conto: um chefe de família comprou um apartamento numa praia de surfistas, onde as ondas são próprias para a prática de esportes e, agora, não leva os filhos para a praia. Perdeu o investimento e o lazer familiar.

· Micro-conto: um chefe de família comprou um imóvel perto de bares e restaurantes e, agora, não suporta o barulho e não dorme bem.

· Micro-conto: uma garota foi para a escola que fica distante uma hora e meia da sua casa e teve que pedir transferência no fim do semestre por não conciliar o tempo de estudo.

· Micro-conto: o garoto pegou uma vaga numa escola distante e boa, conciliou o tempo de estudo retirando o lazer da vida dele. Obs. O tempo não volta e a opção foi feita.

· Micro-conto: a garota fez a universidade longe da sua cidade natal, que também era cidade grande. Ela depois voltou, mas não mais morou com o pai e a mãe.

· Micro-conto: Foi praticar ginástica longe de casa, mas passou na confeitaria no caminho de volta, estava cansada e com fome. Dormiu o resto do dia.

· Micro-conto: Modificou o ramo das suas atividades. Modificou-se.

· Micro-conto: Não ouviu os seus sentimentos. Eles gritaram. Os sentimentos mostraram a ela que mereciam mais consideração, assim como a intuição e a fé.

· Micro-conto: Ele deu ao adversário um Lambourghini pensando que o outro não tinha carta de motorista. Esse Micro-conto seria apelidado de crônica, porque rodam pela cidade lambourghinis e limusines, são pitorescos de se ver no trânsito lento do final do dia.

· Micro-conto: e, nome de filme: Graças a Deus é Sexta-feira!

 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Entoação

Entoação

 

Dentro do armário

Viola e violão,

Surge a ilusão

De eco abafado.

 

Voz ao contrário,

Mito e refrão

Dizem que não.

Não, é solidário.

 

Soa o solitário

Lá em diapasão;

Não à toa, não;

Vibra o violão.

 

Cena e cenário

Dizem paixão,

Provam do pão;

Som relicário.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Empresário de Chalana

Empresário de Chalana

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A empresária estranhou a ausência do seu concorrente na reunião anual dos vendedores pisos e laminados.

Preocupada com a concorrência, saiu da reunião e procurou informações sobre ele.

As respostas que obtinha eram as dos contos de fadas. Ninguém sabia e ninguém o tinha visto.

Procurou então um amigo comum, igualmente concorrente, mas de uma concorrência que não atemorizava aos dois.

Descobriu que o concorrente almoçava num restaurante internacional às quartas-feiras.

Convidou a secretária para almoçar com ela para se encontrar com ele.

Chegando ao restaurante e vendo o concorrente, foi ao encontro dele.

Sem nenhuma sutileza, foi direto ao assunto:

_Você tem sabido do Amir? Vocês continuam amigos, pois não?

O concorrente sorriu e respondeu:

_Sim, eu continuo amigo do Amir.

Ela o crivou de perguntas querendo saber onde ele estava e quais eram os projetos de vida dele. Negócios são importantes e a concorrência merece respeito, pensava ela, ansiosa pelas respostas.

O concorrente sentou-se com ela para almoçar.

Ela sentiu um frio na espinha com medo das respostas, mas aquele homem não costumava enganar a concorrência.

Ele, calmamente, respondeu a ela, como se tivesse todo o orgulho dela nas mãos naquele momento.

_O Amir comprou um bus home e foi para Bonito, cidade que se localiza no Mato Grosso do Sul.

Ela disse num tom cortante:

_Que horror! O que é que ele tem? Está doente?

O primeiro sorriu com o espanto da resposta e continuou contando sobre o Amir dizendo:

_O Amir se aposentou. Antes de se aposentar, ele comprou um terreno no Mato Grosso do Sul e o cercou. Agora ele se mudou para lá.

A empresária não conseguia acreditar naquilo que ele dizia e fez mais perguntas.

_O Amir arranjou uma amante e largou da esposa dele? Como é que ela está?

O concorrente desatou a rir, mas continuou a dizer do amigo:

_A esposa dele vendeu a loja para ajudar a pagar a casa que eles estão construindo na localidade de Bonito. Ele não está com nenhuma amante. Aliás, o Amir sempre foi um homem sério, assim como a esposa dele e toda a família.

Ela, indignada, exclamou:

_Ele deve estar com alguma doença. Ninguém faz isso.

