Achando a Identidade
A mãe comprava tênis novos para o filho, era um presente. Ela comemorava o fato do filho estar comemorando o seu primeiro ano no emprego.
_Deixa a mamãe fazer um carinho para você!
O garoto de dezenove anos estava contente da mãe ainda querer presenteá-lo.
Enquanto Miguel experimenta os sapatos, a mãe conta que no próximo final de semana haveria festa na casa da amiga.
Miguel muda a fisionomia e diz que não vai.
A mãe muda de fisionomia:
_Como assim? Não vai? A Laura é minha amiga e nos convidou para a festa do Naldo, que tem a sua idade?!
A conversa tomou outro rumo entre eles. Miguel expôs o seu ponto de vista:
_Mãe, você me educou como um ser responsável e hoje eu sou aquilo que se pode chamar de gente. O Naldo não é do jeito que você me disse que significa ser gente. Você conhece o Naldo. Não vou.
A mãe ficou constrangida e pediu ao filho que fosse, nem que fosse e ficasse meia hora e depois viesse embora.
O filho a encarou e disse:
_Mãe, meia hora para você com a sua amiga pode ser bom, mas meia hora com o Naldo-punk é ruim. Eu não vou ficar nem cinco minutos com o Naldo-punk e os amigos dele. Se eu tiver que ir, sentar-me-ei ao seu lado e pedirei um chá para a sua amiga.
A mãe disse que desconhecia esse comportamento dele. Ele não toma chá desde o tempo do berço e do chá de funcho.
O filho disse que tomaria do mesmo refrigerante que a amiga servisse para a mãe. Não iria para a festa na garagem de modo algum.
A mãe disse que ele poderia festar na garagem e que quem sabe ele conhecesse alguma garota interessante por lá.
_Garotas interessantes não se dão com o Naldo-punk.
A mãe disse que ele não a fizesse passar vergonha em frente à amiga.
_Você não passará vergonha. Irei à festa com uma joelheira sobre a calça jeans e direi do supremo esforço para chegar até a sala de visitas dela. Você aceita a sugestão.
A mãe disse que não gostava de mentiras.
_Mãe, não é mentira, é uma desculpa social para você dar a sua amiga. Para a garagem eu não vou. Você não conhece o Naldo-punk bem. Você é mais velha e eu compreendo as nossas diferenças. Agora, se você conhecesse o Naldo-punk como eu o conheço, eu duvido que você mesma não arranje uma desculpa para não ir à casa da sua amiga. Você me educou bem. Ela, com todo o respeito, não se incomodou com a educação do filho. Entendeu?
A vendedora estava ao lado dos dois e esperava para saber se os tênis estavam confortáveis e se o filho levaria o par de calçados.
_Serviram bem?
Miguel disse que serviam e os seus pés se esticavam confortavelmente dentro deles.
A mãe disse que iria comprar o par de tênis.
Miguel suplica para a mãe uma joelheira para a festa.
A mãe compra a joelheira para ele. Ele beija o rosto da mãe.
A vendedora os acha bonitos e sonha com o filho crescido e encaminhado para o bem.
5 comentários:
Assim que eu conseguir sincronizar os meus dispositivos com internet volto. Um abraço, Yayá.
Está um pouco difícil coordenar esta coisa da Net que cai, que volta, que não aceita o comentário e que os apaga
O tempo e o cansaço também não me têm ajudado e só hoje consegui retomar os agradecimentos aos comentários de Figuras da nossa terra.
Gosto da história. Socialmente estão bem mas desencontrados. As pessoas tanto admiram como criticam.
Em muitas situações vê-se por fora esquecendo a alma de cada coisa...
Uma cena muito bem contada e que me prendeu até o final. Gostei! beijos,chica
Olá, querida
Tem diferença entre uma boa mãe e uma mãe boa... vc frisou bem esse ponto!!!
Seja muito abençoada e feliz!!
Bjm de paz e bem
Adolescentes não gostam de acompanhar os pais, eles se sentem maduros para isso, ainda bem que esse aí, mesmo relutando vai com a mãe.
Bjux
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