Rio de Janeiro

Rio de Janeiro

http://frasesemcompromisso.blogs.sapo.pt/

O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Divulgando a exposição de João Werner: Bad Love

cf93ac3bf54f76bdee007f5375eac8a8_3_bad-love-convite-joao-werner-400

Statement

"Não há tráfico de óleo de fígado de bacalhau porque óleo de fígado de bacalhau, embora saudável, tem péssimo gosto.

Só há vício naquilo que, sendo ou não proibido, é gostável.

Por isso, como bem sabe todo viciado, nenhuma droga é uma droga, e não há campanha de boas intenções que prove o contrário.

Depois de ouvir o canto da sereia, só resta mergulhar atrás do objeto do seu desejo.

Por que você acha que sabe como os outros devem morrer? Ou gastar o tempo? Ou o dinheiro?

Que culpa tem alguém de amar o que não lhe ama?"

Release

A partir do próximo dia 31 de julho, João Werner abre uma nova exposição em sua Galeria em Londrina, intitulada “Bad Love”.

São 24 gravuras digitais retratando o universo dos vícios e dos amores autodestrutivos. Lá estão retratadas as drogas, a pornografia, os jogos de azar e quase tudo o mais do que pode conduzir ao descentramento do sujeito, ao desejo compulsivo, ao desregramento.

Não é um ambiente eufórico. O “barato” já passou. Como o artista mostra na gravura intitulada “A roda da fortuna”, a sensação é de que o melhor ficou para trás, com o personagem estendendo ao horizonte um olhar de perplexidade e de frustração.

Mais do que as excentricidades de uma viagem psicodélica, a exposição de João Werner revela o lado do amante não correspondido, daquele que sabe-se abandonado pela sorte em seu relacionamento. Assim, surgem gravuras como “Nóia” e “Homem na sarjeta”: a passividade dos personagens retratados já representa, ela própria, uma capitulação do sujeito, uma rendição incondicional ao objeto do desejo.

O visitante desta exposição de João Werner não verá nem apologias nem falso moralismo. Encontrará, sim, a mesma linguagem pictórica de exposições anteriores do artista, as cores intensas em contrastes dramáticos, a mesma fatura, ora fragmentada em duras pinceladas, ora polida com um acabamento sutil das tonalidades.

Somando-se a isso a composição muitas vezes inusitada, têm-se uma exposição que explora de forma dramática um tema sempre atual nos debates culturais, qual seja, o apego humano à experiência transcendente, mesmo que essa experiência acarrete, ao cabo, na anulação do sujeito experimentador.

cf93ac3bf54f76bdee007f5375eac8a8_5_noia-gravura-digital_small“ Nóia”cf93ac3bf54f76bdee007f5375eac8a8_6_bad-love-pintura-digital-de-joao-werner_small“Bad Love”

Serviço

Visitação: de 31 de julho a 29 de junho de 2012.

Local: Galeria João Werner, rua Piauí, nº 191, sala 71, 86010-420, Londrina, PR.

Horário: terças a sextas-feiras, das 14h às 20h, sábados, das 11h às 17h.

Entrada gratuita, com monitoria.

Biografia resumida

João Werner é nascido em 27 de outubro de 1962, na cidade de Bela Vista do Paraíso, interior rural do Paraná.

É graduado em Artes Plásticas pela Faculdade Santa Marcelina de São Paulo, 1989. Tem mestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC, também de São Paulo, concluído em 1994.

Atuou como professor universitário por 10 anos, na cidade de São José dos Campos (SP), Universidade do Vale do Paraíba. Lecionou para os cursos de Arquitetura e Publicidade.

É um artista catalogado na Enciclopédia de Artes Visuais do Instituto Itaú Cultural.

Desde 2006, trabalha com pintura digital, realizada em computador.

 

Em agradecimento ao amável convite, um poema:

 

Poema Amor Mau

 

A ironia é vendida na esquina,

Com desconto prévio do horror

Que virá a seguir: droga dita

Sem amor consome em torpor;

 

Abstinência explícita, a vida,

Escancara e agride ao pavor

Dos pedestres, nessa corrida,

De um gemido tétrico à dor!

 

De figura frígida e fria,

Minissaia e corpete incolor

Na expressão facial de afasia

De precários gestos sem cor.

