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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Quando o Problema é Do Outro

Quando o Problema é Do Outro

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Tomás arrumou emprego numa loja de ferragens. A família, o pai, a mãe e as duas irmãs foram almoçar fora pagando o almoço para o garoto de dezoito anos.

Não passou um mês e o dono da loja onde Otávio, pai de Tomás, trabalhava, informou da decisão de mudar de ramo:

_Otávio, eu vou mudar de ramo de negócios e quero que você venha trabalhar comigo.

Otávio ficou contente com a consideração do homem e perguntou sobre quais seriam as novas atribuições. O emprego de gerente da corretora de seguros iria se transformar em outra função e ele não sabia de outras funções além das de gerente.

_Abrirei uma casa noturna. Você será o meu gerente e a casa abrirá das onze da noite às quatro da madrugada. Estou empolgado com o novo negócio, além de trabalhar, vemos mulheres bonitas e bem arrumadas, bebericamos e nos divertimos.

Otávio mudou a expressão fisionômica. O chefe não tinha duas filhas mulheres. Ele não queria as filhas nesse ambiente. Conversou com a sua mulher e decidiu não aceitar a proposta, preferiu o desemprego a expor mulher e filhos àquele tipo de negócios.

Tomás ganhava pouco, mas se ofereceu para ajudar o pai com o que recebia de salário. Otávio não aceitou, o filho tinha que fazer a vida dele. Com o que ganhou na saída do emprego poderia se manter por alguns meses enquanto procuraria outro emprego.

As filhas eram menores e tinham que estudar, as únicas despesas que ele tinha para com elas, além das comuns da família, era com material escolar e não havia porque se preocupar.

Dois meses depois, Tomás chega em casa e pede para falar com o pai:

_Pai, o que é que a gente faz quando a gente quer trabalhar, mas alguns colegas interrompem com piadas, desviam a concentração chamando para o café. Eu sei que é ambiente de trabalho, mas eles me incomodam.

O pai disse para que ele não entrasse na algazarra durante o serviço, porque, sendo gerente, ele sabia que o empregado recém-chegado é motivo de ciúme e desconfiança para os mais antigos; era comum acontecer isso com o recém-chegado. Eram problemas normais e corriqueiros dentro de uma empresa.

Pouco tempo depois, Tomás foi convidado por um dos colegas para trabalhar na casa noturna do antigo chefe do pai dele.

Otávio se irritou:

_Aqui ninguém é tão puritano ao ponto de não conhecer casa noturnas de boa qualidade, com festas boas e agradáveis. Há uma diferença entre ir às festas de vez em quando e trabalhar à noite. A noite tem de tudo o que é perigoso, não é para o nosso jeito de ser, somos imbecis se aceitarmos trabalhar com aquilo que não sabemos lidar e, pior que isso, não temos formação adequada para enfrentar os problemas que aparecem nesses lugares.

Uma bela tarde de sábado, o antigo chefe aparece na casa do Otávio para fazer uma proposta:

_Otávio: você está desempregado. Eu estou me saindo bem no ambiente noturno. Logo a Isabela faz dezoito anos. Podemos ganhar dinheiro se a Isabela for manequim.

Otávio mandou o homem se retirar da casa dele. Começou a vender livros de porta em porta.

Tomás, nas horas seguidas ao expediente, vendia livros também. As garotas cresceram: uma delas, professora, a outra, gerente das contas de compra e venda de livros.

A noite não era para eles; às festas, raras.

3 comentários:

Penélope disse...

Pois quantos viram as costas para muitos achando que quando o problema é do outro a VIDA dura e as pendengas não interessam a ninguém... Personagem forte e lutador. Gostei!
Abraços

Célia disse...

Decisões que nos deixam livres e leves!
Bj. Célia.

OceanoAzul.Sonhos disse...

Há que seguir a nossa convicção e fazer o nosso caminho.

bj
cvb