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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

terça-feira, 9 de julho de 2013

O Livro e a Janela

O Livro e a Janela

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O tempo, contado em ordem cronológica, peneira e separa o que é obsoleto. Usando um exemplo simples, temos a televisão em preto e branco, quem a compraria hoje? Continuando nessa exemplificação simples, temos o liquidificador antigo, que mistura maçã, leite e sorvete sem deixar nenhum pedaço de maçã, deixando o “frappé dos tempos antigos” delicioso. Quem jogaria fora esse liquidificador? Ninguém, nem eu e nem o meu. Diga-se que o liquidificador com filtro não foi uma boa invenção e que a peneira ainda está em uso.

Como dizia o professor de matemática: “compliquemos o assunto” e vamos adiante. Vivemos o momento das peneiras filosóficas, pois existem partes de pensamentos da filosofia que não nos servem mais, são meras ilustrações válidas para que algumas ideações sejam consideradas obsoletas. A leitura é válida até certo ponto, é preciso selecionar o que não serve e deixar de lado, mas é preciso igualmente que se faça isso de acordo com o critério de valores pessoais, então quem quiser ler, que use a sua peneira.

O bom de ler está na possibilidade de conviver com ouras pessoas que também leem e estudam os diversos pensadores e os seus pensamentos dentro da sua área de atuação.

Nesse momento eu deveria estar com um estudo crítico, argumentado e discutindo algum pensador. A realidade chamou-me a atenção. Conversei, questionei e estava a ponto da contra argumentação, quando a realidade passou pela janela ao lado e disse que era fato. Contra o fato não existem argumentos. Existem discussões posteriores sobre o seu por quê.

O livro nas mãos e o fato na janela. Nesse momento, o meu subjetivo critério de valores sofreu a interferência da realidade e, o texto não era o mesmo do minuto passado. As críticas feitas pelo pensador se tornaram válidas, mas as conclusões arcaicas.

Voltemos à cozinha e à sala e aos eletrodomésticos. Nenhum de nós, nas cidades, com luz e água encanada, limpa a sala ou cozinha de maneira igual aos nossos respectivos antepassados. Quem ainda tem um tacho de cobre para fazer goiabada? Imaginem um tacho de cobre na cozinha sobre o fogão e alguém tentando fazer goiabada nessa cozinha de hoje. Seria um absurdo! Faz parte do folclore a história de se lavar o tacho com sal e vinagre, parece que era assim que se fazia, divago.

São obrigações novas e nossas a procura por novas soluções diante de problemas antigos e que fazem parte da história da humanidade. O fato é que algumas das conclusões e soluções dos pensadores ficaram no passado. Usar a peneira do tempo para saber quais as críticas e quais as soluções ainda válidas é que são elas, as dificuldades.

Qual o sentido ao se escrever esse texto tendo em vista que a maioria de nós conhece a peneira do tempo e dos objetos que ficam obsoletos? O sentido está na filosofia do obsoletismo, e no seu reconhecimento em acordo com o tempo da realidade.

Quando se consegue confrontar o pensador com a realidade no exato momento necessário, ao se peneirar o pensamento em acordo com a necessidade, todo o dissabor do conflito é dissipado.

Diz-se mesmo que é uma felicidade evitar problemas tendo o filósofo em mãos, a realidade na janela e ambos dizendo do mesmo assunto. Principalmente quando se é contra experimentalismos diante dos problemas e dificuldades, porque as atualizações são necessárias, mas o ser humano não pode ser considerado cobaia para ensaios filosóficos, ou em qualquer outra área de atuação. A ética é um liquidificador antigo que deixa o frappé com o sabor ideal.

Outra dificuldade se expõe ao escrever esse texto e é a de demonstrar esse pensamento àqueles que, por desconhecimento, precisam de alguém para que possam entender o que está escrito, pois quem não sabe ler, aprende por ouvir dizer, mas a capacidade de compreensão é reduzida de acordo com o que o ouvinte sabe daquilo que o interlocutor quer dizer.

Por outro lado, penso que o pensador vale ser lido pela possibilidade da aplicação prática do seu pensamento político e econômico. Mas precisa de releituras diante da realidade apresentada.

Deixo assim, uma fotografia em preto e branco, ainda válida como fotografia artística, tendo plena consciência de que a câmera digital repleta de megapixels é o sonho de consumo realizável dos dias de hoje.

6 comentários:

Célia disse...

Viajei no túnel do tempo... dos tachos e doces no fogão à lenha no quintal... Hoje, realmente, uma loucura... A realidade invadiu-nos e o consumismo se projeta como grande vilão de nossos 'cartões de crédito'... favorecendo as novas tecnologias, mas jamais o encanto da sabedoria de nossas avós e seus tachos... Hoje, cozinhamos ideias... Amei o que li! Real.
Beijo, Célia.

XicoAlmeida disse...

Infelizmente, cara amiga, o mundo anda cheio de peneiras.
Sem necessidade.

Élys disse...

É necessário avançar em tecnologia, em novos conhecimentos, mas o saudosismo nos leva ao passado e fez uma lágrima flutuar em nossos olhos.
Beijos,Élys.

Jossara Bes disse...

Oi Yayá,
Sim, sim...além da janela está o passado, com todo seu encanto que desencantou!( eu continuo encantada)
Belo texto!
Beijos!

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Que nostalgia desses tempos em que o consumismo não era o que é hoje.

Um beijinho com carinho
Sonhadora

Anônimo disse...

Oi tudo bem? Adorei seu espaço! Voltarei mais vezes...Passe lá no meu também quando puder.

Beijinhos

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