 

A tristeza veste esse cinza

Na mulher do pior desamor;

Minimiza a morte que ensina

A seguir, de angústia e terror.

 

Yayá Portugal – 23/07/2012

12 comentários:

Unknown disse...

Este tema é demasiado pesado.Gélido e mórbido para mim. Não suporto a dor e a destruição da pessoa por meio dos vícios e drogas.

O artista pegou num tema e fez dele quadros únicos que encantam pelas cores e que nos levam mais além de querer saber os porquês.

O seu poema magoa pela frieza das palavras ... pela verdade nua das situações que se lhe entregaram e lhe venderam a própria alma...

Parabéns pela coragem e pela partilha deste tema. Apesar da dor causada não podemos fechar os olhos e fingir que estas pragas não existem.

Agradeço muito a sua amizade e carinho nas palavras do comentário em lidacoelho.

O Profeta disse...

É tão pequeno o mundo da verdade
Cabe numa mão aberta à sinceridade
É planta escondida em mato de daninhas ervas
É elixir da vida em gaiola de saudade

Tão simples brotam hoje minhas palavras
Será porque me desnudei das metáforas
Ou apenas respirei um canto feliz
De um pássaro de penas orvalhadas

Tão simples devia ser perguntar
Porque chora um coração e os olhos não
Porque uma gaivota voa por sobre o mar
Porque é imenso o universo do sonhar
Boa semana

Doce beijo

Jossara Bes disse...

Bom Dia, Yayá!

Muito interessante o tema da exposição!
Desejo sucesso ao artista!
Linda poesia!
Desejo a você um dia maravilhoso!
Beijos!

JOPZ_B1B disse...

Parece muito legal, super dika, valeuz,

JOPZ

Anônimo disse...

Exposição bacana, essa. Mesmo revelando um lado preto e branco das cidades.

Ótima terça para você!

OceanoAzul.Sonhos disse...

A verdade dura e fria, grita-se muitas vezes na pintura, na escrita, na artes em geral.
São veículos sensitivos, que chegam com impacto ao publico.

Obrigada pela partilha.
abraço
cvb

Edum@nes disse...

Depois de ouvir o canto da sereia
Encantado segue atrás dela
A correr ou deitado na areia
Vício das drogas não ser boa ideia!

boa terça-feira,
um abraço
Eduardo.

Aleatoriamente disse...

Bem intenso...Os sinais dados pelo o artista em sua arte.

Amei tua visita.
OBRIGADA E BEIJINHO

Maria Luisa Adães disse...

"Minimiza a morte que ensina"...

Muito bom e tudo isto não pode ser ignorado...não podemos fingir que o problema não existe e o artista leva à tela e o poeta à poesia...

É duro? É terrifico, mas é verdadeiro...E eu só sei lamentar,
mas conheço de certa forma o drama e o sofrimento causado pelo drama.

Já fiz parte de grupos de apoio no
combate e vencemos muitos combates.

Desculpe a ausência, mas a saúde me afastou...sem a esquecer.

Maria Luísa

aluap disse...

É de louvar a coragem do artista em retratar e expôr o tema e louvo-lhe a si Yayá o assunto.
Concordo plenamente, para o viciado, nenhuma droga é uma droga, e não há campanha de boas intenções que prove o contrário. À custa dela têm morrido milhões de pessoas em todo o mundo e infelizmente neste novo século das comunicações, informação e conhecimento, as melhoras não têm sido muitas.
-/-
Yayá,
Vou de férias do trabalho e do computador, mas conto voltar com mais energia para continuar por aqui. Não estranhe, por isso, a minha ausência.

Um abraço e @té depois.

blog da Paraguassu disse...

Olá Yayá,
Realmente a exposição traz à tona o dia a dia obscuro das vidas escondidas sob os panos fétidos do submundo. Nada
que não possamos ver e admirar como a arte de mostrar o lado negro da vida
sem sentido e mal traçada.
Muito boa sua postagem!
Sinto não estar em Londrina para poder apreciar a exposição.
Grande beijo, amiga.
Maria Paraguassu.

Unknown disse...

i recently came across on your blog and i have got a very good news here so thanks a lot for sharing this one...

Søgemaskineoptimering