O concorrente afirmou que ele e a esposa dele fizeram isso e que passaram na casa dele para se despedirem e deixarem a forma de se contatarem depois da mudança.

Ela se sentiu triste:

_Que tragédia. Agora estou sem ter com quem concorrer.

O concorrente discordou, ele estava ali. Além do mais, os jovens adultos entravam no mercado com toda a vontade de vencer.

Algumas lágrimas cobriram-lhe o rosto. Sentiu-se mais velha, pensou no dia em que largaria os negócios.

O concorrente a acalmou dizendo para que ela esperasse pelos novos desafios. Ela continuava apta para lidar com os negócios e a competir. A empresa dela era a segunda maior daquele ramo de negócios. Não existiam motivos para tanta tristeza.

Para ela, no entanto, era como se tivesse sido obrigada a começar de novo, conhecer os novos competidores e vencer. Sentiu saudades.

Ainda inconformada disse ao concorrente:

_Se, algum dia, eu fizer algo semelhante, mande-me ao médico.

O concorrente concordou. Ambos almoçaram. Ele, feliz. Ela, indignada, comeu pouco.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Causo Contado/ Crônica do Cotidiano

Causo Contado/ Crônica do Cotidiano

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Essa história que me foi contada por uma amiga, vale a pena ser escrito e recontado.

Todo o cuidado é pouco quando se quer ajudar, mas ajudar é importante e não devemos nos recusar a fazê-lo, afinal, podemos proporcionar qualidade de vida a quem precisa.

Em um passeio turístico, o senhor deficiente visual foi convidado a participar e contar com a ajuda dos responsáveis pela condução.

Para subir para o ônibus, o senhor contou com a ajuda do motorista e sentou-se no lugar correto, colocando o cinto de segurança.

Ao chegarem a Morretes, cidade pitoresca do estado do Paraná, o motorista se viu obrigado a descer para verificar os bilhetes que davam direito ao passeio de trem até Paranaguá (passeio turístico obrigatório e imperdível para quem vem ao estado) e encaminhar os passageiros que tomariam o trem para a condução correta.

Dentro do ônibus estavam esta amiga e outro passageiro, que estavam sem pressa porque iriam almoçar o barreado (comida típica de carne cozida em panela de barro) no restaurante local. Eles não passeariam de trem naquele dia.

O senhor, deficiente visual, soltou o cinto de segurança e se levantou.

Os passageiros “sem pressa” viram e perguntaram se ele não preferia esperar pela ajuda do motorista.

Ele disse:

_Não se preocupem. Sou cego, mas me viro muito bem com a minha bengala.

Os passageiros se entreolharam e apontaram para a rampa que dava acesso aos degraus da saída em curva.

A senhora disse ao outro passageiro:

_Ele não conseguirá fazer isso sem ajuda.

O deficiente visual disse que faria e que ele tinha aprendido a se virar sozinho.

O passageiro homem, vendo que as palavras da senhora não surtiram efeito, ficou para ajudá-lo.

_Somente se eu precisar, disse o deficiente visual.

Enquanto isso, o motorista era rodeado pelos passageiros que precisavam de mais informações para pegar o trem.

O passageiro salvou o final feliz da viagem para todos os demais, para o deficiente visual, para a senhora e para o motorista, que ingenuamente pensou que o deficiente fosse esperar por ele para sair do ônibus.

Ela me disse que tudo é bom quando termina bem.

Não custa nada contar para vocês.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Sotaque

Sotaque

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Este sotaque vem de dentro

D’alma, dizendo ao pensamento,

Lúdico, e próprio da cidade,

Célere ao centro da saudade.

 

Ônibus, táxis, chuva e vento;

Fugindo o inverno, diga o tempo...

Diga à sombrinha da vontade

Ao ócio, cigano em sociedade.

 

Feita a tarefa, cresce o alento,

Cônscio; valeu o conhecimento,

Prático. Dito à intimidade,

Basta vir à sinceridade.

domingo, 1 de setembro de 2013

Avis Rara

Avis Rara
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Sonhos que se repetem
Frente e verso em problemas,
Surgem e se refletem;
Velas são dos dilemas.

Cenas que se repetem
São signos de teoremas,
Dísticos dos sistemas;
Luzes que não anoitecem.

Ilhas de sóis que investem
Nessas lentes e temas,
Versam e se divertem;
Avis rara e cinemas.