Crônica Superinteressante / Memórias Infantis
Estamos em 2.013. Não consigo mais ler os jornais sem me lembrar dessa história.
Toda criança pergunta ao pai e mãe como era ser criança no tempo deles. Eu também perguntei.
A infância deles foi relativamente boa. Não fosse a Guerra Mundial e o pau comendo solto pelo mundo, o racionamento nas compras e uma montanha de dinheiro para comprar no armazém. Literalmente, era preciso muitas notas de papel moeda para as compras porque o dinheiro perdera o valor no tempo da guerra.
Lembravam-se da guerra com olhares assustados e infantis, foi um pesadelo mundial.
Depois o meu pai olhou para a minha mãe e disse que aquele não foi o fim do mundo porque o segundo fim do mundo seria pelo fogo. O primeiro fim do mundo a Arca de Noé foi a salvação.
Minha mãe concordou com ele.
Diante das lembranças deles e do público infantil presente, eles contavam um ao outro sobre o que os seus pais e mães diziam.
A essa altura eram quatro pessoas falando pelos seus interlocutores, chamados papai e mamãe.
Eles não eram da mesma corrente filosófica, embora fossem influenciados pelos filósofos franceses.
Direcionados a mim, pediam para que cuidasse da água. Eu tinha patos de borracha que amava. Meu irmão gostava de outros brinquedos e não os preocupava.
Minha mãe contava que uma senhora havia dito à minha avó que ela morreria queimada. Intervenho: Graças a Deus nem queimada e nem afogada! Deus abençoe o médico que a atendeu. Deus também abençoe o médico que atendeu o papai.
Ao ler os jornais e ver tantos incêndios, seja em matas, seja em construções, lembro-me deles contando do futuro:
_Filha, eles, os mais velhos, dizem que vem gente muito ruim ao mundo e que Deus vai intervir com fogo para que essa gente não tome conta do mundo. Dizem ainda que é gente que gosta de sacrifícios e sofrimento.
Os olhares eram ainda assustados. Eles realmente desejavam que esse fim de mundo não fosse aos nossos dias.
E a cada dia leio os jornais e penso nisso. Os tempos são difíceis. Não para mim, para o ser humano e a sua crueldade que precisa diminuir.
E precisa diminuir para que a vida seja possível. Não queremos crianças com ódio, adultos com inveja daqueles que não sofreram maus tratos na infância, contação de história de sangue. Esse é o pesadelo que cabe a cada um de nós evitarmos.
Um comentário:
As coisa mudam constantemente e um dia os nossos netos perguntarão também como foi o nosso tempo...
Dificuldades todos temos e teremos.
Precisamos de ter força para vencer e imaginação para sobreviver.
Parece-me que a parte pior é a de nós pais estarmos preocupados em dar tudo aos nossos filhos e não os ensinar a respeitar as boas regras de honestidade e de trabalho.
Os politicos que hoje enchem as nossas praças e espaços televisvos são uns vadios que tiveram tudo mas nunca trabalharam nem se preocuparam em ser honestos, respeitando o povo e as suas dificuldades..
Postar um comentário