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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Assédio Moral / Crônica de Supermercado

Assédio Moral / Crônica de Supermercado

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A moça, de aparência humilde, começou a falar sem se dar conta das pessoas em volta dela. Contava da sua supervisora. Ela não trabalhava no supermercado e se sentia com vontade de falar com a colega de trabalho que chegava à fila do pão.

_Eu não suporto mais. Eu contei, sem querer, que o meu novo cartão bancário chegou e que iria até a agência do banco para desbloqueá-lo. Você sabe o que ela fez? Perguntou se eu não me importava que ela fosse comigo até o banco. Disse que iria de automóvel e que eu pagaria a metade do custo do estacionamento para eu não me sentir envergonhada de pegar carona com ela.

A colega concordou, mas disse que a chefia anterior era bastante antipática com as funcionárias. Quem sabe ela não queria ser agradável com ela.

Agora, percebia-se que a moça ficou nervosa. Ela contava outros constrangimentos pelo qual passava.

Todos nós, na fila, ouvíamos sobre a vida funcional dela. Com certeza estava oprimida e procurava o apoio da colega, mas exagerava na confidência:

_Outro dia, na hora do almoço, fui até a rede de lanchonetes “A” (sem propaganda por aqui) e pedi o meu lanche favorito. Ela chegou e disse que não sabia que a multinacional aceitava vale-refeição. Eu dava a primeira mordida no meu sanduíche quando ela pediu para que eu pensasse antes de comer lanche na hora do almoço, pois poderiam faltar os alimentos básicos dentro de casa. Ela, com aquele jeito de cidadã benemérita, explicou que o vale-refeição é para ser gasto com compras no supermercado. O lanche perdeu o sabor. Os quinze reais eram meus e eu o estava escolhendo naquele dia de pagamento. Eu posso escolher o que comer quando pago, eu acho. Como se não bastasse a intervenção no meu lanche, ela disse que pagaria o dela com dinheiro para não gastar o vale com lanches e sentar-se-ia ao meu lado para usufruirmos o horário com uma conversa boa sobre o trabalho.

A colega disse que nenhuma das moças estava contrariada com a supervisora. Pelo contrário, elas estavam aborrecidas com outra colega que ficava de mau humor o dia inteiro.

A moça falava com certa angústia:

_Eu sei. Essa funcionária está com raiva da pessoa errada e faz cara e boca para todas nós. Quem tirou a folga dela foi a chefia, não nenhuma de nós. Eu ouvi a conversa da supervisora com ela e é igual a que tem comigo. Se ela não se importasse, ela daria a folga para outra colega naquele dia da semana porque ela era indispensável naquele dia da semana para a empresa. O fato é que ela não concedeu a folga naquele dia da semana porque não quis.

A outra ficou surpresa e calada, mas a moça continuou:

_Não suporto mais o horário do almoço, ela quer ir comigo seja ao banco, seja às minhas compras, seja o lanche ou o almoço. O meu horário de almoço é dela, como se ela fosse a minha dona; como se eu fosse a sua escrava querida.

A essa altura da conversa, quem se incomodava com tantas confidências em meio à fila era eu. O fato é que eu não queria saber com qual banco ela trabalhava e muito menos do endereço daquela agência. E ela disse o endereço da agência. Chega!

Com respeito e com firmeza na voz disse a ela que agradecia a companhia dela e da colega dela na fila. Desejei boas compras como quem pede para que ela se expusesse menos naquele lugar inadequado.

Agora, penso no estado emocional em que essa moça se encontrava para dizer tanto a respeito dela mesma para muita gente. Tinha-se a impressão de que o fato da sua chefa invadir a privacidade dela era tanto, que a moça não se importava mais com quem viesse saber daquilo que ela vivenciava.

A moça era humilde, precisava do emprego e não aguentava mais a situação. Aquele lugar não era o ideal para ela desabafar.

Tem momentos que a gente não sabe ao certo o que dizer, esse foi o meu caso hoje.

4 comentários:

x disse...

Gostei de passar por aqui. Também me acontece ouvir sem querer esse tipo de situações. Sem dúvida anda meio mundo a meter-se na vida do outro meio e as pessoas acabam por perder a privacidade, como aconteceu com essa moça.
Vou ficar por aqui, já maquei lugar. Volto para saber novidades
Bjs
Vivi.
http//esquecimedeviver.blogspot.pt/

Wanderley Elian Lima disse...

Viver sufocado no serviço, e não ter outra opção a não se aguentar, porque precisa dele, é o maior tormento que uma pessoa pode passar. Ninguém merece.
Bjux

La Gata Coqueta disse...



Nunca estamos solos
cuando sabemos
que ocupamos
un lugar, en el
corazón del amigo.


Quisiera que la belleza
de esta tarde del miércoles,
conquistará una sonrisa
en las colinas del viento
para ti!!


Un abrazo de violetas
y un beso de poetas.

Atte.
María Del Carmen



XicoAlmeida disse...

Olá Yayá,
A gente passa a esponja pelas desgostos da vida.
Cada qual com as suas atitudes, mas sempre em frente, não é amiga?

Abraço.