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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Crônica de se Entender

Crônica de se entender. Meus pensamentos me levaram a Sócrates e a uma das suas máximas “Conhece-te a ti mesmo”. Ele não sabia que eu iria perguntar o “como” a diversas pessoas e que as respostas seriam as mais diferentes possíveis. O médico me orientou a fazer alguns exames em intervalos regulares que eu saberia de mim e, na dúvida, ele cuidaria das minhas incertezas quanto aos resultados dos exames. O professor de economia foi genial e me ensinou a anotar o que eu precisava comprar antes de ir às compras. Depois das compras feitas, eu deveria chegar em casa e comparar a lista do que eu precisava e das compras que eu fiz desnecessariamente. A partir disso eu me conheceria e saberia onde não gastar para economizar e conhecer um pouco mais sobre os meus tostões. Porém, se eu estivesse aborrecida, que evitasse ir às compras, ou que fosse e me comprasse um presente, daqueles que a gente só compra para dar de presente. O psicólogo pediu-me que observasse como eu me sentia nas diversas situações, fossem situações observadas ou vividas. Ele me deu até exemplos e sugestões a serem observadas. Pediu-me que observasse a qualidade do meu trabalho sob a pressão dos colegas em um ambiente competitivo e com a ausência de pressão, sem ordens e chefes e colegas. Depois que eu observasse quais os meus passeios favoritos. _Você prefere programas culturais ou programas onde o contato social seja maior? Prefere acordar cedo aos domingos ou aproveitar para dormir até mais tarde? Observe as suas preferências e as anote. Você poderá discordar de algumas atitudes e modificar as suas posições, mas viverá em harmonia com o que você pensa. Ele foi um doce e eu amei as infinitas possibilidades de escolha que ele me deu. Foi como se eu jamais tivesse percebido as escolhas que me foram dadas e a convicção para não permitir interferências do meio nas minhas decisões pessoais. Como se não me bastassem todas essas respostas, fui à aula de dança e contei sobre a pergunta que fiz a vários profissionais. A professora, não tinha quase tempo de falar de si mesma e prestou atenção às respostas que me foram dadas. _Posso responder também? Perguntou ela sorrindo. Eu disse que sim, pois era uma pergunta para várias respostas. _Conheça o teu corpo. Com alongamentos sinta a tua musculatura. Dê mais atenção ao ouvir estalos. Os estalos às vezes indicam a má postura, os esforços repetitivos, à falta de trabalho com uma determinada região do seu corpo. Observe o que você quer trabalhar na dança e o tipo de exercícios que você precisa fazer eu digo depois. O corpo não é apenas um invólucro, ele é a sua casa, a casa do seu pensamento. Observe que cada corpo é único e cada um de nós reage de maneira diferente aos mesmos exercícios. Cada corpo é uma casa, onde habitam vivências e experiências únicas em um ambiente talvez parecido com o seu. O corpo do outro é do outro e as conclusões do outro são dele e não suas. A dança faz da arte a beleza de um espetáculo teatral em um conjunto com diversos bailarinos e bailarinas. É baseada no respeito às individualidades de cada um. É preciso que cada membro de um corpo de balé avalie os seus limites e potencialidades para que se possa construir o todo e a leveza no palco. Esqueci o assunto e fui a um recital. Em um determinado momento de intervalo musical, o maestro diz à platéia que não se ouve a mesma peça duas vezes a menos que ela seja gravada. _Cada música é tocada diferentemente por um instrumentista e no entanto, a emoção deixada ao se terminar uma execução é única e especial. No dia da apresentação cada pessoa da platéia traz uma emoção ao se acomodar na platéia. Essa emoção pode ser até o enfado. O que uma única pessoa sente ao tocar e ao ouvir uma peça se dá apenas uma vez. Conhecemo-nos pelo que sentimos ao ouvir uma determinada música, ao nos apaixonarmos por essa música ou, detestarmos ouvi-la. A percepção de que a técnica sem a interpretação é morta é essencial como a razão ausente de emoção. É preciso observar que cada músico toca um instrumento com as suas mãos, a sua emoção e a sua razão. Em cada músico e em cada ouvinte temos uma vibração diferente. Vivemos um momento único a cada apresentação. Diante de tanta teoria para me conhecer melhor, deixa-me ser como sou, que estou bem assim. Meu corpo, minha casa. Minh'alma, minha luz. Minhas asas entrecasa, Meu todo uno conduz.

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